A semana começou intensa no Consleho Federal de Administração (CFA) com a realização do “1º Encontro CFA sobre Trabalho Remoto na Gestão Pública: Aprendizagens, Desafios e Perspectivas Futuras”. O evento aconteceu nesta segunda-feira, 9/6, no plenário da autarquia, em Brasília, e reuniu mais de 50 pessoas presencialmente e cerca de 150 participantes no formato on-line.
O presidente do CFA, Adm. Leonardo Macedo, participou remotamente do Encontro. Diretamente de Fortaleza-CE, ele deu boas vindas aos participantes. “Esse evento é muito importante e foi muito bem pensando. Nós, profissionais de Administração somos os vetores da geração de emprego e renda. Esta nova forma de fazer trabalho deve ser cada vez mais pensada e trabalhada para trazer boas políticas públicas para a nossa sociedade.”, afirmou.
Para o diretor da Câmara de Eventos e Promoções do CFA, Adm. Inácio Guedes, o evento aborda uma temática disruptiva. “O Sistema CFA/CRAs está fazendo história ao trazer esse assunto para o debate. Como costumamos dizer aqui no CFA, ‘juntos somos mais fortes’”, disse o administrador.
De acordo com o diretor da Câmara de Gestão Pública do CFA, Adm. Emerson Clayton Arantes, o teletrabalho foi impulsionado com a pandemia e, no setor público, mostrou-se uma metodologia de trabalho que promoveu eficiência, economicidade e qualidade nos serviços públicos. “Embora existam desafios relacionados à cultura organizacional, segurança da informação e gestão à distância, os avanços normativos e tecnológicos apontam para um futuro promissor. A consolidação do teletrabalho dependerá da adaptação dos gestores e servidores a essa nova realidade, que valoriza resultados e flexibilidade, alinhada às demandas contemporâneas da administração pública”, destacou.
Programação intensa
O Encontro durou um dia inteiro e proporcionou uma imersão no tema trabalho remoto. O público conferiu nove palestras com renomados especialistas no assunto. Por meio dos debates, o evento explorou todas as questões ligadas ao teletrabalho.
A professora e pesquisadora da Universidade de Brasília, Gardênia Abbad, comandou a palestra magna que abriu a programação do Encontro. Com o tema “A gestão de equipes remotas e mistas no se serviço público: desafios e lições aprendidas”, a palestra foi mediada pelo diretor de Administração e Finanças do CFA, Adm. Francisco Costa, Xikyn.
Gardênia trouxe resultados de várias pesquisas que apontam o aumento da produtividade dos profissionais que trabalham remotamente. Segundo ela, antes de adotar esse modelo de trabalho é preciso analisar algumas variáveis como participação do trabalhador, tempo dedicado ao teletrabalho, entre outros.
Além disso, a professora fez uma breve descrição do trabalho remoto antes, durante e depois da pandemia. Antes da pandemia, por exemplo, um estudo revelou a percepção de gestores sobre os pontos positivos do teletrabalho e a qualidade de vida foi o fator que mais se destacou no estudo.
“Aumento do bem-estar, do conforto , da felicidade e do convívio com a família, além da economia de tempo com o não deslocamento e da diminuição do estresse contribuíram para essa percepção positiva do trabalho remoto”, comentou.
Gestão do trabalho remoto
A superintendente de Gestão de Pessoas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Mariana Boabaid Dalcanale Rosa, apresentou a palestra “Trabalho Anywhere e os resultados na Anac”. Na oportunidade, ela mostrou um perfil do quadro dos profissionais da autarquia e o programa de gestão de desempenho intitulado “ANAC+”.
Esse programa conseguiu reduzir as despesas administrativas em 42%, houve 74% na redução de absenteísmo e ficou no top 15 em governança no ranking do Tribunal de Contas da União (TCU). Com relação ao teletrabalho, a agência conseguiu reter talentos e atrair profissionais para posições de liderança e posicionamento estratégico.
Em seguida, a secretária de Gestão de Pessoas do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE/RS), Natália Gomes da Silva, apresentou a palestra “Continuidade dos serviços da justiça eleitoral nas enchentes do RS”. A palestrante falou das ações adotadas pelo tribunal para não deixar o trabalho paralisado na época das eleições.
Desafios como falta de luz, interrupção de abastecimento de água, ruptura de fibras ópticas, pessoas desaparecidas foram relatados pela secretária. Na Justiça Eleitoral do estado, quatro cartórios foram devastados, o prédio sede ficou inacessível que dificultou a continuidade dos serviços. “Fizemos um levantamento rápido para compreender como estava o funcionamento nos cartórios eleitorais. 82 estavam fechados, mas com a equipe em condições de trabalhar em casa, usando recursos próprios”, descreveu, ressaltando que a experiência do TRE/RS com trabalho remoto foi bastante positiva.
Desafios da Cultura Remota
Outro tema abordado no Encontro foi “A experiência do Senado na gestão do trabalho remoto”. O assunto foi abordado pelo diretor adjunto do Senado Federal, Márcio Tancredi, que compartilhou a realidade vivenciada na casa legislativa. Atualmente, a prática de trabalho adotada é o formato híbrido.
Uma semana após decretada a pandemia, o Senado Federal realizou a primeira sessão deliberativa totalmente on-line. A medida foi um sucesso em razão das ações acera do trabalho remoto que já estavam em andamento mesmo antes da crise sanitária. Ou seja, a equipe de trabalho já estava habituada com as tecnologias que favorecem o teletrabalho.
“Tanto a parte do processo legislativo, quanto a parte da administração da casa, a gente teve uma ação de continuidade na pandemia. Achamos que esse é um ganho que vale a pena manter. Agora, é o tempo todo você lutando contra uma desconfiança de que as formas alternativas de trabalho tenham alguma coisa de maligno e que afastam as pessoas da cultura da organização e a gente tem como contrapor, perfeitamente, o argumento da falta de produtividade com os números, que são bem expressivos”, relatou.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também tem uma história semelhante. Quem compartilhou a experiência com o trabalho híbrido foi o chefe da Seção de Gestão do Trabalho do CNJ, Rogério Alves de Lima. Ele explicou que o teletrabalho foi formalizado por uma instrução normativa e, nesse documento consta as regras para aplicação dessa forma de trabalho.
Atualmente, o órgão oferece o trabalho presencial, o teletrabalho e o trabalho híbrido. Para aderir, os gestores precisam formalizar o pedido e apresentar um plano de trabalho com atividades e pactuação de metas. Hoje, 249 servidores estão no regime presencial, 134 optaram pelo híbrido e 88 estão em teletrabalho.
Produtividade e modelos de Trabalho Remoto
O secretário de Gestão de Pessoas do TCU, Alexandre Peixoto Figueira, trouxe a palestra “Evolução da política de trabalho remoto do TCU e o enfoque na produtividade”. O TCU já adota o teletrabalho antes da pandemia, o que favoreceu a continuidade das atividades no auge da crise sanitária.
Naquela época, todos tiveram que entrar no modelo de trabalho remoto. Findo o período de pandemia, o TCU propôs, em 2022, um modelo que estipula duas formas de trabalho: teletrabalho parcial e total. Entre as regras definidas estão a proibição de teletrabalho no exterior, realização de exames de saúde periódicos e disponibilidade síncrona.
Já o administrador e servidor de carreira do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, Mauro Saraiva Barros Lima, apresentou a palestra “Implementação e revisão de programas de trabalho remoto a partir do tripé: Qualidade de vida x Qualidade do trabalho x Produtividade”.
Autor do livro “Trabalho remoto no judiciário brasileiro”, Mauro explicou que a sociedade ainda tem certa dificuldade em aceitar o teletrabalho. Quando o TJAM adotou o programa, em 2017, a imprensa repercutiu a medida de forma negativa. Ele explica que foi preciso explicar que os servidores tinham metas de trabalho maiores e precisavam cumprir determinados requisitos.
Escolas de Formação e Preparação para o Trabalho Remoto
Para finalizar, o Encontro trouxe um painel orientativo sobre formação e preparação para o trabalho remoto. O diretor de Gestão Corporativa da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Lincoln Moreira Jorge Júnior, falou sobre “A Enap no contexto do trabalho remoto”.
Já o diretor do CEAJUD/CNJ, Diogo Albuquerque Ferreira, discursou sobre “A experiência do curso Competências Gerenciais na Era da Inteligência Artificial e Gestão de Equipes Virtuais”.
Para conferir o evento na íntegra, acesse:
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA