Mais da metade dos filhos (51,4%) tiveram ascensão sócio-ocupacional em relação à mãe (mobilidade intergeracional), enquanto 47,4% ascenderam em relação ao pai. A presença da mãe no domicílio contribuiu para um nível mais elevado de escolarização dos filhos, o que pôde ser confirmado comparando-se os percentuais de pessoas sem instrução que moravam apenas com a mãe (10,3%) ou com pai e mãe (10,8%), com os de filhos que moravam apenas com o pai (16,2%). Do mesmo modo, para filhos que completaram o ensino superior, obtiveram-se taxas de 14,4% quando moravam com pai e mãe, 11,9% se moravam somente com a mãe e 9,6% quando moravam somente com o pai.
A escolaridade dos pais influenciou o rendimento médio dos filhos, independentemente da escolaridade desses filhos. Para pessoas com nível superior, havia distância marcante de renda quando o pai (R$ 6.739,00) ou mãe (R$ 5.826,00) também tinham nível superior em relação ao rendimento obtido quando o pai (R$ 2.603,00) ou mãe (R$ 3.078,00) não tinham instrução.
Ao longo da própria vida profissional (mobilidade intrageracional), cerca de metade das pessoas (49,1%) mantiveram-se no mesmo grupo sócio-ocupacional em relação ao primeiro emprego, enquanto 11,1% caíram de um estrato para outro inferior. 38,6% dos ocupados tiveram ascensão, percentual fortemente influenciado pelo grupamento de trabalhadores agrícolas, dos vendedores e prestadores de serviço do comércio e dos trabalhadores dos serviços.
É o que mostra o suplemento Mobilidade Sócio-ocupacional, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2014), realizado em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS), e que mostra a mobilidade sócio-ocupacional dos filhos em relações aos pais, em estratos classificados segundo rendimento e um critério de vulnerabilidade. Todos os resultados da pesquisa podem ser acessados aqui.
A mobilidade pode ser intergeracional, mobilidade de sócio-ocupação dos filhos em relação aos pais, ou intrageracional, resultado da mobilidade dos indivíduos ao longo de sua carreira. A análise da mobilidade foi feita a partir do movimento dos indivíduos por seis estratos sócio-ocupacionais, classificados de A a F, em ordem decrescente de renda e vulnerabilidade social (que leva em conta o percentual de pessoas no grupo ocupacional que recebem menos de um salário mínimo e as que não possuem rendimento): A – dirigentes em geral (Diretores de empresas, gerentes de produção, dirigentes de organizações de interesse público), profissionais das ciências e das artes (engenheiros, médicos, professores, advogados, jornalistas, bailarinos, atores); B – técnicos de nível médio (eletrotécnicos, técnicos químicos, corretores de seguros, professores com nível médio, atletas, vitrinistas); C – trabalhadores de serviços administrativos (escriturários, secretários, contínuos); D – trabalhadores da produção de bens e serviços e de reparação e manutenção (trabalhadores da indústria extrativa, construção civil, ferramenteiros, montadores de motores e turbinas, joalheiros, marceneiros); E – vendedores e prestadores de serviço do comércio e trabalhadores dos serviços (supervisores de venda, vendedores, repositores); F – trabalhadores agrícolas (produtores agropecuários, trabalhadores agrícolas, extrativistas florestais, pescadores e caçadores.) Foram excluídos da análise o grupo de ocupados nas forças armadas e auxiliares, por terem características de renda e escolaridade muito heterogêneas.
(1) Inclusive as pessoas do grupamento membros das forças armadas e auxiliares.
Mobilidade intergeracional: 51,4% dos filhos tem ascensão sócio-ocupacional em relação à mãe e 47,4% frente ao pai
A pesquisa mostrou que a mobilidade intergeracional dos filhos cujas mães estavam ocupadas quando eles tinham 15 anos chegou a 51,4%. Permaneceram no estrato sócio-ocupacional da mãe 36,3% e 11,5% tiveram mobilidade descendente. Já em relação ao pai, 47,4% conseguiram mobilidade ascendente, 33,4% dos filhos reproduziram a ocupação do pai e 17,2% tiveram mobilidade descendente, ocupando postos de trabalho com menor rendimento e maior vulnerabilidade. Os trabalhadores agrícolas registraram ascensão de 26,0%, a maior entre todos os estratos analisados, seguidos pelos trabalhadores da produção de bens e serviços e de reparação e manutenção, com 11,5% ascendendo profissionalmente. Entre os trabalhadores cujo pai era técnico de nível médio (estrato B), apenas 1,1% teve mobilidade ascendente, deslocando-se para ocupações que demandavam maior qualificação.
Analisando os grupos ocupacionais dos pais quando os filhos tinham 15 anos de idade e o grupo ocupacional no qual o filho estava ocupado na semana de referência da pesquisa é possível observar a persistência dos filhos nos grupos ocupacionais dos pais, como é o caso dos pais que trabalhavam como profissionais das ciências e das artes no qual 46,1% dos filhos também trabalhava. Também é possível observar que 22,7% dos filhos de trabalhadores de serviços administrativos e 22,9% dos filhos de técnicos de nível médio estavam ocupados no grupo de Profissionais das ciências e das artes, tendo sido este o grupamento ocupacional que mais recebeu filhos destes dois grupamentos citados.
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(1) Inclusive as pessoas com ocupação maldefinida ou não declarada no trabalho principal da pai, quando tinham 15 anos de idade.
Filhos têm menor percentual de mobilidade quando pais e mães são analfabetos
O contexto familiar exerce forte influência sobre a trajetória dos filhos. Os filhos de pai não alfabetizado que apresentaram mobilidade intergeracional ascendente totalizaram 21,8% dos entrevistados que residiam com o pai aos 15 anos de idade. Já os de mãe não alfabetizada que ascenderam totalizaram 23,8%.
Para o indicador de taxa de alfabetização, o suplemento mostra que estar ou não morando com o pai, aos 15 anos de idade, resulta em taxas de alfabetização praticamente iguais (91,8% e 91,7%). No entanto, quando se trata de ter morado ou não com a mãe, nessa idade, a taxa de alfabetização varia de 88,1%, para os que não moravam, a 92,2% para os que moravam.
Do mesmo modo, os menores percentuais de pessoas sem instrução estão relacionados aos filhos que, aos 15 anos de idade, moravam apenas com a mãe (10,3%) ou com pai e mãe (10,8%). Para filhos que moravam apenas com o pai, o percentual de pessoas sem instrução chega a 16,2%. Por outro lado, para as pessoas que completaram o ensino superior, foram registradas taxas de 14,4% (moravam com pai e mãe), 11,9% (moravam somente com a mãe) a 9,6% (moravam somente com o pai).
Nível de rendimento dos filhos está associado à escolaridade do pai e da mãe
A escolaridade dos pais é um fator importante no rendimento médio dos filhos, independentemente da escolaridade desses filhos, mostrando que a renda média aumenta proporcionalmente à escolaridade do pai ou da mãe (quando o filho tinha 15 anos).
Em 2014, a média de rendimentos do trabalho de pessoas com nível superior completo cujas mães não tinham instrução era de R$ 3.078, chegando a R$ 5.826 para aquelas com mães com ensino superior completo. Do mesmo modo, o rendimento médio do trabalho de pessoas com nível superior era de R$ 2.603 quando o pai não tinha instrução, chegando a R$ 6.739, no caso de pessoa cujo pai tinha nível superior.
Para pessoas com ensino médio completo, o rendimento médio variava de R$ 1.431, quando a mãe não tinha instrução, a R$ 2.209, para aquelas cuja mãe tinha nível superior; e de R$ 1.367, para aquelas cujo pai não tinha instrução, a R$ 2.884,00 no caso de o pai ter nível superior.
Mobilidade intrageracional: em relação ao primeiro trabalho, 38,6% das pessoas tiveram ascensão sócio-ocupacional
Ao longo de sua vida profissional, pouco mais da metade das pessoas (49,1%) mantiveram-se no mesmo grupo ocupacional do seu primeiro emprego. Os trabalhadores das ciências e das artes foram os que menos se deslocaram para outros grupos ocupacionais: 67,0% deles permanecendo no mesmo grupamento do primeiro trabalho. Já o grupamento que menos reteve trabalhadores foi o de vendedores e prestadores de serviço do comércio (25,6%).
Do total de trabalhadores, 38,6% ascenderam de um estrato mais baixo para um mais alto, em relação à primeira ocupação. Esse percentual foi fortemente influenciado pela ascensão dos trabalhadores agrícolas e dos vendedores e prestadores de serviço do comércio e dos Trabalhadores dos serviços, ambos 14,6%. As pessoas que tiveram queda em relação ao primeiro trabalho representam 11,1%.
Ocupação do pai influi na idade em que o filho começa a trabalhar
A idade de entrada no mercado de trabalho varia de acordo com o grupamento ocupacional do pai: quando o pai tinha como ocupação o trabalho agrícola, 59,6% dos filhos iniciaram o trabalho até os 13 anos; quando o pai era trabalhador da produção de bens e serviços, quase metade dos filhos (48,9%) começaram a trabalhar entre 14 a 17 anos; já entre os filhos de pai profissional das ciências e das artes, 30,8% começavam a trabalhar entre 20 a 24 anos.
A posição na ocupação do pai também reflete na idade para se iniciar no mercado de trabalho. Por exemplo, 46,6% dos filhos de pai cuja posição era conta-própria iniciaram no mercado de trabalho até 13 anos; enquanto 21,2% dos filhos de pai cuja posição era empregado com carteira de trabalho assinada começaram nessa faixa.
Fonte: IBGE