Capitais sem rede de água e esgoto lideram ranking de mortes por Covid-19
Mesmo com isolamento e distanciamento social e lockdown, algumas capitais brasileiras enfrentam uma barreira no combate ao coronavírus: a falta de saneamento básico. Estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia revelou que a mortalidade por Covid-19 é maior naquelas capitais onde a coleta de esgoto e o tratamento e abastecimento de água são precarizados.
De acordo com dados preliminares, Belém, Manaus e Fortaleza são as capitais com maior número de mortes por falta de saneamento básico. Para se ter ideia da gravidade do problema, essas três cidades têm menos de 40% do esgoto tratados. O estudo reuniu dados do Ministério da Saúde, do Instituto Trata Brasil e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a diretora de Estudos e Projetos Estratégicos do Conselho Federal de Administração (CFA), Gracita Barbosa, quando o governo investe em saneamento, ele economiza na saúde. Ela lembra, ainda, que a falta de coleta de esgoto também favorece a proliferação de outras doenças como dengue, zika e chikungunya. “Fica complicado as pessoas seguirem as orientações de higiene para conter a transmissão do coronavírus quando elas não têm água tratada em suas torneiras”,explica.
Para superar esse antigo problema brasileiro, a diretora do CFA fala que é preciso investir em gestão profissional. “O país estagnou nessa área e, enquanto não criar políticas públicas sérias para resolver essa questão, o Brasil não alcançará as metas previstas no Plano Nacional de Saneamento Básico”, alerta Gracita.
Retrato das capitais mais afetadas
Segundo dados do Sistema CFA de Governança, Planejamento e Gestão Estratégica de Serviços Municipais de Água e Esgotos, o CFA-Gesae, o índice de tratamento de esgoto em Belém é de 9,05% e apenas 13,56% da população tem acesso a esse serviço. Na capital do Pará, os casos de Covid-19 estão em alta. Para se ter ideia, até as 13h do último dia 23 de maio, a Secretaria Estadual de Saúde do Pará confirmava 23.622 diagnósticos da doença causada pelo novo coronavírus, com 2.100 mortes.
Em Manaus, a situação não é diferente. Apenas 12% da população da capital tem acesso a tratamento de esgoto. Sem saneamento básico, a cidade é uma das que mais sofrem para mitigar o avanço da Covid-19. Em todo estado do Amazonas, dos 29.867 casos confirmados até o dia 24 de maio, 13.881 são de Manaus (46,48%) e o município teve, até o momento, 1.182 óbitos em razão da doença.
Já na capital cearense, o índice de coleta de esgoto é de 58%. Na cidade, mais de 3 milhões de moradores ainda sofrem com a falta de água encanada. Enquanto não supera a falta de saneamento, Fortaleza segue com altos índices de Covid-19: até o momento são mais de 20 mil pessoas com a doença e mais de 1.600 mortes.
O CFA-Gesae é um estudo feito pelo CFA cujo objetivo é oferecer aos municípios um sistema de governança e planejamento estratégico de serviços públicos de água e esgoto. A ferramenta traz dados dos mais de 5 mil municípios e dos estados brasileiros. Com os índices fornecidos pelo CFA-Gesae, os gestores podem repensar suas políticas públicas na área de água e saneamento. “Ele oferece aos municípios um sistema de governança e planejamento estratégico de serviços públicos de água e esgoto”, explica Gracita.
Para saber mais acesse: www.gesae.org.br. Para consultar os gráficos, utilize “login: publico” e “senha: publico”.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA