Habilidade é cada vez mais procurada em profissionais e em empresas
Por Ana Graciele Gonçalves
Segundo dados divulgados no final de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,5% no primeiro semestre deste ano. Porém, a queda no número de pessoas desocupadas se deu à custa de vagas piores e salários mais baixos. Além disso, o desemprego ainda atinge 13,2 milhões de brasileiros. Esse é apenas um recorte do atual cenário que o país enfrenta. Para sobreviver a essa dinâmica, muitos profissionais aceitam salários menores e, para fugir do desemprego, há quem decida mudar de carreira. A pressão, contudo, tem gerado exaustão física e mental, inclusive depressão.
Como superar essas adversidades? A resposta pode estar na resiliência. Esta é uma habilidade cada vez mais valorizada no mercado de trabalho. O conceito foi utilizado inicialmente na física para descrever a capacidade de um corpo físico ser submetido a pressão e, em seguida, voltar ao seu estado normal, sem sofrer transformação plástica irreversível.
Para a administradora e master coach Adriana Lombardo, no contexto de trabalho dos administradores, a resiliência pode ser definida como “a capacidade individual de enfrentar e gerenciar mudanças e desafios, adaptando pensamentos, atitudes e ações de modo a estabelecer ou recuperar o equilíbrio necessário e encontrar soluções adequadas.”.
Independentemente dos desafios que enfrentam, seja no mundo do trabalho ou na vida pessoal, os profissionais resilientes têm a capacidade de se manterem centrados. Por isso, em muitos processos seletivos as empresas têm buscado pessoas com esta habilidade. “Profissionais com essa qualidade, geralmente, buscam e encontram soluções com mais agilidade. No contexto de trabalho das organizações, o exemplo dado pelos profissionais resilientes inspira os colegas de equipe que não têm essa capacidade a agirem com centramento e juntos geram uma cultura de resiliência”, explica a administradora.
A fonoaudióloga Edinizis Belusi passou por duas experiências desafiadoras. Uma delas foi no campo profissional. “Eu tive algumas ‘oportunidades’ na vida para exercer a resiliência”, relembra. Para ela, essa habilidade – a resiliência – é fruto da paciência e da fortaleza, dons que ela adquiriu com sua espiritualidade. “Isso foi fundamental para suportar alguns desconfortos e humilhações”, afirmou.
Futuro das empresas
Não são só as pessoas que precisam desenvolver a resiliência. Segundo a nova edição da pesquisa “CEO Outlook”, da KPMG, 88% dos CEOs brasileiros estão otimistas que suas empresas vão crescer entre 2019 e 2021. O estudo ouviu 2.535 executivos de 63 países e, de acordo com os entrevistados, a chave para essa possível guinada estará na resiliência.
O presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, Charles Krieck, explica que os líderes estão conscientes de que precisam ter uma postura diferente frente às pressões do mercado. Com essa atitude, os “CEOs se tornam capacitados às adaptações que o mundo corporativo exige”.
Adriana partilha do mesmo pensamento. A administradora destaca que, em toda organização e empresa, além da resiliência individual, também existe algum grau de “resiliência coletiva”. “Por isso, toda organização deve buscar desenvolver essa característica, tanto em nível individual quanto em nível de equipe. Afinal, qualquer organização precisa lidar com várias situações imprevistas em seu planejamento, tais como mudanças repentinas de contexto e crises de qualquer natureza, ou até mesmo tragédias coletivas, que podem vir a impactar seus negócios.”, avalia.
Como desenvolver a resiliência
A resiliência não é uma habilidade inata. Ao longo da vida, a pessoa pode desenvolver essa característica. Para isso, é preciso que a pessoa entenda o significado desta habilidade e entenda a sua importância.
Para desenvolver esta habilidade, o profissional pode buscar capacitação e atendimento com psicólogos, coaches, mentores e até colegas de trabalho. No âmbito de processos de Coaching Executivo, Adriana ajuda profissionais a desenvolver e fortalecer sua própria capacidade de resiliência frente aos desafios do dia-a-dia, bem como às situações de dificuldade extrema, para que cada um possa alcançar resultados de alto impacto positivo e, assim, inspirar e apoiar outros colegas da sua equipe a fazer o mesmo.
Segundo ela, é preciso, contudo, “promover e apoiar o engajamento dos profissionais interessados em desenvolver esta habilidade”. Adriana ressalta, ainda, que ser resiliente não significa ser passivo, omisso, frio ou indiferente. “São conceitos diferentes. A resiliência, inclusive, é uma competência que auxilia na tomada de decisão, na negociação e na mediação de conflitos, funções fundamentais do administrador”, esclarece.
Perfil resiliente
- Uma pessoa resiliente olha em perspectiva;
- Procura observar os desafios do dia-a-dia com objetividade e praticidade;
- Cria e fortalece redes de apoio;
- Compara as coisas ruins que acontecem em sua vida com as boas e, a partir disso,desenvolve e aprimora seu equilíbrio emocional.
- Sabe absorver bem as chateações geradas por pequenos eventos e contratempos;
- A partir das suas competências e experiências pessoais e profissionais constrói uma força mental para lidar com as adversidades e as frustrações;
- Aceita pequenos sacrifícios para alcançar suas metas;
- Foca em seu próprio poder de transformar os desafios em oportunidades, ao invés de esperar passivamente que alguma situação desfavorável mude a seu favor.
Fonte: Adriana Lombardo