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Reestruturação e ousadia são as armas secretas de Rodrigo Vilaça

CEO do grupo Itapemirim, Rodrigo Vilaça, fala sobre o cenário atual da empresa e sobre os planos de se tornarem companhia aérea

Atual CEO do grupo Itapemirim, de transportes e cargas, Rodrigo Otaviano Vilaça é o entrevistado da RBA 139. Administrador de ofício e formação, ele contou sua trajetória profissional, falou suas impressões sobre o atual momento e os detalhes sobre o projeto de a empresa atuar, também, no segmento de aviação civil.

Em 2020, a Itapemirim buscou parceiros no mundo árabe e retomou projeto, de 2017, de colocar o grupo em que trabalha no hall de players do mercado aéreo. Em outubro, a empresa entrou com processo de regularização junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e ao Ministério da Infraestrutura (e transportes) para oficializar seu projeto.

Vilaça é especializado em logística e atuou como diretor, em diferentes áreas, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Atualmente, é também consultor de grupo de estudos sobre transportes, da Fundação Getulio Vargas, junto à Presidência da República.

A Itapemirim buscou um parceiro do mundo árabe para o setor de aviação. Como se deu esse processo e quais são os planos da companhia para o futuro?

Trata-se de parceria econômico-financeira e, talvez, até societária. Com relação à abertura do mercado brasileiro, para as companhias além do limite de 20%, acho normal, pois é o que o mundo vive hoje.

Somos uma empresa de um único dono, um brasileiro que tem seus sonhos e desejos de recuperar a viação de carga, que existiu na origem do Grupo Itapemirim. Retomar é um projeto ainda para 2021: de carga, de aviação e de implantar o de passageiros já a partir de março.

Isso se torna um desafio muito forte. São três ambientes diferentes: o rodoviário, o ferroviário e o aéreo. São desafiadores que ele seja ao mesmo tempo para cargas ou passageiros. É bem instigador.

O senhor chegou ao ápice da carreira, como CEO de uma grande empresa. Qual seria o seu novo sonho?

Eu ainda tenho o desejo de entrar para a vida pública. Com 55 anos de idade, espero ainda servir o meu país, como fiz no passado.

Tenho transitado durante todo esse tempo na vida privada, mas posso ser igualmente útil no setor público. Por isso, gostaria de ser um gestor público, em programas estratégicos ao país, em pastas específicas do setor de transportes, no Brasil.

Entre as áreas da Administração, por que o senhor escolheu a logística para atuar?

A logística compreende vários segmentos, em especial, o transporte; com armazenamento, softwares e hardwares. Precisa de pessoas para fazer essa movimentação toda, ir do ponto A ao ponto B, desde uma embalagem até o sistema, com controle, gerenciamento e segurança.

O que me encantou nisso tudo foi a administração de materiais, era esse o meu objetivo. Queria ver a transformação dos processos, desde a sua entrada na fábrica, os embalos e processamento.

Eu sempre tive essa visão de logística e devo isso ao meu avô paterno. Quando criança, com 7, 8 anos, ele me fazia enxergar o cruzamento de um touro com várias vacas e identificava qual teria o melhor perfil ou qual seria a melhor união, entre eles.

Com isso, nós podíamos observar todo o processo. Foi esse universo que me fez enxergar a cadeia logística. E aí criei esse ambiente, ao longo da minha vida de administrador e de homem de negócios, onde eu pude observar e depois participar das áreas de atuação que eu te expliquei.

Como o senhor avalia o setor de transporte no Brasil? O que falta para impulsionar o mercado de transportes?

Entendo que, hoje, o nosso ministro Tarcísio Freitas (da Infraestrutura) tem feito a centralização do comando da infraestrutura de transportes. Isso vai trazer os efeitos esperados na aviação, no aquaviário, no rodoviário e no ferroviário.

Sem tantas interferências, há o entendimento do que é ser executivo, sobre o que é a execução na realização de obras, do que é a questão regulatória. E há, também, a noção sobre o que de fato é o relacionamento com as agências propriamente ditas, com as autarquias responsáveis pela gestão do patrimônio do governo; que ainda não estão sob a concessão da iniciativa privada.

Eu diria que hoje, para nós, todos os gestores desse negócio, a centralização do transporte faz com que a visão de administrador fique mais clara sobre quais são os caminhos que o governo vai atender do ponto de vista público. Desse modo, a iniciativa privada poderá demandar esses gestores, ou seja, para que essa postura fique de melhor qualidade, de melhor segurança para uso do sistema de transporte e logística.

Eu vejo esse plano de negócios estabelecido pelo governo, essa visão de onde vai mexer — em portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias e todo um sistema de movimentação — de forma positiva. Criou um ambiente mais favorável, independentemente da pandemia.

Qual é a previsão para o início dos primeiros voos da Itapemirim, já como empresa aérea? E por que vocês decidiram entrar no setor aéreo?

Nós estamos na terceira etapa, de cinco estabelecidas pelo plano do projeto aéreo. E, junto à Anac, em especial, nós estamos na segunda fase, de cinco estabelecidas para que nós possamos ser operadores de passageiros no mercado brasileiro.

Dentro desse universo, nós temos as ações estabelecidas e todo o planejamento já pronto. Estamos dentro de um encaminhamento para chegarmos em março, do ano que vem, realizando o nosso voo inaugural. No início, com 10 aeronaves, e assim realizaremos o nosso grande sonho de levar os aviões amarelo ouro ao céu azul brasileiro.

A Itapemirim está em recuperação judicial. Em termos de gestão, o que o senhor e sua equipe fizeram para contornar o problema econômico que havia na empresa?

Poucos entendem que a recuperação judicial é para trazer de volta aquele sistema que não pôde funcionar por ‘ene’ motivos. Mas nosso ponto principal é seguir estritamente aquilo estabelecido pelo juiz da recuperação judicial.

O crédito já é difícil e você, automaticamente, já é um pouco barrado pelas instituições financeiras, pelos próprios credores que fazem parte do passivo da recuperação judicial. Há, então, um trabalho de recomeço, uma aplicação da resiliência de forma muito significativa.

A ideia é manter a excelência em transporte interestadual de passageiros, de maneira segura, confortável e, acima de tudo, operacional e possível de manter a empresa. Deste modo, será possível trazê-la de volta na sua recuperação.

Estabelecemos uma modelagem focada nas áreas de gente, financeira e de tecnologia. Tudo isso conta com suporte de nossa área jurídica que, naturalmente, nos dá o embasamento que precisamos para manter e cumprir o que foi estabelecido na justiça.

Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA

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