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IAs na administração e na inovação, como é possível usá-las?

Na terceira palestra do dia, no auditório 2, o tema foi o “Empreendedorismo e Inovação na Era da IA”. Com mediação do administrador Marcelo Soares, presidente do CRA-MS, ele apresentou o currículo dos entrevistados e logo chamou o painelista Igor Gammarano para falar sobre o tema.

Mais do que falar, Igor mostrou o uso de sua IA chamada Charlie, uma ferramenta que explicou não apenas o tema que iria ser tratado na palestra, mas, a pedido de Igor, ela expôs o mesmo assunto parte em português e o restante em inglês, russo e esperanto.

“Vivemos uma crise de curiosidade e como resolver o problema se você não tem curiosidade? Essas e outras ferramentas devem ser utilizadas na administração e nos negócios em si”, disse o pesquisador.

Segundo Gammarano, a personalização é a grande chave para uso das IAs nos negócios. Ele destaca que muitas dessas ferramentas já existem no mercado e explicou que sua IA, que ele batizou como Charlie, era na verdade o ChatGPT que foi personalizada por ele.

Gammarano explicou que a primeira vez que utilizou o ChatGPT explorou a fundo os recursos, dando comandos até explorar ao máximo as potencialidades com o fim de encontrar soluções cada vez mais complexas para suas perguntas. Na área de empreendedorismo, disse que existe sempre a busca de soluções, mas isso tudo mudou.

“Em minhas aulas já ensino meus alunos a utilizarem a IA para criar um plano de negócio, e eles, como curadores, vão avaliar a exatidão e o nexo do que foi produzido. Digo que não seremos substituídos pelas máquinas, mas por pessoas que sabem utilizar as IAs para produzir tudo isso”, diz o pesquisador.

O pesquisador explicou que na era da IA, o futuro não é ser apenas criativo, mas computacionalmente estratégico. As decisões agora são orientadas por dados massivos, com o uso de Machine Learning e simulações preditivas.

De acordo com o pesquisador, habilidades emergentes como prompt engineering (IA gera um código engenheiro de prompt, customizado para o que se quer produzir), pensamento algorítmico e IA explicável são os novos Soft Powers. O empreendedor passa, portanto, a ser um arquiteto de ecossistemas inteligentes.

“Quantos de vocês já usam a IA e a tecnologia em geral para se autodesenvolver? Enquanto muitos usam aplicativos como tik tok e Kwai para se entreter, os empreendedores de verdade utilizam a tecnologia para aprender e se autodesenvolver”, diz.

Em seguida, Gammarano diz que agora os produtos se tornam serviços baseados em dados (Data-a-service). Inovações não são mais lineares: são interativas, responsivas e adaptativas.

O ciclo de feedback, segundo ele, é em tempo real, e as startups são baseadas em IA que redefinem o MVO (mínimo viável), escalável em aprendizado. Já plataformas autônomas de atendimento, produção e distribuição são as novidades do novo cenário do empreendedorismo.

Futuro com a IA

Na sequência, o doutor em administração Emmerson Arantes destacou matéria da RBA, de 2023, que falava sobre como a IA estava mudando o mercado da moda. Na época, piratas chineses estavam utilizando a IA para copiar modelos de roupas de grandes grifes e vendendo as réplicas (sem a etiqueta das marcas conhecidas) pela loja também chinesa Shein.

O pesquisador também levantou a questão sobre ficará a criatividade com o uso sistemático da IA. “Será que isso poderá levar a uma grande ou enorme dependência desses recursos”, questionou.

Segundo Arantes, existe a possibilidade de haver alguns dos vieses em áreas específicas; a IA pode incorporar preconceitos sociais e ideológicos de formas mais sutis e perigosas. Segundo Emerson, a falta de transparência nos algoritmos agrava ainda mais esse problema, tornando a identificação e a contestação dos vieses um grande desafio.

O pesquisador defendeu que profissionais da administração devem supervisionar ativamente as decisões de IA, garantindo que o julgamento humano seja o fator decisivo, especialmente em contextos sensíveis. Além disso, em cenários de alto risco, as tomadas de decisão devem ser críticas e apuradas sem depender exclusivamente das IAs.

A administração deve mitigar os riscos com o uso indiscriminado das IAs, ao garantir que exista competitividade entre as empresas e proteger direitos autorais e intelectuais. “Essas são algumas das perguntas que devemos fazer ao passo que o desenvolvimento não tem volta; no entanto precisamos pensar sobre isso tudo para garantir o uso sadio dessas ferramentas”, resumiu.

Da Assessoria de Comunicação do CFA