Na última palestra da noite, que encerrou o Enbra 2025, palestrou o professor e autor renomado Idalberto Chiavenato. Antes da palestra, a mediadora Tatiana Araújo mencionou algumas das realizações do autor e apresentou o Instituto Chiavenato que contempla um sistema de tecnologia em uma plataforma digital inovadora, desenvolvida para estudantes, profissionais e instituições de ensino.
O professor começou sua palestra agradecendo a homenagem e falou sobre sua relação de amor à cidade de Belém. Contou que nos anos de 1980 ministrou curso de gestão de pessoas na Universidade Federal do Pará e nos anos seguintes nas instituições Unama e Cesupa.
Chiavenato elogiou os profissionais paraenses pela vontade de transformar e revolucionar a administração brasileira. Disse que a Amazônia não é apenas o pulmão do planeta, mas o centro da administração sustentável.
Lembrou que neste ano é celebrado os 60 anos da regulamentação da profissão de administrador. Destacou a primeira fase ou era da administração brasilieira entre 1965 e 1985, onde o foco empresarial era no controle, com foco em estruturas organizacionais rígidas.
Os administradores, segundo ele, eram como arquitetos dos sistemas de controle e planejamentos de longos prazo. Nesta época, as hierarquias eram verticalizadas, o controle das empresas eram centralizados, com sistemas de gestão focados em supervisão direta e padronização de processos.
A segunda fase (entre 1985 e 2005), com o fim do regime militar e abertura dos mercados, trouxe competição internacional e necessidade de modernização da gestão. Com a informatização, sugiram os primeiros sistemas ERPs e automatização dos processos administrativos nas grandes empresas brasileiras.
Na época, crescia a gestão da qualidade, com implementação de programas de qualidade total e certificações ISO para competir globalmente. O foco do cliente foi o principal avanço, com a mudança de paradigma: da produção em massa para a satisfação das necessidades dos clientes.
Já na terceira fase houve a revolução digital, com a transformação digital que revolucionou os modelos de negócio e a forma de administrar empresas no Brasil. Surgia com força a Economia do Conhecimento, a Gestão Ágil e o crescimento do trabalho com propósito e impacto.
O líder digital é agora caracterizado por ser inovador, desenvolvedor de talentos e gestor de mudanças. Porém, a revolução mais pujante viria na próxima era.
Na sequência, o autor avalia o futuro da administração entre 2025 e 2045. A bioeconomia não é mais uma forma de negócio, mas uma forma de pensar a administração.
As organizações passam a ser híbridas, com sistemas colaborativos que integram ambientes presenciais e virtuais, autonomia e propósito compartilhado. A Amazônia torna-se um laboratório para a administração, aparece como um centro global de inovação em sustentabilidade, unindo conhecimento tradicional e tecnologias avançadas.
O administrador do futuro precisa ter habilidades como liderança adaptativa regenerativa, integração de pessoas, movido pela cultura e tecnologia. O futuro exige ainda gestão de impacto socioambiental mensurável e colaboração em ecossistemas complexos.
“O futuro da administração brasileira depende de nossa capacidade de integrar inovação, sustentabilidade e propósito para gerar valor genuíno para a sociedade”, concluiu.
Nova geração
Na sequência Lucas Chiavenato, neto de Idalberto Chiavenato, falou sobre tendências globais da administração moderna. Ele destacou que, em 60 anos, a administração evoluiu de controlar pessoas para liberar o potencial humano.
Lucas dividiu as tendências em quatro grupos: 1) tecnologia e dados; 2) adaptabilidade; 3) pessoas e cultura, e 4) sustentabilidade. Em tecnologia e dados, os pontos altos são a transformação digital, a gestão ágil e decisões orientadas por dados e uso das IAs.
Em adaptabilidade, destacou a resiliência organizacional e citou empresas como a Dupon que tem mais de 120 anos de idade e ainda obtém sucesso e espaço significativo no mercado. A flexibilidade dessas empresas são o ponto alto de suas características.
Em pessoas e cultura, ele destaca a liderança adaptativa e distribuída (tarefa estratégicas distribuídas entre os colaboradores). Destacou a importância da gestão de propósito e a gestão intercultural e intergeracional.
Já em sustentabilidade, Lucas colocou o ESG como o centro dos negócios, e destacou a importância da economia circular (que reaproveita insumos da produção à reciclagem) e a gestão de ecossistemas.
Lucas também destacou o dilema das empresas familiares. Confrontou as décadas de operação, decisões por consenso e aversão ao risco, com a pressão das tendências movidas pela digitalização, adaptação aos novos processos ou o desaparecimento das mesmas.
“É impactante isso tudo, porém olhe para seu trabalho hoje e escolha cinco fatores que sejam impactantes e mude o que for preciso. Considere todas essas tendências”, encerrou.