62 municípios concentravam cerca de 50% do PIB em 2013, diz IBGE

Eles representavam 32,8% da população no ano, informou o instituto.
Sete municípios com maiores PIBs correspondiam a 1/4 da economia do país.

Cristiane Caoli

Do G1, no Rio

Apenas 62 municípios, num total de 5.570 no país, concentravam cerca da metade de toda a riqueza (bens e serviços finais produzidos) gerada no Brasil em 2013 – concentração menor que a registrada no ano anterior, quando 57 municípios, no total de 5.565, responderam pela mesma fatia. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (18).

maiores fatias ibge

Esses municípios correspondiam a 32,8% da população daquele ano, afirmou o instituto. As informações fazem parte do Produto Interno Bruto dos Municípios 2010-2013.

“A economia desconcentrou? Sim. Agora esses valores ainda são extremamente altos. Uma coisa é fato, no passado, no presente, ou num futuro próximo: as economias municipais estão em cima dos preços dos commodities. É isso que vai aumentar o PIB dos municípios ou diminuir, é o preço dos commodities ainda”, analisou Sheila Zani, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

7 maiores municípios
A renda gerada pelos sete maiores municípios, em relação ao PIB, correspondeu a, aproximadamente, 25% de toda a geração de renda do país. Esses municípios tinham 13,8% da população naquele ano. São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte,Curitiba, Manaus e Campos dos Goytacazes(RJ).

“Sete municípios produzem o mesmo PIB que 5.238 [municípios do país]. É a mesma quantidade”, ressaltou a gerente. Segundo o IBGE, de 2010 a 2013 não houve alteração significativa entre os municípios com maior participação no PIB.

A pesquisa mostrou ainda que Campos de Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, tornou-se, a partir de 2011, com economia pautada na extração de petróleo e gás, o maior município gerador de renda, sem considerar os municípios das capitais. No entanto, de 2013 para 2012, perdeu 0,1 ponto percentual na participação “em virtude da queda na produção do petróleo”.

O instituto revelou ainda que “apenas 20 municípios tinham participações acima de 0,5% da economia do país”, e que entre eles, havia cinco capitais: Porto Alegre (1,1%), Salvador (1,0%),Fortaleza (0,9%), Recife (0,9%) e Goiânia (0,8%).

No mesmo ano, 1.388 municípios que pertenciam à última faixa de participação relativa responderam por, aproximadamente, 1% do PIB, e concentravam 3,5% da população, apontou também o levantamento.

Entre eles, estavam 74,6% dos municípios do Piauí, 60,1% dos municípios da Paraíba, 53,3% dos municípios do Rio Grande do Norte e 52,5% dos municípios do Tocantins.

Rio cresce e São Paulo recua
Em comparação com o ano anterior, o Rio de Janeiro foi o município que teve o maior aumento em participação na economia brasileira, afirmou o IBGE. Houve um crescimento de 0,1 ponto percentual “devido às grandes obras de infraestrutura”.

Já a cidade de São Paulo foi a que apresentou o maior recuo, 0,4 ponto percentual, “principalmente devido aos serviços financeiros, à indústria de transformação e ao comércio de automóveis”, explicou o instituto.

Ainda assim, a capital paulista foi responsável por 10,73% do PIB do país em 2013, enquanto o Rio, com a segunda maior participação, teve 5,31%.

“O ganho do Rio veio do segmento de construção civil, devido às grandes obras de infraestrutura. Grandes obras que começaram a ser feitas por conta das Olimpíadas, Copa, e todos os eventos que aconteceram de 2010 a 2013. E tem outra coisa também, como Campos perde um pouco de participação, o Rio meio que pega essa sobra”, explicou.

27 capitais eram 32,8% da economia
De acordo com o levantamento, em 2013, 27 capitais representavam 32,8% do PIB do país. Esse percentual foi menor em comparação com os demais anos. Em 2012, correspondia a 33,4%, em 2011 a 33,7% e em 2010, 34,3%.

Enquanto São Paulo ocupava a primeira posição no ranking, Palmas, no Tocantins, ficou em último lugar. O IBGE ressaltou ainda que Florianópolis, em Santa Catarina, foi a única capital que não tinha a maior economia entre os municípios do estado, perdendo para Joinville e Itajaí.

Maior e menor PIB per capita
O município de Presidente Kennedy, no Espírito do Santo, se manteve, com R$ 715.193,70, como maior PIB per capita do Brasil em 2013. Ele, junto com Ilha Comprida, em São Paulo,Quissamã e São João da Barra, no Rio de Janeiro, e Itapemirim, no Espírito Santo, eram produtores de petróleo, e mostraram as maiores economias por pessoa, no ano.

O menor PIB per capita, em 2013, porém, de R$ 3 241,29, foi observado em Nina Rodrigues, no Maranhão.

“Este município sustentava-se pela transferência de recursos federais: a administração pública participou com 63,4% do valor adicionado bruto total”.

Entre as capitais, Vitória (ES) tinha o maior PIB per capita (R$ 64.001,91) e Maceió (AL), o menor (R$ 16.439,48).

Agropecuária
Em 2013, segundo a análise, em mais da metade dos municípios, 57,3%, a agropecuária era a principal atividade econômica, seguida de serviços, 26%, e Indústria, 17%.

“O Brasil é um país verde. A agropecuária é a atividadade principal. Nos litorais, a extrativa de petróleo, no meio, o minério, e a gente vê o comércio em vários municípios”, ressaltou Sheila Zani.

De acordo com ela, o estado de São Paulo, por exemplo, tem 41% de predominância de atividade agropecuária, 29% na indústria da transformação, “e se somar os 30% restantes, dá os outros. São Paulo é o estado que tem tipologia mais diversificada do que os demais estados”.

“Excluindo-se a atividade Administração, saúde e educação públicas e seguridade social da economia de todos os municípios, pode-se ter uma imagem mais explícita da distribuição das demais atividades”.

No setor, o município líder no ano era São Desidério, na Bahia, “o maior produtor de algodão herbáceo do país”, segundo o IBGE.

Agropecuária era a atividade predominante na economia de 57,3% dos municípios (Foto: Reprodução / IBGE)Agropecuária era a atividade predominante na economia de 57,3% dos municípios (Foto: Reprodução / IBGE)

Indústria
Já no setor da indústria, São Paulo permaneceu como o principal polo do país, e detinha 5,8% no valor adicionado fabril, seguido de Campos dos Goytacazes, com 3,3%, Rio de Janeiro, com 3,3%. O parque industrial de Manaus, no Amazonas, provocou 1,9% do valor adicionado bruto nacional do setor. Juntos, os quatro municípios são líderes desde 2010.

Serviços
Três municípios somavam 24% do valor adicionado bruto dos Serviços no país, São Paulo, com 15%, Rio de Janeiro, 6% e Brasília, 3%. Esta faixa concentrava 10,5% da população brasileira em 2013, informou o instituto.

A pesquisa mostrou que em 2013, 34 municípios respondiam por metade do valor adicionado bruto dos serviços e a 26,5% da população.

“A geração do valor adicionado dos Serviços nas capitais era bastante alta, chegando a totalizar 39,6%, em 2013. Dos 34 municípios que agregavam metade do valor adicionado bruto dos Serviços, 17 correspondiam a capitais”, apontou a divulgação.

Administração pública
Entre os municípios brasileiros, 42,2%, ou 2.349, dependiam economicamente do setor de Administração, Saúde e Educação Públicas e Seguridade Social. Ainda segundo o IBGE, quatro deles era superior a 75%: Guamaré, no Rio Grande no Norte, Uiramutã, Roraima, 87,6%, São José de Princesa, na Paraíba, 84,3% e Santo Antônio dos Milagres no Piauí, 76,5%.

Produto Interno Bruto - 2013 (Foto: Reprodução / IBGE)Produto Interno Bruto – 2013 (Foto: Reprodução / IBGE)

Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/12/62-municipios-concentravam-cerca-de-50-do-pib-em-2013-diz-ibge.html