Ana Lúcia Bastos Mota é uma dessas mulheres que tem uma história de vida inspiradora. Geógrafa por formação, foi no universo industrial que ela trilhou seu caminho e se sobressaiu como executiva e empresária. Antes disso, trabalhou no Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem e na Teleceará. Em 1972, casou-se com José Tarcísio Mota Sá que, na época, trabalhava no Banco do Nordeste e era proprietário de uma indústria de mosaicos. Com ele, teve três filhos e, anos mais tarde, saiu da Teleceará para ajudar o marido em uma loja de material de construção. Em 1991, entrou no segmento de cerâmicas com a instalação da Cerbras, em Maracanaú, no Ceará. Pouco tempo depois, em 1994, seu esposo teve uma morte súbita e ela assumiu a liderança da empresa da família. Mãe dedicada de três filhos – Ticiana, Felipe e Mariana – Ana é um exemplo de empresária e líder para mais de mil colaboradores diretos e já contabiliza 25 anos de trajetória à frente da empresa. O crescimento da indústria a qual dirige tem sido exponencial, com presença em mais de 30 países, além de grande força no Norte e Nordeste do Brasil.
A empresária é confirmou participação no III Fórum das Mulheres na Administração, evento que a Comissão Especial ADM Mulher do Conselho Federal de Administração (CFA) realizará de 24 a 26 de novembro. Na oportunidade, ela vai falar sobre o papel da mulher na indústria. Nesta rápida entrevista, Ana Lúcia fala um pouco da sua história e dá uma palinha do que o público irá conferir no evento.
Você fez carreira em um segmento tradicionalmente masculino. Você enfrentou algum tipo de resistência?
Não. Meu primeiro emprego foi como secretária do Serviço de Oficinas e Transportes do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do Ceará (DAER), hoje DER. Na época, que fazia faculdade de geografia na Universidade Federal do Ceará (UFC). O segundo foi na Teleceará, no atendimento a clientes. Depois fui secretária e, por fim, passei num concurso interno para programador quando me encontrei neste novo desafio. Finalmente, por insistência do meu marido, sai da Teleceará e fui trabalhar com ele em uma loja de materiais de construção, a “L. MOTA & CIA”. Após sua morte, em 1994, quando já havia fundado a indústria, em 1990, foi quando assumi a presidência, e por ser mulher, muitas vezes pensei que não seria capaz de enfrentar tamanho desafio.
Há quanto tempo está à frente da Cerbras? E qual o diferencial da liderança feminina nesse setor?
Há 26 anos após seu falecimento. Foi quando descobri que por sermos mulheres, e devido a nossa educação, somos formadas para prestarmos muita atenção. Mesmo quando casadas com filhos e trabalhando fora, temos que prestar atenção se está faltando algum alimento, se os filhos foram vacinados, quando adoecem. Nós, quase sempre, assumimos a tarefa de cuidarmos de sua saúde. Já os homens são ousados, empreendedores em sua grande maioria, mas hoje este cenário está mudando.
Por que ainda é considerada baixa a participação feminina em setores como o da indústria?
Talvez pelo que falei acima, nós mesmas não nos acharmos capazes.
O que deve ser feito para fomentar essa participação?
O que vocês estão fazendo, como este evento, conhecendo e divulgando casos que deram certo.
Quais o desafios ainda precisam ser superados?
Acreditarmos que somos capazes. Hoje, muitas mulheres estão superando estes desafios e com muito sucesso.
Sobre o evento
O III Fórum das Mulheres da Administração é gratuito e voltado para as profissionais e estudantes de Administração, mas mulheres de outros segmentos também poderão conferir o evento. O Fórum será totalmente on-line, com transmissão ao vivo pelo CFAPlay – canal do CFA no Youtube. O encontro acontecerá de 24 a 26 de novembro, das 19h às 21h.
Serão emitidos certificados de participação com carga horária de três horas por noite, a todos que participarem, inclusive painelistas e palestrantes.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA