ENTREVISTA (Parte 1)
Tonico Novaes, da Campus Party, será um dos palestrantes do FIA 2019 e antecipou alguns dos assuntos que abordará no evento
Diretor-geral de um dos mais famosos eventos de tecnologia do Brasil, a Campus Party, Antônio Novaes (o Tonico), será um dos palestrantes do Fórum Internacional de Administração (FIA), que acontecerá em outubro, na cidade de Palmas-TO. Administrador de formação, ele comentou as novas tendências que estarão presentes no mercado de trabalho nos próximos anos e as inovações no campo da Administração. Esta é a primeira parte de entrevista que será publicada no site do CFA.
Explique-nos o que é a Campus Party. Ela é uma feira de tecnologia?
A Campus Party é um grande acontecimento. É onde a gente consegue unir comunidades de diversos setores de tecnologia: sejam elas de *‘internet das coisas’, *blockchain, software livre, ciências, programadores, etc. Não, ela não é uma feira, porque você não vai lá para comprar nada. Você vai lá para fazer networking, para ter aprendizado, crescer pessoal e profissionalmente. Você também vai lá para se aperfeiçoar, para conhecer startups, para recrutar talentos e entender quais são as tecnologias e as disciplinas que estarão permeando as profissões do futuro. Esse é um pouco do conceito da Campus Party. Ela busca inserir jovens de baixo poder aquisitivo num ambiente de tecnologia e inovação.
O que acontece na Campus Party, por que ela se tornou o sucesso que é hoje, no Brasil?
A gente tem lá muitas atrações. Desde uma área que é open e gratuita, onde a gente recebe toda a família, até atividades mais lúdicas: com drones, robótica, startups e a educação do futuro. Dentro da arena tem ainda atividades mais específicas. Tem palcos com as palestras, workshops, os hackatons, as bancadas que simulam um imenso coworking — onde as pessoas vão para trabalhar, se relacionar, fazer networking, conhecer novos amigos e criar a sua nova startup. Dali saem ideias maravilhosas, ali saem legados, tanto na Educação, no empreendedorismo, legados que ficam para a sociedade através dos hackatons, dali a gente consegue entregar diversos tipos de resultados de próprio legado mesmo, para toda a sociedade.
A união entre administração e a informática é uma tendência para o futuro?
Bom, eu acho que o futuro já chegou, o futuro é hoje. A Lei de Moore dizia: “a cada ano a velocidade de programação vai se duplicando em relação ao ano anterior”. E a gente já está vendo essa inovação. Nós estamos prontos para ver, nos próximos cinco anos, a mesma velocidade de inovação que a gente acompanha nos últimos 50 anos.
Hoje, a gente já tem a internet das coisas, blockchain, a própria parte de programação, de robótica, já faz parte do nosso dia a dia. Muitos estudos dizem que nas próximas décadas a maioria dos empregos vai desaparecer. As profissões vão desaparecer, mas muitas outras vão surgir. Estamos trazendo isso à tona na Campus Party — para que a gente possa discutir quais são as próximas profissões que vão aparecer. Há 200 anos, quando a houve a Revolução Industrial, as máquinas substituíram o trabalho humano; o trabalho braçal, principalmente na linha de produção. Hoje a gente está lidando com tecnologias como a internet das coisas, inteligência artificial, machine learning, blockchain, que vão substituir o intelecto. Então, como é que a gente vai se preparar para que os robôs possam substituir o intelecto humano nos próximos anos? Como que a gente vai criar essas novas profissões e possa ter humanos e robôs coexistindo dentro de uma sociedade sadia para todos nós?
Qual o impacto que as tecnologias tem feito hoje no mercado de trabalho?
A gente já vê isso trabalhando em diversos setores por aí. Tem escritórios de advocacia que tem inteligência artificial e consegue analisar mais de mil processos em questão de segundos. É possível selecionar isso para que os advogados especialistas possam trabalhar. Hoje tem o Watson, da própria IBM, que é inteligência artificial e é possível diagnosticar uma pessoa. Quem nunca foi em três médicos que deram diagnósticos completamente diferentes? Acho que já estamos vivenciando isso, com tecnologias que estão substituindo o trabalho humano. Vemos o próprio blockchain, quando ele é utilizado dentro da cadeia de produção, não só como uma tecnologia que esteja por trás de crípton moedas, mas principalmente que esteja por trás da cadeia de produção. E (o vemos) testando toda a produção de um produto, de um serviço, dando mais veracidade.
E o que ainda pode ser mudado no dia a dia das pessoas?
É quase um absurdo que em 2019 a gente tenha que andar com um papelzinho no bolso para dizer que você é você, um RG para dizer que a Anelise é a Anelise, que o Antônio é o Antônio. Isso é um absurdo, nós estamos em 2019. Nós já deveríamos ter tudo funcionando através de um de um equipamento governamental que pudesse ver através de uma pressão digital ou da íris ocular e pudesse atestar que nós somos nós mesmos. Então… a gente já tem essas tecnologias para permitir isso, e eu acho que isso vai chegar de uma maneira muito rápida para que a gente substitua não só o intelecto, a força de trabalho, mas também a burocracia que hoje existe hoje. Vai ter uma inovação muito rápida nos próximos anos.
Clique aqui para ver a segunda parte da entrevista.
GLOSSÁRIO:
*Internet das coisas – presença de internet em dispositivos como geladeiras, carros e sensores de climatização.
*Blockchain – modelo de descentralização de informações, com proteção de segurança máxima. É relacionado a índices de transações de moedas eletrônicas.
*Hackaton – maratona entre programadores (hackers), onde são dados desafios específicos, a fim de explorem códigos fontes de programas e soluções de segurança.
*Coworking – compartilhamento de espaço de trabalho entre empresas — ou profissionais liberais —, bem como de recursos utilizados em escritórios.
Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA