Duas revoluções industriais acontecem ao mesmo tempo em território nacional
É quase impossível não pensar nos fenômenos econômicos e sociais que moldarão o futuro dos brasileiros nos próximos anos. E não é apenas em razão da pandemia, mas sim em virtude da Quarta e Quinta Revoluções Industriais, que já aconteciam no restante do mundo, mas ainda engatinham no Brasil.
Há exato um ano, na edição 132 da RBA (setembro/outubro), o tema de capa foi a Quarta Revolução Industrial (Revolução 4.0). Na época, ainda pouco conhecido no Brasil, o fenômeno foi abordado em razão de sua importância e de sua chegada, ainda que a passos lentos, no cenário nacional.
Por outro lado, em diferentes partes do mundo, a Revolução 4.0 já estava em tal grau de amadurecimento que levou o ‘Fórum Econômico Mundial’, no início deste ano, a tratar as transformações socioeconômicas atuais como efeitos da Quinta Revolução Industrial (ou Revolução 5.0). A rapidez com que os fatos se sucederam fez com que um movimento tecnológico-industrial substituísse o outro, em menos de oito anos (2011 a 2019).
Segundo a administradora e professora da Universidade de Brasília (UnB), Débora Barem, a Revolução 4.0 foi um desdobramento natural das revoluções que a precederam, em razão das lógicas econômicas existentes anteriormente, mas agora acrescidas do fenômeno digital e disruptivo da atualidade. Construídos com base em Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e automação, em geral, as máquinas ganharam capacidade de pensar, executar funções e tomar decisões sem a necessidade de comandos humanos.
Já a Quinta Revolução Industrial aparece, na visão da pesquisadora, como resposta ao futuro da população mundial, sobretudo, diante do quadro de envelhecimento, na maior parte dos países. O dilema gira em torno sobre o que será feito de bilhões de trabalhadores, mundo afora, caso sejam substituídos por máquinas a qualquer instante.
“A Revolução 5.0 expressa a preocupação existente sobre as consequências sociais do novo fenômeno. Há milhares de países que vivem momentos completamente distintos, em relação ao contexto tecnológico e econômico atual, com isso aumentam ainda mais as desigualdades”, diz a professora.
Funcionamento
Do ponto de vista técnico, o engenheiro e professor da faculdade de engenharia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Marcelo Segatto, esclarece que na Revolução 5.0 as máquinas passam a trabalhar de modo cooperativo com os humanos. Deste modo, segundo ele, haverá maior exigência das máquinas nos quesitos compreensão de gestos, fala e até das alterações de humor dos seres humanos.
Ao fazer análise sobre adaptação do Brasil ao novo cenário, Segatto alerta, no entanto, sobre a necessidade de repensar o modelo pedagógico vigente, tendo em vista o contexto tecnológico nacional e as tendências mundiais. Ele ressalta que as habilidades necessárias para acompanhar a Quarta e Quinta Revoluções surtirão efeito, apenas, se for equilibrado déficit educacional da população brasileira e criada cultura de que ciência é parte da natureza e do dia a dia das pessoas.
“A quinta revolução não chegará ao Brasil, enquanto não vivermos a Revolução 4.0. O trabalhador desse novo quadro que se desenha deverá ser um profissional mais qualificado, e isso exigirá mais tempo de formação e mudança nos processos de profissionalização”, analisa.
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Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA
Versão completa da edição 138.