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Fato ou opinião: a maioria dos jovens não sabe diferenciar

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em maio deste ano, divulgou uma pesquisa que chamou a atenção e ligou um sinal de alerta. O estudo revelou que 67% dos jovens brasileiros não sabem diferenciar um fato de uma opinião. 

Um fenômeno que cresceu com a pandemia é o da sobreposição de experiências pessoais em detrimento de estudos científicos. A grande visibilidade que figuras públicas ganharam com a onda de mídias digitais fortaleceu crenças populares, retirando a credibilidade de eventos cotidianos.

Nesse cenário também surgiram as famosas Fake News, que contribuíram para a desinformação da sociedade principalmente durante a pandemia do coronavírus. Espalhar uma notícia baseada em “achismos” faz com que muitas pessoas a tomem como verdade absoluta, e, então, fica muito mais difícil demonstrar que esta não é a realidade dos fatos.

As fake news tendem a conter palavras ou frases que despertam emoções ou mexem com as crenças das pessoas, atingindo um maior potencial de divulgação e compartilhamento nas redes sociais. Em uma realidade que até mesmo os adultos, das mais variadas idades, têm a tendência de confundir o que é real e o que é uma visão pessoal, a carência de referências torna-se uma ameaça para a vida coletiva.

A faixa etária mais exposta a essa situação são os jovens de 13 a 25 anos, que possuem acesso ilimitado à internet. Coincidentemente, é próximo desta idade que acontece o amadurecimento da proporção frontal do cérebro, responsável por controlar impulsos e moldar os caminhos de pensamento.

As gerações mais recentes nasceram e cresceram na era digital, mas foram criadas por uma massa de pessoas que não possuía experiência prévia com a vida disruptiva e atual. De certa forma, alguns adultos nunca receberam uma preparação para lidar com as novas tecnologias. 

Para o conselheiro do CFA, Diego da Costa, o público que consome conteúdo diariamente tem a necessidade de ser alfabetizado digitalmente para o desenvolvimento de habilidades como pensamento analítico e raciocínio científico. O estímulo para elaboração de políticas públicas em favor da democratização do conhecimento podem ajudar a construir uma cultura de questionamento.

“Tem que vir do colégio, da internet, de casa e de todos os lugares possíveis. A ação de ensinar deve ser coletiva e unida, afinal não parece que as fake news vão acabar tão cedo, e a arma contra essas produções falsas é a educação”, diz o administrador.

É cada dia mais evidente a necessidade de uma educação midiática para crianças e adolescentes. O mundo funciona e depende dessa lógica de propagação de informações criadas e divulgadas por todo tipo de pessoa, e sem esse poder de discernimento não há capacidade crítica nas pessoas.

Até a denúncia contra esses canais que espalham notícias falsas ainda é difícil de se fazer. Faltam formas de denunciar e responsabilizar essas pessoas. Entretanto, além de se blindar como indivíduo, é possível acessar alguns sites que investigam a origem da notícia e aferem o quanto pode ser válido.

Maria Natália Terra

Com supervisão Rodrigo Miranda.