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Setor aumenta inovação nos países e é grande gerador de empregos

Futuro da indústria é fator-chave para o desenvolvimento nacional. Plano voltado para o setor é divisor de águas para reativar espaço perdido no comércio exterior

Por Ana Graciele Gonçalves e Leon Santos

Há décadas o Brasil carece de um plano estratégico de desenvolvimento econômico voltado para a indústria — é o que afirma o presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), Venilton Tadini. De acordo com o executivo, o último plano do tipo de que se tem notícia aconteceu na década de 1970.

Tadini afirma, ainda, que apesar de a iniciativa privada ser responsável pelos atuais 65% dos recursos destinados à área, ainda seriam necessários R$ 374,1 bilhões, até 2032, para melhorar a infraestrutura que emperra a economia brasileira. “Para haver a reindustrialização seria preciso um programa que transcendesse as ações da iniciativa privada, e por isso é necessário maior participação do poder público”, afirma.

A importância do setor é essencial para o crescimento da economia brasileira. A indústria é responsável por 22,2% do PIB brasileiro (R$ 357,19 bilhões) e por 20,9% dos empregos formais no Brasil, segundo dados da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), de 2021.

O que poderia alavancar a economia brasileira é hoje um gargalo. De um lado, a indústria brasileira agoniza e cede espaço para concorrentes internacionais, por outro, empregos nacionais deixam de ser gerados.

De acordo com estudo, de 2021, do ‘Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial’, há 25 anos a indústria brasileira tinha o dobro do tamanho econômico em relação ao agronegócio e ao extrativismo no PIB brasileiro. Então, fica a pergunta: o que seria necessário para a reindustrialização do país, para garantir a empregabilidade das futuras gerações e resguardar o futuro econômico da nação?

Para o presidente do ‘Centro Nacional de Modernização Empresarial’ e coordenador do ‘Grupo de Excelência de Gestão Pública do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP)’, Lívio Giosa, a desindustrialização nacional ocorreu de fato, e de forma intensa, porque deixaram de se preocupar com o segmento. Por outro lado, países como China, Coréia e o mercado europeu aprimoraram suas atividades em relação aos equipamentos — muito mais inovadores e uso intenso de tecnologia — e na intensificação e capacitação da mão de obra.

“O Brasil foi ficando para trás e, depois, o que aconteceu foi uma intensificação muito grande da importação. Fomos perdendo espaço de atuação interna para o mercado externo e não houve em nenhum momento algo que pudesse favorecer a indústria para que ela pudesse ser cada vez mais competitiva”, explica Giosa.

Cenário

Para o especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e diretor diretor-presidente da ‘Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp)’, Cristiano Heckert, a desindustrialização do país é motivada por três principais fatores. Um deles é o ambiente regulatório, ainda bastante complexo.

“Fazer negócios no Brasil é complexo. Tem custos de transação muito altos, e a despeito de a gente estar evoluindo em rankings como ‘Doing Business’ e ‘Governo Digital’, ainda é muito custoso montar um negócio e realizar transações no Brasil”, critica Heckert.

O segundo fator são os gargalos na infraestrutura e na educação, o que inclui formação de mão de obra adequada aos tempos atuais. Ele diz que não à toa o Brasil está na lanterna nas avaliações internacionais do segmento.

“Enquanto a sociedade brasileira não valorizar a educação e de fato melhorá-la, em termos de escolaridade, qualidade do aprendizado e retenção de conhecimento em todas as camadas sociais—, vamos ficar cada vez menos competitivos. Isso tanto do ponto de vista industrial e, principalmente, na indústria do conhecimento”, avalia Heckert.

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