No momento, você está visualizando Quando sua marca ou empresa já não faz mais falta

Quando sua marca ou empresa já não faz mais falta

Empresas que não inovam deixam de ser relevantes para consumidores e perde valor de mercado

Pesquisa da Havas Group (multinacional francesa das áreas de publicidade e relações públicas) realizada com 350 mil pessoas, de 31 países, e 1.800 marcas, revelou que 77% das marcas e seus respectivos produtos e serviços não fariam falta se desaparecessem. Em outro cenário, o levantamento descobriu que 58% dos entrevistados consideravam o conteúdo de marcas famosas e mundiais como pobres ou irrelevantes para os consumidores.

De acordo com o administrador e diretor de inovação da ‘Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte’, Júlio Rezende, a pesquisa demonstra sinais de falta de inovação, em diferentes áreas do mercado, de oportunidades não exploradas e também de descompasso em relação às necessidades do consumidor. Ele ressalta a importância de inovar constantemente, bem como à necessidade de as empresas pensarem suas estruturas internas e tirarem proveito do atual momento econômico.

Segundo o administrador, a pandemia alterou não apenas os ambientes de trabalho — agora com focos em outras prioridades, em especial a própria sobrevivência —, mas também influenciou as infraestruturas das empresas (agora com salas menores em função do home office, com forte tendência de permanecer no pós-pandemia). A comunicação e a abordagem junto ao consumidor, segundo ele, também devem ser reformuladas, em razão de a sociedade ter mudado, sobretudo, com o cenário pandêmico.

Rezende ressalta a importância de haver novos modelos de presença de marcas na sociedade, sobretudo, na internet. Ele explica que nos últimos anos houve grande mudança nos fluxos de informação, o que gerou menor poder de influência dos conglomerados de comunicação, e maior tráfego e influência da web.

“As marcas precisam desenvolver novas formas de estarem presentes na mediosfera e se fazerem notar, gerando mais engajamento. Desde antes da pandemia, nota-se que muitas empresas têm utilizado mais a internet do que a mídia tradicional: por meio de redes sociais como o Instagram (para a divulgação de produtos) e com o suporte do Whatsapp (para ter comunicação mais personalizada com o cliente), e isso é uma forma de inovar”, destaca.

Em relação à pesquisa, para a professora de Estratégia Empresarial, Liderança, Inovação e Mídias do Coppead/UFRJ, Paula Chimenti, o problema está no posicionamento. Destaca que, em média, 3 mil marcas tentam se conectar diariamente com o consumidor, porém apenas de 10 a 50 delas, a depender da boa memória do entrevistado, conseguem ser lembradas quando indagadas nas pesquisas.

“Isso tem a ver com a baixa capacidade de se comunicar, de organizar a estratégia, e de adequar o seu mix de marketing ao que o consumidor deseja. Tem, ainda, um problema de falta de propósito, pois tem muitas organizações que não têm noção clara do que pretendem fazer para reverter o jogo, por isso não conseguem engajar seus clientes — e, por vezes, nem os próprios funcionários—, e como resultado ficam pelo caminho”, diz.

Reinvenção

A também administradora e presidente da Rede de Inovação e Empreendedorismo da Amazônia (Rami), Olinda Marinho, conta que as empresas tiveram que se reinventar, e que a inovação é o carro-chefe desse processo. Ela destaca que o primeiro ímpeto das empresas foi a diminuição de custos em todas as áreas, mas que recuar é uma medida válida apenas para preparar a empresa para o novo mercado, pois em longo prazo isso poderá ser um entrave.

“Em tempos difíceis, são muitas as oportunidades que surgem, por isso é importante perceber os gargalos existentes no próprio negócio e as limitações que o impedem de prosperar nas mais diversas situações. Valorizar a inovação, conquistar parceiros que podem direcionar o seu negócio a outro patamar e investir nessas mudanças não podem ser considerados custos, pois o retorno financeiro virá no futuro”, pontua.

Olinda explica que a integração entre inovação, estratégia e resultados, serão os pilares fundamentais para obter algo novo em termos de processos ou desenvolvimento de produtos e serviços. Para tanto, diz que é necessária uma organização multidisciplinar que invista na formação constante de líderes com mindset (cultura ou modo de pensar e agir) alinhado às tendências mundiais e à cultura empreendedora e inovadora.

Olinda cita o livro The Game Changer (de de Mintzberg e Ram Charan) em que os autores apontam rumos de como é possível alinhar ou produzir algo novo — alinhado às necessidades dos consumidores. Segundo os autores, alinhar inovação à estratégia de negócios permite não apenas aumentar receitas, mas também descobrir uma nova maneira de fazer as coisas, de forma mais produtiva, mais ágil, mais inclusiva e até mais divertida.

“As pessoas (colaboradores) querem ser parte do crescimento e não parte do corte de custos, soma-se a isso a opinião dos principais pensadores da inovação que consideram hoje que a inovação em produtos e serviços não é mais suficiente. As empresas pioneiras têm reinventado processos, modelos de distribuição, processos de relacionamento, desenhos de cadeias de valor, modelos de negócio e até funções da gerência”, revela.

Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA.

Leia o restante da matéria, clicando aqui.