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Troca de experiências e Brics são alvo de discussão em palestra sobre gestão do agronegócio

O final da tarde do último dia do FIA 2024 trouxe como tema a “gestão no agronegócio”. O administrador sul-matogrossense Alex Sandro Won Muhlen abriu o evento falando sobre a importância do agronegócio para a economia brasileira e destacou a importância do País como produtor de alimentos para o mundo.

Muhlen falou sobre o papel da tecnologia no contexto do agronegócio mundial e na importância de introduzir tanto uma mente voltada a novas práticas inovadoras quanto empreendedoras, no que se refere à produção e comercialização de produtos do Brasil para o mundo. Ele ainda enfatizou a importância de adequação a regras internacionais de exportação como meio de expandir as exportações.

Brics

Na sequência aconteceu a palestra da professora doutora Olga Ergunova, da Escola Superior de Gestão, da Universidade Politécnica de São Petersburgo, na Rússia. A pesquisadora russa começou sua participação ressaltando que o mercado de alimentos global deve chegar a US$ 3,5 trilhões até 2035 e que existe uma corrida internacional entre países que são players em diferentes mercados alimentícios para se adequarem às melhores práticas e exigências internacionais.

Na sequência, relatou que os Brics já respondem por cerca de 30% da riqueza mundial. Destacou a meta do bloco de potencializar a digitalização das produções e o compromisso que envolve a consolidação de ideias de mercado de redes alimentícias integradas e destacou a importância da agricultura 4.0 (com alta tecnologia).

Na sequência a professora mostrou um perfil de cada um dos países fundadores dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ela destacou o papel do Brasil como maior exportador do agronegócio da América do Sul, mas frisou que o País ainda precisa avançar no uso de novas tecnologias como Big Data e Iot (internet das coisas) na produção agrícola.

Entre os maiores países exportadores do Agro, ela destacou o desenvolvimento da Índia e África do Sul. Para tanto, o Brasil deveria passar por todas as fases que tais países estão fazendo.

A digitalização nesses países começou com a integração de tecnologias básicas como uso de GPS e sistemas de monitoração do solo. Na segunda fase aconteceria o desenvolvimento e investimento em tecnologias digitais e plataformas para agricultura.

Já na terceira fase ocorreria a integração e expansão de tecnologias nascidas no meio da agricultura. “Essas fases foram importantes para gradualmente esses países crescerem e ao mesmo tempo consolidarem-se como potências do Agro mundial”, comentou.

Empreendedorismo

Na sequência, a administradora uruguaia Cintia Martínez Megget começou sua participação falando de sua trajetória na administração, sobretudo, no Agronegócio. Como ex-funcionária da empresa Dambo, ela destacou que a organização nasceu com desafios estratégicos por ter sede em um país pequeno em extensão e desconhecido para muitos países do mundo, mas aos poucos se superou, tornando-se a segunda maior empresa produtora de arroz em seu país e de importante participação de mercado nas Américas.

Em seguida, Megget destacou a necessidade de as empresas que estão começando se adequarem às melhores práticas e tendências de negócio do mundo, bem como buscar diferenciais para terem êxito em ambientes locais e ao mesmo tempo internacionais. Este é, segundo ela, o principal diferencial do Uruguai, país onde as empresas já nascem com olhar voltado ao mercado do exterior, por ter sua população pequena e consumo interno limitado.

Em português fluente, a administradora uruguaia destacou as tendências do Agro no Brasil e no Uruguai. No Brasil, ela destacou a disseminação do uso de drones para acompanhamento de lavouras e rebanhos, bem como ações de sustentabilidade como o uso de bioinsumos.

A rastreabilidade da produção foi descrita por ela como tendência mundial e uma das dificuldades do Brasil, que não investiu em massa em tal tecnologia por ter um forte consumo interno. Com isso, o País não priorizaria mercados como a União Europeia que já exige a tecnologia para aferir a qualidade dos produtos importados por lá.

Já o Uruguai, embora possua limitações territoriais e econômicas, por outro lado tem sua produção energética 94% sustentável e decidiu priorizar produtos premium como alimentos orgânicos e diferenciados. A adaptação às secas e mudanças climáticas seria outro ponto forte do país vizinho.

Ao final, ela falou de sua empresa no mercado agro. Dedicada à produção de vinhos e espumantes, a Pueblo Pampeiro se dedica tanto ao mercado externo de bebidas, mas diversifica seu negócio com a criação de cavalos de raça.

Cintia Megget destacou, ao final, três fatores que considera prioridade no Agro: a sustentabilidade e cuidado com o planeta, o uso de tecnologias como forma de progresso e a integração de pessoas e economias. A parceria foi descrita por ela como um dos fatores que podem beneficiar empresas de países diferentes e até de mercados diferentes.

“Essa conexão entre países e culturas fortificam as economias, por meio de olhares diferentes e trocas de experiências. A globalização também nos mostra que hoje o sofisticado é fazer o simples bem feito, o que não é fácil, mas se realizado corretamente faz o que as grandes e disruptivas empresas surjam e se tornem sustentáveis em um mercado cada vez mais volátil”, encerrou.