Versatilidade profundidade e foco
Carbio Waqued conta sua trajetória profissional, fala sobre as tendências do mercado e o que está em alta na área de marketing
Segunda parte da entrevista
Em entrevista à Revista RBA, edição 134, o administrador e professor Carbio Waqued falou sobre formação, carreira e o futuro da profissão. Pesquisador e profissional de marketing, ele conta o que será tendência nos próximos anos no Brasil.
RBA: Vivemos uma era em que a tecnologia, junto com a comunicação e o marketing, tem moldado o mundo. O que podemos esperar do ponto de vista de novidades disruptivas no marketing e nos demais segmentos em que o senhor atua? O que, disso tudo, já é realidade em outros países, mas ainda não chegou ao Brasil?
Waqued – Ser inovador é a essência do marketing. Os profissionais desse mercado precisam estar sempre atentos em relação a tudo o que acontece, principalmente, às tendências, rumos do mercado e o que os consumidores buscam.
Para isso, é necessário que eles sejam capazes de diferenciar conhecimento de informação. A informação pode ser facilmente obtida por meio de uma pesquisa na internet, enquanto o conhecimento é estratégico e nos leva a descobrir a forma de como tratar essa informação.
Atualmente, diversas companhias possuem a inovação em sua essência. Elas surgiram e cresceram ao tentar mudar o que era padrão. Serviços de streaming, plataformas gratuitas para o upload de vídeos e ferramentas de compartilhamento de mensagens são alguns exemplos.
Com as possibilidades oferecidas pela tecnologia, smartphones já podem ser utilizados como chave e computador de bordo em tudo. Vivemos a febre das startups e dos hackathons, que estimulam os jovens a atuar em suas próprias companhias e serem empreendedores de seus próprios negócios.
Para isso, precisam saber identificar oportunidades e resolver problemas; e não há outra ciência senão a Administração para educá-los. Por essência, a internet nada mais é do que uma rede de computadores que conecta tudo e todos.
Quanto mais disruptiva e inovadora for a ideia, mais pessoas serão atraídas para ela. A web deve ser uma das maiores aliadas de ações, mas é preciso que os profissionais de marketing busquem diferenciar-se e lembrem que a internet vai muito além das redes sociais e dos buscadores. É preciso saber a fazer um plano de negócios e a viabilizar recursos para ter o crescimento sustentável de sua ideia.
Fora isso, eles devem almejar transformar-se em um unicórnio — expressão usual de startup que possui avaliação de preço de mercado, no valor de mais de US$ 1 bilhão. O termo foi criado em 2013 por Aileen Lee. Entre alguns exemplos de empresas unicórnio estão Nubank, 99 (antiga ‘99 táxi’), Movile, TFG e PagSeguro.
Vivemos, portanto, um mundo sem fronteiras, com oportunidade para muitos e, também, ameaça para quem não se estabelecer em conexão com esses aparelhos de tecnologia on-time. Por isso, não acredito que as realidades em outros países não estejam no Brasil. Pode não estar disponível para todos, mas que ela existe a um grupo, isso eu tenho certeza.
Recentemente, casos emblemáticos envolvendo desastres ambientais, como os que ocorreram em Brumadinho e Mariana, demonstraram inabilidade e erros gerenciais, por parte das empresas responsáveis pelas barragens nessas localidades. Como o senhor avalia esses dois cases, do ponto de vista de suas áreas de atuação e de sua experiência profissional?
Dois casos imensamente tristes, e em todas as áreas de atuação tem-se os bons, os médios e os fracos profissionais. Descontrole no planejamento, nas contas, no atendimento, na equipe e no próprio equilíbrio emocional do gestor está em qualquer lugar do mundo: a má direção do negócio pode gerar todos esses problemas dentro de uma empresa. A principal razão para esse erro não é falta de entusiasmo, mas, sim, de conhecimento.
Existem empresários que embora tenham energia, acham que o conhecimento de como “gerenciar” não agrega. Na verdade, isso é o que falta.
Ainda bem que a safra jovem já sabe que precisa aliar prática à teoria, mas há aqueles que acham que a escola é um lugar que não vai contribuir com nada. Outro fato é que hoje existem muitos cursos de Administração em que a pessoa aprende pouco ou quase nada de gerenciamento.
Outra razão para os erros de gestão é o comportamento. Às vezes, o administrador é otimista demais e impulsivo, agindo mais e planejando menos. Ou o contrário: pode planejar demais e ter receio de arriscar e agarrar as oportunidades. Precisamos de profissionais de administração que saibam tomar melhores decisões. Preparar-se para gerir bem o seu negócio faz com que o administrador evite a ‘síndrome de manada’, ou seja, a atitude de na hora de montar o negócio seguir certo plano só porque os outros fazem do mesmo jeito. Saiba o que é bom para sua empresa e para seu tipo de empreendimento: indústria, comércio ou serviços.
Qual conselho o senhor daria a um estudante ou profissional recém-graduado em Administração que vai encarar o mercado de trabalho em breve?
Aos colegas administradores eu digo com clareza: Você fez a opção profissional mais correta para o Mundo ‘VUCA’, acrônimo das características marcantes do momento em que estamos vivendo: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. Então, em qualquer segmento de mercado as pessoas necessitarão aprender a “Arte de Administrar” e conseguir se tornar um administrador de sucesso.
Acredito muito em três dicas importantes para ser um gestor disputado por empresas ou admirado pelos seus subordinados. Para alguém ser um administrador de carreira, nada deverá ser mais importante do que: 1) a mudança em relação à forma, como ela observa o seu tempo; 2) ter boas estratégias e 3) valorizar a sustentabilidade.
Administrar o tempo — será o primeiro e o mais importante passo para quem deseja se tornar um gestor de bons resultados, pois sem tempo nada é possível de ser conquistado. Mas com tempo e organização, colocando as coisas em perspectiva e estabelecendo metas diárias, é possível conseguir estabelecer-se no caminho desejado.
A outra dica é: sua carreira nunca será ameaçada se souber administrá-la estrategicamente. Especialmente, por causa da importância da estratégia para praticamente todos os campos de nossa vida e das empresas em que trabalhar.
Apegue-se, também, às melhores práticas estratégicas para conseguir definir exatamente como será o seu planejamento dentro do curto, médio ou longo prazo. Sendo assim, os melhores resultados irão aparecer de modo bem rápido e eficiente, gerando conquistas que você almeja, o respeito de todos e a imagem de segurança que só os bons administradores possuem.
Por fim, atenção aos recursos naturais. Cada dia que passa, eles estão mais escassos, e os bons profissionais praticam a sustentabilidade. Essas práticas estão presentes sempre que possível em tudo: vida pessoal e profissional.
Um administrador de empresas eficiente sempre consegue ter sucesso em praticamente tudo que faz, quando consegue tornar suas ações e sua empresa sustentáveis. Isso gera lucro, faz com que os impactos de suas atividades sejam os menores possíveis sempre, em todas as ocasiões.
Um gestor deve, também, estabelecer metas sustentáveis — que possam ser alcançadas, sem colocar em risco a estrutura e os fundos da organização que administra. Sendo assim, fica a dica. A virtuosidade está fácil de ser alcançada, mas a sabedoria de utilizá-las é para poucos.
Tenha qualidade de vida para conseguir produzir melhor suas atividades profissionais. Só os bons conseguem equilibrar vida e carreira, cuide da administração do tempo. Crie estratégias, mas, por favor, que não seja apenas a estratégia de alguém. Então, estude administração estratégica.
E lembre-se: o mundo está com escassez de recursos naturais. Use e abuse de melhores relações custo-benefício dos recursos ainda disponíveis, pensando sempre na Administração Sustentável. Desejo a esses colegas de profissão: sucesso, realizações e vitórias.
Clique, aqui, e leia a primeira parte da entrevista.
Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA