O auditório A1 do Hangar Convenções & Feiras da Amazônia, em Belém do Pará, ficou lotado para prestigiar o painel “O Estado como motor do desenvolvimento regional: Administração Pública para um Brasil mais competitivo”. O assunto foi o tema da programação do XXIX Encontro Brasileiro de Administração, que acontece na capital paraense, de 25 a 27 de junho.
Participaram do debate o vice-presidente do Conselho Regional de Administração da Paraíba (CRA-PB), Adm. André Coelho, o administrador Sidney Jorge Rosa, e o administrador Antônio de Pádua Filho. “A pergunta que nos põe hoje é: como a administração pública pode ser gestora de recursos e se tornar verdadeiramente um indutor no desenvolvimento da inovação e da cidadania em cada canto do nosso país?”, questionou André, ao apresentar o painel.
O primeiro a compartilhar sua experiência na gestão pública foi Sidney, que é o atual prefeito de Paragominas-PA. Ele falou um pouco da história da cidade e dos desafios que o município tem superado ao longo dos anos. Segundo ele, a carga tributária no Brasil ainda é muito pesada, sobrecarregando o orçamento das famílias e das empresas brasileiras. “O resto tudo tem jeito, menos a morte e o pagamento de impostos”, afirmou.
Na sua apresentação, Sidney mostrou um ranking mundial da carga tributária dos países. “Pagamos 34% de carga tributária e temos que pagar saúde, educação, pedágio, entre outros”, alertou o prefeito. Países como Áustria, Suécia e Noruega têm tributos maiores que os praticados no Brasil. Em contrapartida, são nações que oferecem serviços públicos de qualidade.
“Viemos reafirmar que estamos no melhor país do mundo, mas a gente desperdiça as oportunidades. Um encontro como esse é muito importante justamente para a gente saber o que fazer quando a oportunidade bater. O Pará é um dos estados mais viáveis do Brasil, com cidades cheias de potencial. Tudo que é produzido no centro do país está saindo pelo Pará. Na COP-30 teremos uma oportunidade real, pois o Pará tem um potencial estratégico para o Brasil e o mundo”, destacou o prefeito.
Em sequência, Sidney falou das ações realizadas em Paragominas e lembrou o caso emblemático dos “alunos jacarés”, apelido dado aos estudantes que, por falta de carteira nas escolas, tinham que deitar de bruços ou sentar no chão para estudar e copiar as tarefas. “Quando o estado se omite, o desenvolvimento estaciona. E o estado foi criado para servir a sociedade”, comentou.
Planejamento estratégico em foco
O diretor na Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), Antônio de Pádua Filho, corrobora do mesmo pensamento. “O Estado que deve conduzir o desenvolvimento”, comentou o administrador no início da sua fala.
Durante sua fala, Antônio destacou inúmeras vezes a importância do planejamento e da necessidade de os gestores pensarem em projetos de Estado e não em projetos de governo. “Precisamos estar dentro de um planejamento estratégico, ter estrutura, sistematizar o que acontece na administração pública no Brasil da maioria dos entes que devem conduzir”, disse.
Para ele, o planejamento é uma questão que envolve até o poder legislativo, que muitas vezes comanda até muito mais o direcionamento dos recursos públicos do que o próprio gestão da frente da pasta.
“E o judiciário, acabou-se de se colocar em uma série de exemplos que também interferem nessa questão. Hoje em dia é muito mais. Então a administração pública no Brasil, olhando por esse contexto maior, por esse arcabouço maior, realmente é um complexo que nem sempre nós administradores, mesmo com experiência, com formação, com colaboração, com prestado laboral e administração pública, nós temos espaço para demonstrar isso, para conduzir isso”, refletiu.
Entretanto, o que tem acontecido? Segundo Antônio, a realidade mostra que “o que se vê são administrações públicas que levam as suas entidades, os seus servidores públicos ao fracasso”.
“Nós sabemos que, se eu arrecado um valor, eu não posso ter um gasto superior ao que eu arrecado. Se a minha organização gasta mais do que arrecada, a organização falirá, não vai chegar um momento que ela não vai ter mais condições. E você percebe, no caso nacional, o Brasil alcança hoje o endividamento de 85% do PIB, ou seja, 85% do que o Brasil produz. Está comprometido por dívidas públicas”, alertou.
A palestra integrou a programação do XXIX Encontro Brasileiro de Administração, que tem como tema “Sintonia de Propósitos: da ADM60 à COP30, em busca da gestão sustentável – desafios e oportunidades”, e reforça o compromisso do Sistema CFA/CRAs com o debate de temas estratégicos para o país.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA

