Má fé e desinformação fazem com que instituições enganem o consumidor
Consciência ética e compromisso sustentável. Tais atributos talvez sejam os mais importantes quando o assunto aponta a preocupação de consumidores e investidores quanto à questão socioambiental do país.
Na teoria, eles até parecem funcionar, mas na prática não é bem assim. A façanha em prol da natureza é mais comum do que se imagina e tem no “discurso verde” uma estratégia de marketing que não se sustenta no dia a dia.
A prática tem nome e se chama Greenwashing. O embuste ambiental se caracteriza por mentir, omitir ou camuflar dados e informações sobre os reais impactos de uma organização em relação ao meio ambiente.
Pesquisa da empresa de análise de mercado Harris Poll, para o Google Cloud, realizada com a participação de 1.500 CEOs, é um dos indícios que apontam a prática. Dos entrevistados, 58% afirmaram utilizar ações enganosas voltadas à sustentabilidade; em contrapartida, 66% questionaram se os esforços de sustentabilidade de suas empresas são genuínos ou não, o que de fato pode ser um problema, como pontua o consultor e professor da FIA Business School, Luís Fernando Guedes.
“Estratégias de comunicação que induzem o público a acreditar numa proposta socioambiental que não é verdadeira impõem um risco enorme à organização. Esse jogo de reputação é uma multiplicação, onde basta um ‘zero’ para que o resultado seja também zero, não importando quantos ‘uns’ foram obtidos”, analisa Guedes.
Negócio sustentável
A viabilidade dos negócios está além do retorno financeiro de curto prazo e trata-se, também, da antecipação de riscos futuros, como as mudanças climáticas e práticas insustentáveis. Para os investidores, o retorno financeiro de sua carteira depende, em última análise, de uma economia estável, ou melhor, que também seja efetivamente sustentável.
Não por acaso, é a partir daí que surge a importância do termo ESG, que diz respeito a práticas ambientais, sociais e de governança. Ele tem um longo caminho a percorrer até provar, de um jeito ou de outro, que a sigla não é mero envolvimento de marketing com um Greenwashing em potencial, como destaca o doutor em Administração, José Francisco Rezende, que também é coordenador da Comissão Especial de Governança Corporativa, Compliance e Integridade do CRA-RJ.
“Eu sempre digo que ESG é o antídoto ao tal mundo VUCA, pois os agentes que participam da dinâmica organizacional estão mais interessados e dispostos a demandar soluções convergentes ao ESG. Isso acaba levando a uma maior pressão, que é legítima: a ESG é um novo marco civilizatório e organizacional”, ressalta Rezende.
É possível praticar o ESG sem uma boa governança? Luís Fernando Guedes explica que não, ao dizer que a empresa precisa ter clara qual é sua visão do termo e assumir posições, com políticas que estejam de acordo com as premissas que definem o conceito.
A governança corporativa possui quatro princípios que a norteiam. São eles: 1) Transparência (disponibilizar dados e informações a todos os stakeholders); 2) Equidade (tratar todos com igualdade e levar em consideração suas diferentes necessidades); 3) Prestação de Contas (ser conciso e claro sobre suas ações, além de assumir suas responsabilidades, sejam positivas ou negativas sobre seus atos) e a 4) Responsabilidade Corporativa (prezar pela saúde econômica da empresa, bem como pelo desenvolvimento profissional e emocional dos colaboradores, com ênfase a minimizar impactos que prejudicam de alguma forma seu quadro laboral).
“Sem uma boa estrutura de governança, as ações da companhia correm o risco de perder o foco e, pior, divergir para áreas desalinhadas da estratégia da organização. Ou seja, a ‘desgovernança’ custa muito caro”, finaliza Guedes.
Da Redação
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