Tragédia traz desafios complexos para os negócios e demanda profissionais de gestão
Os efeitos da catástrofe climática no Rio Grande do Sul ainda são desconhecidos no longo prazo. Mas o problema já atinge os empresários gaúchos, em cheio. A triste sensação de perder o que levou uma vida para construir é experimentada pela empresária Maira Motta.
“Está tudo com lama. A gente enxerga tudo da mesma cor. É uma situação e um cheiro horríveis. A água chegou na altura da vitrine, que deve ter uns 80 cm mais ou menos, e ela veio pelos esgotos também, porque o problema foi, na verdade, a falta de manutenção da prefeitura, pois essa água toda voltou pelos esgotos. Isso aqui tudo, que alagou, é esgoto. Não é a água lá do Guaíba que está vindo. É isso que a gente fica mais sentido, né?”.
A proprietária de duas lojas em Porto Alegre ainda não calculou o prejuízo dos estragos, mas prevê que será alto depois de ver a loja de móveis planejados tomada pela água no bairro Cidade Baixa. Foram 7 dias de portas fechadas e 15 tentando recuperar o que dava para salvar. Entre os materiais perdidos estão móveis em MDF, estantes e sofás.
“É uma construção de uma vida inteira e que tu nunca mais vais conseguir fazer de novo. Se o governo não oferecer auxílio, não tiver uma ideia muito boa, ninguém vai se recuperar”, lamenta Maira.
No dia da entrevista, a empresária ainda não tinha conseguido verificar os estragos na outra loja, a de móveis usados. Sobre os planos para erguer o negócio de mais de 20 anos, ela pensa em firmar alguma parceria com uma fábrica e esperar as propostas do governo.
Enquanto essas propostas do governo não saem, o Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul já está estruturando um projeto de mentoria para ajudar na recuperação de micro e pequenas empresas no estado. O presidente do CRA-RS, Adm. Flávio Abreu, detalha a iniciativa.
“Nós faremos a aproximação entre aquele que precisa do mentorado e do mentor, que é a pessoa física registrada também no Rio Grande do Sul, a Jim Planks também, que vai oferecer o seu conhecimento em prol da reconstrução dessa empresa que foi afetada em diversos setores”.
A mentoria gratuita para micro e pequenas empresas registradas no CRA-RS será em áreas específicas, como financeira, logística e captação de recursos. A orientação também vai ajudar empresários a montar planos de negócios.
“É difícil dar um dado, mas pelo que a gente acompanha, pouquíssimas empresas têm. E o que é um plano de negócio? É um documento estruturado, escrito, que vai descrever quais são os objetivos do negócio, qual é o mercado que ele pretende atingir, quais são os seus serviços fornecedores. Ele também estabelece metas, faz um orçamento para que o negócio possa ser desenvolvido. É muito parecido com o projeto estratégico, mas é algo mais direcionado”, esclarece Abreu.
Para as mentorias, o CRA vai montar um banco de dados com profissionais voluntários registrados e adimplentes, que vão atender os empresários. O acompanhamento será feito de forma voluntária, sem custo e sem vínculo empregatício entre o mentor e a empresa beneficiada. As inscrições para os voluntários já estão abertas e a expectativa é que o projeto tenha início já no mês de junho. Interessados devem se cadastrar por meio de um formulário disponível no site. Para sanar dúvidas e obter mais informações, entre em contato por meio do e-mail secretaria.apoio@crars.org.br.
Adriana Mesquita
Assessoria de Comunicação CFA