Administradores ensinam como ESG pode transformar vidas de pessoas e realidades em países
No fim da manhã deste terceiro e último dia, do FIA, quem esteve presente na palestra “Tendências, disrupção e inovação para organizações sustentáveis” ganhou uma verdadeira aula descontraída e ao mesmo tempo profunda dada pelos jovens administradores Leonel Mendes e Vinícius Lima, com mediação do profissional veterano, e mestre em marketing estratégico, Wladimir de Melo.
Mendes destrinchou o conceito de ESG (sigla inglesa que representa empresas com práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) e apresentou as nuances e valores agregados ao termo, bem como o que chamou de novo capitalismo de stakeholders (voltado a pessoas). Ele esclareceu que as atenções do mundo se voltaram ao tema, devido à questão climática, e destacou que de forma direta ou indireta o novo modelo mudará as formas de operação nas empresas.
Entre os dados e informações apresentados, adiantou que a partir de 2023, a CVM obrigará as empresas brasileiras a colocarem dados sobre práticas ESG em seus relatórios de balanços. Na sequência, apresentou dados de que 95% das agendas corporativas no mundo e 48% dos líderes têm como pauta prioritária atualmente o ESG.
Além da crise climática, que afetará a produção de insumos no futuro, Mendes destacou como razão para interesse na sigla os fatores econômicos, uma vez que as empresas tendem a conseguirem mais investimentos caso adiram ao movimento. O terceiro motivo seria o interesse dos consumidores que agora não estão dispostos a consumirem produtos e serviços de empresas e pessoas que não respeitam os princípios socioambientais e de governança.
Cuidados
As organizações com interesse na nova agenda mundial deverão apresentar práticas como eficiência energética, redução de CO² e gestão de resíduos. Além do fator ambiental, o social também está em alta ao exigir que as empresas busquem diversidade e impacto na sociedade, tanto ao se preocupar com seu colaborador (seu bem estar e direitos trabalhistas) como também a responsabilidade com os clientes e direitos humanos em geral.
A organização que tiver interesse em adotar o ESG, segundo Leonardo Mendes, deve adotar gestões de risco, ao criar matrizes de processos operacionais de governança — o que ajudaria a perceber os gargalos e demais problemas e impactos causados pelas operações das empresas. Destacou, ainda, que 52% das empresas brasileiras não possuem maturidade (conhecimento de causa) ao falar de temas como governança, compliance (programas de conformidade às leis e métodos anticorrupção) e sustentabilidade.
Entre os desafios para aplicação do modelo, Mendes enumerou três fatores: o primeiro é convencer o empresariado de que ESG não é um gasto supérfluo, mas sim uma solidificação de suas rotinas para um novo comportamento exigido pelo mercado consumidor.
O segundo fator, segundo o administrador, é estabelecer metas e objetivos na aplicação do programa, bem como criar políticas voltadas ao tema. Já o terceiro é ter avaliação de riscos emergentes, com e sem adoção da prática.
“As empresas não têm definido seus frameworks ou suas metodologias de mensuração da estrutura ESG. Por outro lado, há mecanismos que já contemplam avaliar tais práticas como o índice desenvolvido pela Ibovespa (atual B3) para ranquear empresas que de fato praticam o modelo”, diz.
Caminhada
Segundo palestrante do evento, o administrador e ganhador do ‘Prêmio Jovem Profissional-RS’, Vinícius Lima, contou como funciona a nova dinâmica da sociedade e por que temas ligados ao universo ESG ganharam tanta relevância. O principal fator, segundo ele, é a tendência de ‘conexão ideológica’ entre empresa, consumidor e sociedade (opinião pública).
Lima contou sua experiência como empreendedor e enfatizou a importância da qualificação para aqueles que desejam abrir o próprio negócio. Mestre em marketing estratégico, ele resolveu compartilhar sua experiência ao fundar a empresa Besouro, de fomento social e que contribui com o poder público e com o terceiro setor para transformar a vida de pessoas em estado de vulnerabilidade.
Como público-alvo as periferias e populações de baixa renda, eles ensinam planos de negócios e técnicas para que pequenos empreendimentos tenham sustentação e não venham a falir. Destacou que os países considerados desenvolvidos alcançam índices altos e positivos em áreas como educação, saúde, segurança pública e inovação, por que governo e iniciativa privada investem em pessoas.
“A sociedade pensa na sociedade, é simples assim. Então o empresário pensa em quem precisa, e quem precisa pensa no (lado do) empresário: todo mundo se ajudando, a tendência é que o país se desenvolva de uma forma muito mais rápida”, esclareceu.
Lima confessou que nunca trabalhou de carteira assinada e falou aos mais jovens que não há o que se envergonhar quanto a isso. Destacou que é preciso pensar não no problema — pois em geral este está claro —, mas sim na solução e, na sequência, dar o primeiro passo para depois continuar a caminhada.
“Não tem como dar dez passos sem dar o primeiro. Por isso, na Besouro tentamos fazer com que essas pessoas em condição de vulnerabilidade socioeconômica entendam que elas não dependem do poder público, de programas sociais e nem de uma educação extremamente profunda para iniciar um negócio: é preciso comprometimento consigo mesmo, com seu negócio e com seu sonho”, finalizou.
Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA