Adm. Mauro Kreuz
O ano de 2020 começou com um alerta na área da saúde. Na China, mais precisamente na região de Wuhan, um novo vírus se espalhou rapidamente, fazendo mais de três mil mortes e, em todo o mundo, até o momento, foram registrados mais de 81 mil casos. O risco global da epidemia saiu de alto para muito alto em poucos dias. Mas, recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia para o Covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus.
Cerca de 50 países registraram casos da doença. Na Itália já foram mais de 400 mortes. Infelizmente, o Brasil começa a registrar os primeiros casos da doença. O primeiro, foi um homem de 61 anos. Uma mulher, que também esteve na Europa com o marido, está internada em um hospital, em Brasília. O seu caso é classificado como grave.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil continua no terceiro e último nível de alerta e, no momento, o país está em fase de contenção para evitar que o agente infeccioso do Covid-19 avance em solo nacional.
Ora, sabemos que a saúde é uma das áreas mais afetadas pela ingerência pública em nosso país. Ao contrário da China, que levantou um hospital em seis dias para tratar vítimas de coronavírus, o Brasil ainda peca em oferecer tratamento digno para a população. Faltam leitos, e infraestrutura básica em muitas unidades de saúde, o atendimento é desumano e, na imprensa, diariamente assistimos indignados o drama de quem precisa de atendimento.
Preocupa-nos a estratégia para conter o avanço do novo coronavírus. O Ministério da Saúde já reconheceu que a doença dificilmente será contida no Brasil, mas que não há motivos para pânico. Em um país onde um minúsculo mosquito não consegue ser controlado e que já matou milhares com a dengue, adoeceu outras tantas com a febre Chikungunya e provocou a microcefalia em dezenas de bebês que, ainda no útero materno, foram contaminadas com o zika vírus, o que esperar do plano de contingência do avanço de um coronavírus que é transmitido pelo ar e pelo contato pessoal?
Por isso, é impossível não entrar em pânico! A saúde é um grande gargalo que o Brasil precisa enfrentar com coragem. Ela é um direito constitucional, mas ele não é garantido por falta de gestão profissional. Para mostrar que a importância da Gestão em Saúde, o Conselho Federal de Administração criou uma série audiovisual focada no assunto. Em três episódios, provou-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) pode, sim, dar certo. Porém, é preciso ser bem gerenciado. Os exemplos mostrados são pontos fora da curva, mas servem de referência.
Mas são esses exemplos que devem ser seguidos. Não há dúvidas, portanto, de que a gestão eficiente é interessante para todos: para a sociedade, que receberá serviço público de qualidade, e para o governo, que economizará muito mais com o uso assertivo dos recursos.
Enquanto a verdadeira mudança na forma como a gestão em saúde é feita em nosso país não acontece, torcemos para que as autoridades encontrem uma solução eficaz e realista para o Covid-19. Para problemas tão complexos não existem soluções simples, mas com vontade política será possível achar a cura ampla e definitiva para o coronavírus e todos os males de saúde enfrentados pelo Brasil.
Adm. Mauro Kreuz
Presidente do Conselho Federal de Administração