Na campanha de 9 de setembro deste ano, Dia do Profissional de Administração, decidimos focar na parte econômica. O slogan “#ADM o profissional chave para a recuperação econômica do país” surgiu porque acreditamos de fato nisso.
Atualmente, o mercado busca uma gestão econômico-financeira mais eficiente e sem erros que poderiam ter sido evitados. E mesmo quando se fala de gestão pública, a sociedade espera o mesmo e a profissionalização na gestão é a maneira mais confiável de tornar empresas e países mais competitivos, sobrevivendo, e até mesmo se destacando, em ambientes cada vez mais exigentes.
Há cerca de um ano e meio no Brasil, e um pouco mais no mundo, tudo parece ter virado de cabeça para baixo. Como diz um dos grandes pensadores da Administração, Peter Drucker, “Mais arriscado que mudar é continuar fazendo a mesma coisa”. É preciso tirar lições concretas do que estamos vivendo.
Diante disso, a reflexão que eu gostaria de levantar hoje é a de que os profissionais de Administração são necessários no processo de profissionalização e indispensáveis no dia a dia dos negócios. A Administração, como eu sempre digo, é a ciência que possui uma uma visão holística dos fatos, englobando metodologias, técnicas, conceitos e teorias que contribuem significativamente para resultados positivos, desempenhos elevados e competitividade empresarial.
Em um país com cerca de seis milhões de Micro e Pequenas Empresas que são responsáveis pelo giro da economia, contar com um profissional de Administração capacitado é a receita básica para a resistência e durabilidade dessas empresas. Não foi à toa que pensamos neste tema para este ano. O que vemos ao longo da história é que, por diversas vezes, os profissionais de Administração foram reconhecidos por sua atuação na área econômica.
São exportações que vão aumentando, criação de novos negócios, surgimento de grandes multinacionais brasileiras, profissionalização do empreendedorismo, gestão aplicada a partir de dados que contribuem para a ampliação do mercado de consumo, uma infinidade de conquistas que poderíamos listar. No âmbito público, a ausência dos mesmos também é clara. Desperdício de dinheiro, falta de gestão, corrupção, erros de projetos, de monitoramento, enfim.
Trago aqui um recente exemplo, muito sólido, do que estou dizendo com relação a esse reconhecimento: a retirada de tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n.º 108, de 2019, pelo Governo Federal. A PEC pretendia alterar a natureza jurídica dos conselhos profissionais e desobrigar o registro do profissional, ameaçando desregulamentar as atividades profissionais atualmente abrangidas por 32 conselhos federais. Nós atuamos em várias frentes e gostaria de reforçar que essa é uma vitória de todos.
A Administração será cada vez mais valorizada, sendo imprescindível porque, na verdade, já o é. O declínio da PEC evidencia essa valorização da profissão e portanto dos seus profissionais e em defesa da sociedade brasileira.
O fim das profissões regulamentadas criaria um verdadeiro anarquismo social com riscos de elevada letalidade social e de caráter irreversível. Não teríamos mais como corrigir isso. Seria um dano, um risco social irreparável e que foi contido para o bem da população para que tenham sempre a segurança da cobertura de um exercício profissional legalizado, fiscalizado e de qualidade.
Embora seja verdade que um dos nossos maiores desafios continua sendo o de mostrar, constantemente, a importância da Administração para a sociedade para que possamos ter uma gestão pública mais eficiente e com entregas sociais mais céleres.
No mundo do trabalho, seja na área pública ou privada, as oportunidades na nossa área continuam exponencialmente elevadas. Contudo, existe um paradoxo e digo até um gargalo que é a inadequada formação profissional que ainda predomina na Administração.
Nós temos excelentes ilhas de estudo no Brasil que se comparam a padrões internacionais. No entanto, o que sobressai ainda é um ensino de duvidosa qualidade formativa que permita um desempenho profissional de alta performance como hoje é requerido no mercado.
Nas organizações privadas, a Administração deverá contribuir ainda mais para diminuir a enorme taxa de mortalidade, em especial nas MPEs citadas acima, e contribuir para a longevidade dos negócios, tornando-os mais longevos. Mas é preciso que tenhamos profissionais capacitados para tal. Onde estão? Que formação estão recebendo? Este é um ponto de alerta.
Apesar de comprometidos sim com os resultados financeiros, nosso olhar é sempre um olhar de proteção social. Ou deveria ser. Todos nós profissionais de Administração e os futuros profissionais temos que ter esse olhar de zelo social, de não permitir que pessoas não habilitadas, não preparadas exerçam ilegalmente a profissão. Isso é expor a sociedade brasileira a riscos desnecessários e mais, depreciar a ciência e a profissão de Administração.
Para além das nossas competências ética e moral, negligenciar informações, dados e métodos na gestão não é mais aceitável. Nos profissionalizamos para não corrermos o risco do obsoletismo. Precisamos ter a consciência de que só existe uma forma: estudar para o resto da vida.
Parabéns, profissional de Administração! Por hoje, por ontem e por amanhã. A sua contribuição é imprescindível para a consolidação da gestão profissional que o Brasil tanto almeja e precisa.
Administrador Mauro Kreuz
Presidente do CFA