Um dos pontos altos do segundo dia do Fórum Internacional de Administração (FIA) foi a palestra de Tonico Novaes, diretor do maior evento de tecnologia do Brasil, a Campus Party. Ele falou sobre a revolução digital que já está acontecendo no mundo, e os temas que seus espectadores devem saber para situar-se no mercado, como profissional ou como empreendedor.
Tonico começou explicando no que consiste a revolução digital, contexto em que a Big Data substitui intelecto humano. Citou como exemplo o Watson, sistema robótico da IBM que faz análise de processos com precisão de mais de 90% de acerto, em relação a um advogado humano.
Os geeks – entusiastas por tecnologia que buscam aprender o máximo possível sobre setores específicos da tecnologia – pode ser qualquer pessoa, independente da idade, e “tem um poder gigantesco no ambiente em que ele vive”.
“É o geek é aquele que orienta os pais, tios, avôs a comprarem produtos de tecnologia. Ele tem um baita poder de influência nas mãos e é preciso saber lidar com este cara, falar a linguagem dele e como ele age”, explicou.
Novaes destacou que a geração Z, considerada nativa em tecnologia, embora tenha expertise no tema, não tem resiliência e não saberia ouvir um ‘não’. Mas realçou o lado positivo que eles trabalham por um propósito de mundo e, por isso, vão mudá-lo.
O palestrante frisou, porém que na mesma proporção que a geração Z tem de dominar as principais tecnologias não possuem qualificações necessárias para o mercado de trabalho. “Esses caras (geração Z) tem de ter em mente que se eu (da geração X ou Y) me digitalizar, eu te engulo no mercado de trabalho”, analisou.
Na sequência, ele comparou os sonhos das gerações anteriores (geração Baby Boomers e geração X), cujos sonhos eram possuir um emprego público e ter um diploma, respectivamente. Já a sua geração (Y) era mais ligada à querer empreender e saber fazer diferentes coisas e de forma rápida.
Novaes avalia que a educação no Brasil é baixa, e nos negócios ela é pior ainda. Ele comparou o brasileiro a um profissional que foi demitido, então decidiu abrir seu próprio negócio.
“O problema do desemprego não é político, é da tecnologia que está chegando e vai tomar trabalho de muitas pessoas. Devemos parar de falar em geração de empregos, mas sim em geração de renda, pois o modo de trabalho não apenas vai mudar, como já está mudando no mundo”, revela.
A velocidade dinâmica da tecnologia também foi abordada por Tonico. Ele perguntou à plateia se há cinco anos eles passavam cerca de quatro horas no Facebook, obtendo resposta positiva. Em seguida, ele perguntou se a plateia passa mais de 5 minutos por acesso, hoje, e obteve igualmente afirmação, o que comprovou sua tese.
Sobre o mercado de trabalho ele foi taxativo ao dizer que “talentos e estrategistas tendem a ficar nas empresas” e que não há nada que governos e legisladores possam fazer a respeito da nova tendência mundial.
“Nossos legisladores são tão atrasados que querem novamente regular o Uber. É por causa de gente assim que nossas leis são arcaicas e são ruins de chorar. Alguém deveria dizer a eles, que quanto menos eles se meterem na nossa economia é melhor”, finalizou.