Para Mauro Kreuz, as desigualdades sociais serão mais fortes e as economias do Brasil e do mundo estão enfraquecidas, principalmente na questão da gestão fiscal
A tarde desta sexta-feira, 7, o presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Mauro Kreuz, participou de live no Instagram da autarquia. Ele conversou com a jornalista Elisa Ventura sobre vários pontos ligados à gestão e fez uma análise sistêmica da pandemia sob a ótica da administração.
Para o administrador, os gestores não podem ser otimistas demais e nem pessimistas aos extremo. Nesse tempo de crise, ele recomenda: “Precisamos ser ponderados e sensatos”.
Ele comentou que esperava que, por conta da Covid-19, fosse possível exercitar o multilateralismo entre os blocos e países. Contudo, o mundo está mais multipolar e conflituoso.
Do ponto de vista econômico, ele ressalta a “necessidade imperiosa de socorrer as empresas e as pessoas” por causa do enfraquecimento da economia, principalmente na questão da gestão fiscal. “Os países continuarão vulneráveis e isso vai acirrar as competições e as guerras comerciais”, disse.
Em meio a conflitos políticos e crise econômica, o presidente vê, ainda, um novo poder: a guerra biológica. “O bio poder faz com que o problema não seja de um ou de outro. Ele é de todos”, explicou. Além disso, o mundo pós-pandemia na visão de Mauro Kreuz será marcado pelo agravamento da desigualdade social. Contudo, esse será um problema de todos. “Temos que construir políticas públicas econômicas e sociais, que permitam a distribuição de renda de forma igual. Não dá para continuar fabricando pobres”, comenta.
Mauro lembrou que a saúde é uma questão problemática no Brasil e em vários países em razão dos baixos investimentos. Isso se deve, sobretudo, quando se tem um olhar muito na lógica econômica. “Quando é assim, as coisas acabam não ficando bem”.
E o Brasil?
O Brasil tem quase 10 mil óbitos registrados por causa da Covid-19. “Em plena pandemia, a gente vê um crescente tensionamento no âmbito político”, criticou o presidente do CFA. No país, a polaridade política enfraquece o combate à doença. “O diversionismo não diminuiu entre os poderes e os políticos”, lamentou.
Por outro lado, observa-se que a sociedade está mais solidária. Contudo, a classe política mantém uma disputa. Não há solidariedade entre os entes federados e as brigas entre o presidente da República com os governadores e os parlamentos ficaram mais acentuadas. “Parece que a pandemia não tocou o coração e o lado humano das pessoas. Deveria ser diferente, era preciso união e harmonia e, nesse momento, o nosso único inimigo deveria ser esse vírus”, analisou.
Qual resultado disso? Mauro acredita que a gestão fiscal no país estará ainda mais precarizada e o governo continuará frágil e refém do sistema financeiro. “No Brasil, cerca de 54% do orçamento fiscal é para pagamento de juros e dívidas. Esse descontrole será ainda maior”.
Com o acirramento das desigualdades, a previsão é de que 50 milhões de brasileiros terão que viver com R$15 a R$ 20 reais por dia. “A nossa economia, a brasileira, está financeirizada, não está mais na indústria, setor que contrata muito e desenvolve as potencialidades econômicas. Precisamos rever isso, pois temos vantagens competitivas com a retomada da industrialização nacional. Caso contrário, logo mais, metade da população estará na absoluta pobreza”, afirmou Mauro.
Mauro ressaltou que os governos precisam rever suas políticas e defendeu, mais uma vez, a importância de um projeto estratégico de nação. “Cabe ao Estado e aos poderes garantirem a governança para o bem estar de todos. Esse deveria ser o modus operandi a luz da administração”, falou.
Por fim, o presidente convidou os administradores a se engajarem na campanha “Administrador e Empreendedor: unidos no fortalecimento dos negócios“ e respondeu aos questionamentos dos internautas.
A live completa estará disponível no Instagram do CFA por 24 horas.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação do CFA