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Que fim levou? Estádios da Copa são gargalos em estados

Promessas de novos espaços de lazer, eles se tornaram problemas às UF. Ações de gestão podem virar o jogo

Em 2014 o Brasil recebia o maior evento de futebol do planeta. Ao todo, 12 arenas receberam as partidas e fanáticos torcedores, mas após oito anos do evento fica a pergunta: qual legado foi deixado pelas arenas? 

O relatório final de prestação de contas do Ministério do Esporte sobre a Copa do Mundo, publicado em 2017 e com base em dados de 2014, estimou o orçamento total do evento em R$ 27,1 bilhões. Somente com estádios foram gastos aproximadamente R$ 8,5 bilhões, em que cerca de 80% do total investido foi financiado pelo setor público. 

Um levantamento feito pelo ‘portal Globo Esporte’ apontou que até hoje a conta dos estádios não foi paga. Governos estaduais, concessionárias responsáveis pelas obras e clubes responsáveis por estádios da Copa de 2014 ainda devem cerca de R$ 1,5 bilhão em financiamento por causa das obras. 

Mesmo assim, a conta está dentro do que foi previsto pelo BNDES: o banco estatal financiou quase R$ 4 bilhões das obras dos estádios, por meio do programa ‘ProCopa Arenas’. O plano estipulado é que cobririam até 75% do investimento em cada arena, e os responsáveis teriam até 15 anos para pagar, com três anos de carência. 

Prejuízo 

Para o professor e pesquisador Claudinei Santos, que também é vice-coordenador do ‘Grupo de Excelência em Gestão do Esporte’, do Conselho Regional de Administração de São Paulo-SP (CRA-SP), houve pouca preocupação com o futuro das superestruturas voltadas ao esporte em longo prazo. Ele diz que aparentemente não foram consideradas as fontes de receita para o custeio futuro das arenas e de seu entorno, e as dívidas acumuladas tornaram-se praticamente impagáveis. 

“Com raras exceções, as arenas não conseguem receitas para arcar sequer com as suas despesas mínimas de manutenção. Elas foram concebidas para abrigar, além de competições esportivas, eventos sociais, culturais e educacionais, porém faltou gestão para que isso realmente ocorresse”, destaca Claudinei. 

A ‘Arena Pantanal’ (MT) sequer foi concluída. O local sofre com problemas de infraestrutura, o que dificulta o seu uso para atividades que lhe poderiam gerar receitas. 

Em 2015, o Governo do Mato Grosso começou uma briga judicial com a empresa responsável pelas obras, Mendes Júnior. A construtora teria abandonado o trabalho logo após a realização da Copa do Mundo. 

Já em Brasília, o Governo do Distrito Federal (GDF) tentou assumir a conta do Mané Garrincha. Mas não conseguiu arcar com a conta mensal de R$ 700 mil aos cofres públicos, já que arrecadava cerca de R$ 200 mil por mês com o espaço. 

A iniciativa privada tem cuidado da obra — um consórcio vai gerir o ‘Mané Garrincha’ por 35 anos e terá de fazer inúmeros investimentos no local nos próximos anos. Já o GDF deve receber R$ 5 milhões por ano e 5% do faturamento do negócio. 

Segundo Richard Dubois, presidente da Arena BRB — instituição que cuidará do empreendimento —, o estádio brasiliense veio em condições muito abaixo do esperado, tendo em vista o pouco tempo decorrido entre o recebimento da obra e os eventos que motivaram suas construções (Copa do Mundo e Olimpíadas). Ele ressalta que a obra deveria ter sido mais valorizada, não apenas por ter sido construída com verba pública, mas também por estar no Eixo Monumental, um dos principais pontos turísticos da capital federal. 

“O projeto e a infraestrutura do estádio são muito bons, mas a obra em si estava muito desgastada, esquecida e quase abandonada. Nós reformamos e depois fizemos 80 eventos, em 150 dias pós-pandemia, e tivemos 1 milhão de pessoas em todos esses eventos realizados”, relatou.

       Gastos com estádios 

  1. Mané Garrincha (Brasília-DF): R$ 1,4 bilhão
  2. Arena Corinthians (São Paulo- SP): R$ 1,08 bilhão
  3. Maracanã (Rio de Janeiro-RJ): R$ 1,05 bilhão
  4. Mineirão (Belo Horizonte-MG): R$ 695 milhões
  5. Arena Fonte Nova (Salvador-BA): R$ 689,4
  6. Arena da Amazônia (Manaus-AM): R$ 660,5 milhões
  7. Arena Pantanal (Cuiabá-MT): R$ 596,4 milhões
  8. Castelão (Fortaleza-CE): R$ 570,7 milhões
  9. Arena Pernambuco (Recife-PE): R$ 532,6 milhões
  10. Arena das Dunas (Natal-RN): 400 milhões
  11. Arena da Baixada (Curitiba-PR): 391,5 milhões
  12. Beira Rio (Porto Alegre-RS): 366,3 milhões 

Fonte: Ministério do Esporte, sobre a Copa de 2014 (divulgado em 2017)

Por Rodrigo Miranda – Assessoria de Comunicação CFA

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