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Tonico Novaes fala sobre disruptividade e novas tendências na administração

ENTREVISTA (Parte 2)

“Tem uma série de oportunidades e de inovações disruptivas que chegaram ao mercado. A tecnologia vai ser avassaladora. Quem quiser ir contra ela, vai ser atropelado”  (Tonico Novaes)

Na primeira parte da entrevista sobre o FIA 2019, Antônio Novaes (Tonico) falou  sobre o papel da Administração e da tecnologia no desenvolvimento da economia. Também explicou o impacto da computação no mercado de trabalho e o que já está sendo mudado no dia a dia das pessoas. Nesta segunda parte, ele analisa o cenário de inovação e o futuro da Administração, com ênfase nas qualificações necessárias para o sucesso profissional nos tempos atuais. 

Com relação ao impacto da tecnologia no mercado de trabalho, e também no cotidiano das pessoas, como fica o quesito inovação neste contexto?

Olha, acho inovação uma palavra já meio batida. Hoje em dia, todo mundo adora colocar inovação no meio de qualquer frase. Não é algo que necessite de tecnologia. Se você tem um hotel com um menu de travesseiro, e quer fazer concorrência a ele (hotel), então você pode criar um menu de cobertores. Aí, você já está inovando e não precisou de tecnologia. 

O que a gente está procurando hoje através da tecnologia, é *desruptividade. Como que a gente pode fazer diferente, como pode ser disruptivo através da tecnologia para tornar o trabalho, o estudo, as profissões em algo relativamente mais simples e sem gastar muito. Acho que esse é o grande desafio de um futuro próximo.

 E quanto aos administradores, como você avalia o cenário futuro da profissão?

Acho que é preciso se atualizar. Hoje em dia poucos administradores entendem de programação, por exemplo. E é algo tão básico e necessário para todos nós. Poucos entendem de robótica. Então, numa era em que a gente já começa a falar de inteligência artificial, de automação, de *blockchain e de *internet das coisas, como que nós, administradores, estamos nos atualizando com relação a isso? 

Como é que nós podemos conhecer a fundo essa tecnologia, não só para colocar um robô funcionando, mas para tornar o nosso dia a dia mais fácil? O objetivo é trazer ideias que às vezes podem surgir apenas conhecendo esse tipo de produto, esse tipo de disciplina. Tem alguns exemplos práticos que acontecem. A gente tem um produto dentro da Campus (Party), que é a Campus Future. Ela traz projetos de inovação e de universidades.

 Em uma dessas edições, uma criança levou um balde d’água e, do lado, ele tinha uma horta que precisava ser regada. Tinha uma bomba e o balde simulava uma represa; ao lado, era a plantação. A bomba irrigava a plantação, só que no tempo de estiagem a represa secava e, mesmo com a bomba, não funcionava.

 Então foram criados alguns sensores, ligados nas raízes das plantas através de uma placa de arduíno, que é uma coisa que custa R$ 150, super barato. Eles mediram quando realmente a plantação precisava de água. Ao invés de regar com jatos de água, ele regava com um equipamento que usava algumas gotas. Ou seja, economizava e só regava quando era necessário.

 Com um sistema super simples, ele parou de falar na região dele. Algo que é super comum em tudo relativo ao agronegócio, super comum na região do Tocantins, de Palmas, foi criado por um jovem que está na universidade ainda. É preciso ter diferentes tipos de conhecimento.

 O que falta em termos de qualificações, aos administradores?

 Como é que os administradores ainda não estão se especializando em programação e robótica para trazer esse tipo de inovação para os seus negócios? Eu acho que a tecnologia veio para ficar, assim como as máquinas vieram para ficar na Revolução Industrial de quatro anos atrás.

O que os administradores precisam é se especializar e entender como se aperfeiçoar, como eles vão estar prontos para essas novas tecnologias. Eu não vejo a tecnologia para resolver só a gestão pública. É a gestão privada e pública. Eu citei aí os blockchain que acaba com os cartórios. Você tem que ir lá e autenticar que um papel é verdadeiro com outro.

Quando a gente já tem o blockchain… a coisa mais arcaica que existe é ter que fazer uma conferência de assinatura através de carimbos. É ridículo a gente estar vendo isso, ainda em 2019. As tecnologias vêm para revolucionar.

O Uber, hoje, que já está aí, e deu tanta polêmica, não perguntou para a gestão pública e para o Legislativo: -Ei, eu posso entrar… você acha que tem espaço para mim? A tecnologia simplesmente chega avassaladora, chega conquistando. 

O Airbnb, que é um aplicativo de mobilidade, em cinco anos terá mais habitações, mais leitos, que o próprio Hilton, que demorou mais de 60 anos para ser construído. Hoje é o principal concorrente do Hilton, só que o Airbnb não tem nenhum leito. 

São exemplos práticos de tecnologia que já chega de forma avassaladora. O próprio Rappi, de entregas, cada vez mais a gente vai vendo. Tem agora um novo aplicativo que te entrega comida no meio do trânsito. Ele te acha por geolocalização. 

Você está no meio do trânsito, com fome, e pede algo para comer no meio do trânsito. Enfim, tem uma série de oportunidades e de inovações disruptivas que vem chegando no mercado. A tecnologia vai ser avassaladora. Quem quiser ir contra ela, vai ser atropelado.

 O que você vai apresentar no FIA?

Olha… quem se inscrever, vai encontrar um chute na canela, porque eu não estou indo para passar a mão na cabeça de ninguém. Estou indo mostrar que a gente realmente precisa acordar para o futuro que já chegou e para mostrar para as pessoas, a esses administradores, que a tecnologia veio para ficar e que eles precisam cada vez mais se inovar. 

Daqui a pouco, o que eles aprenderam na faculdade não vai servir mais para nada. Então, eles precisam se inovar, precisam se atualizar, precisam entender como vai funcionar o mercado de trabalho para que os seus negócios sejam cada vez mais sustentáveis e saudáveis.


Clique aqui para ver a primeira parte da entrevista.

GLOSSÁRIO:

*Blockchain – modelo de descentralização de informações, com proteção de segurança máxima. É relacionado a índices de transações de moedas eletrônicas.

*Disruptividade – Ato de romper com um conceito, valor ou realidade estabelecida. No sentido acima, inovação tecnológica que derrubou tecnologia já estabelecida no mercado ou sociedade.

*Internet das coisas – presença de internet em dispositivos como geladeiras, carros e sensores de climatização.

 

Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA