Xerox, Blockbuster e Kodak são empresas que fizeram parte da história brasileira, que de alguma forma revolucionaram o mercado e que por questões diversas hoje ou não fazem mais ou não têm tanta representatividade. Recentemente, outras grandes varejistas apresentaram problemas que acenderam alertas: Americanas e Lojas Marisa.

Mas, nem sempre, o ônus do fechamento ou de problemas em um negócio é somente do empresário. Segundo a gestora empresarial, mestre em administração, Andrea Deis, muitas vezes os resultados são uma radiografia do que ocorre no mercado. 

Mudanças históricas ou de necessidade, de plano econômico ou políticas podem ter influenciado nos resultados.  Deis explica que organizações precisam estar atentas ao cenário para tomar decisões.

“Elas mantiveram o seu padrão de produtos, então a gente pensa em praça, preço, produto e promoção que são os 4 p’s só que aí você tem outros dois p’s que influenciam que é justamente esse público e o poder de consumo das pessoas. Não adianta você manter produto, praça, preço e promoção, mas para quem? Quem realmente hoje pode? Em que condições estão essas pessoas que fariam girar essa economia?”

Já que o poder de compra da sociedade reflete diretamente na força do varejo, gestores públicos também precisam estar de olho nessas questões: /

“Nunca tivemos um momento de endividamento tão grande. As pessoas não estão conseguindo pagar, segundo as estatísticas econômicas os seus próprios endividamentos. Estão com taxas de juros altas e as pessoas não estão conseguindo baixar o endividamento que tem pessoal, assim como, o governo federal também não, então, o setor econômico frágil e vulnerável influencia toda a economia de um país.”

Recessão, pandemia, tudo isso deve ter prejudicado ainda mais nos resultados dessas empresas também por influência do desemprego: 

“Desacelera também, por exemplo, o poder de aquisição de proposta de valor, por exemplo, de conhecimento, então, a hora que você tem menos conhecimento, você está menos preparado e influencia diretamente no desemprego, ou seja, você tem poucas ofertas para uma alta demanda de pessoas no mercado. Se influenciou o desemprego, teoricamente você está mexendo com o consumo.”

Outra mudança significativa que essas empresas passaram, segundo a administradora, foi a abertura do Brasil para novos mercados. / Trata-se de uma estratégia de administração privada e pública, mas em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é preciso pensar se isso vai significar privilegiar um produto estrangeiro em detrimento de um nacional: /

“A hora que você tem um novo entrante com produtos com um baixo custo por mais que muitas vezes demande de qualidade, ele tem uma outra proposta de valor, mas ele é mais acessível ou você tem outro com uma tributação mais alta então ele tem valor de preço mais alto mesmo sendo brasileiro e hoje com a economia vulnerável, as pessoas realmente vão buscar, ou seja, a sociedade vulnerável acaba buscando por produtos mais acessíveis pensando numa relação de sobrevivência e não de vida.”

Recentemente a rede de lojas Marisa anunciou que vem acumulando prejuízos milionários há anos e que neste mês de junho fecharia cerca de 90 lojas para tentar reequilibrar as finanças. / E a Americanas está em recuperação judicial com dívida superior a 40 bilhões de reais.

Bárbara Micheline
Repórter Rádio ADM