O coordenador do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) Startups, Adm. Rogério Abranches, abriu a programação do segundo dia da II Semana Temática de Administração, que aconteceu nesta quarta-feira, 18. Ele falou sobre “O empreendedorismo que transforma – Storytelling de um case no Sul de Minas Gerais”.
Rogério é professor do Inatel e coordena um grupo voltado para fomentar o empreendedorismo e a inovação. O Instituto fica no Vale da Eletrônica, localizado em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais. No local estão em andamento pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias que vão revolucionar a vida das pessoas e as organizações.
A cidade fica no interior mineiro e, até a década de 1980, o município era rodeado por plantações de café. Antes disso, na década de 1950, uma senhora oriunda de uma renomada família – Luiza Rennó Moreira, mais conhecida como Sinhá Moreira – voltou de uma viagem internacional obstinada a criar uma escola de eletrônica no local justo em uma época em que o Brasil.
“Planta-se uma semente da educação tecnológica no nosso município. Todos os jovens que queriam estudar eletrônica iam para Santa Rita”, contou o administrador. E assim a cidade, que tinha a agropecuária como principal fonte econômica e passa a atrair importantes empresas de alta tecnologia, gerando emprego e melhorando a qualidade de vida no município.
Atualmente, quase 200 empresas de tecnologia estão instaladas em Santa Rita do Sapucaí. Boa parte delas foi criada por alunos do Inatel. A escola tem uma incubadora que, hoje, ajuda a fomentar o empreendedorismo entre os estudantes. “Esse empreendedor é despertado ainda nos bancos de sala de aula”, disse.
A incubadora do Instituto foi premiada algumas vezes. Rogério destacou a importância dessa experiência na vida dos estudantes e o impacto positivo que a iniciativa oferece para o município. “No Inatel temos uma FabLab completa no padrão MIT, que fica aberta o tempo todo para que os estudantes possam testar seus protótipos”, descreveu.
Rogério citou, ainda, alguns projetos que o Inatel desenvolve e que ajudam a complementar a atividade acadêmica dos estudantes.
Logística e a superação dos desafios
Um dos setores que foram essenciais na pandemia foi o da logística. Com o aumento das vendas on-line e do delivery de comidas, a demanda por serviços mais ágeis e eficientes também cresceu. Contudo, com pandemia ou não, a logística é um setor indispensável para a economia de qualquer país.
Quando mal administrada, a movimentação e transporte de mercadorias é afetada. Foi sobre isso que o administrador Hélio Meirim falou na II Semana Temática de Administração. Mestre em Administração, especialista em logística e CEO da HRM Logística, ele apresentou a palestra “Integração da logística na superação dos desafios”.
Assim como qualquer outro setor, a logística também merece o foco no cliente e na concorrência. “Precisamos oferecer soluções diferenciadas. A logística era vista como uma área operacional, mas hoje é vista como setor estratégico”, explicou.
Hélio falou da evolução da logística e do quanto o conceito avançou ao longo do tempo. Hoje fala-se muito na integração do fornecedor-cliente. “Se a gente tiver algum rompimento entre esses elos, a gente acaba sofrendo”, afirmou, sugerindo que as pessoas começassem a olhar a logística como uma corrente.
Além disso, é preciso focar no cliente, olhar para o fornecedor como parceiro, compartilhar informações, oferecer qualidade, avaliar os processos e capacitar pessoas são algumas dicas que Meirim deu para o público. Em seguida, ele apresentou alguns modelos logísticos. “A logística colaborativa traz grandes benefícios como a melhoria do serviço ao consumidor, diminui o nível de estoque, entre outros”, ensinou o administrador.
Empreendedorismo e inclusão
Breno Oliveira é um jovem empreendedor e sua história é inspiradora. Ele é a prova de que a vocação e a força de vontade, juntas, são determinantes para o sucesso. Surdo desde o nascimento, superou vários desafios no mercado de trabalho e hoje é proprietário da Il Sordo Gelato, gelateria que tem 80% dos funcionários surdos.
Ele, por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), palestrou sobre inclusão e contou um pouco sua história. Quando pequeno, Breno foi estimulado a oralizar, fato que causou-lhe um trauma. Mas a chave virou quando seus pais conheceram a Libras e a importância dela como primeira língua para os surdos. Ele estudou, se formou, mas na hora das entrevistas de emprego esbarrava em algumas barreiras.
“Daí tive uma ideia de criar uma empresa. No início, foi simples. Mas eu acreditei, mostrei para meus pais que poderia superar esse desafio e eles me apoiaram. Nasceu, assim, a Il Sordo. Comecei como microempreendedor individual e tinha apenas um funcionário, que também era surdo”, contou.
A partir daí, o negócio de Breno disparou. Ele participou de programas de TV, ganhou premiações, entre outros. “Consegui mostrar que a pessoa surda também é capacitada para empreender”, afirmou.
Hoje, Breno tem três lojas em Aracaju-SE e Salvador, na Bahia, recebeu a primeira franquia da marca. “A experiência com a inclusão é a nossa principal marca. Por isso somos referência”, comentou.
Além disso, o palestrante deu dicas importantes de como promover a inclusão de pessoas com deficiência nos mais diversos espaços. “A gente precisa se capacitar antes para aprender a se conectar com o outro quando precisar. A gente se preocupa com a acessibilidade”, disse, ressaltando que acolher é a palavra chave. “Evite preconceitos, capacitismos e vocês terão resultados muito bons com os clientes. O segredo é a conexão humana”, ensinou.
Diversidade nas organizações
“Diversidade em pauta: como ela contribui para o desenvolvimento das empresas e do país?” foi o tema da palestra proferida pelo administrador Gilvan Bueno. Ele é especialista em Finanças, Banco de Investimentos e Fintechs e, antes de entrar propriamente no assunto, ele fez um rápido contexto histórico para contextualizar o público sobre como era e como está a economia brasileira e mundial atualmente.
Segundo ele, o modelo econômico do Brasil é feito em cima dos consumos das famílias. “A gente tem que pensar num formato que não promova o endividamento das pessoas”, explicou. Com relação a diversidade, Gilvan falou que é preciso fomentar a inclusão de mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, entre outros, por meio de programas de capacitação.
“A grande ideia é incluir isso no plano estratégico da empresa. Do contrário, as iniciativas não darão frutos”, comentou o palestrante. De acordo com Gilvan, é preciso mudar a cultura organizacional e olhar o próximo como iguais.
Durante a palestra, o administrador respondeu perguntas, interagiu com os participantes e até sugeriu leituras para o público.
O impacto social do blockchain
A blockchain é um grande banco de dados compartilhado que registra as transações dos usuários. Essa é uma tecnologia que nasceu com a criptomoeda, mas começou a influenciar outros mercados, inclusive no mundo da Administração. O assunto foi tema da palestra proferida pela administradora, professora e consultora em finanças, Emanuelle Smaniotto.
“A gente pode dizer que blockchain é uma cadeia de blocos que visa a descentralização. Ou seja, uma rede envolvida na habilidade das transações. Esse bloco é como um caderno. Digamos que eu vou vender uma casa e vou anotar essa informação em um bloco. A partir do momento que faço esse registro, ele está ali seguro”, explicou.
Uma outra questão apontada por Emanuelle é a questão da transparência e da privacidade. “É muito mais difícil ter uma fraude nesse sistema. Se eu inserir uma informação errada, a rede vai avisar. É um sistema muito sigiloso, são duas chaves: uma pública e outra privada”, ensinou.
Como aplicar o blockchain nos negócios? Leva um tempo para as empresas prototiparem e aplicarem a ideia. A ideia de um sistema de digital descentralizada já é estudada pelas instituições financeiras, por exemplo. Algumas redes do varejo também aplicam a tecnologia em suas transações. A área da saúde também analisa a possibilidade de usar blockchain para transação de receitas, prontuários, seguros, entre outros.
“O blockchain não funciona para uma empresa isoladamente. A tecnologia funciona para uma rede, um grupo, que irá compartilhar informações de forma segura e confiável”, disse.
Segredo de sucesso das Lojas Americanas
Uma das redes varejistas mais conhecidas do país é a da Lojas Americanas. Mas, afinal, qual o segredo da rede que, há décadas, permanece entre os destaques do setor no Brasil? A analista de Inteligência de Negócios na Americanas S.A, Admª Tatiana Baierl, deu a resposta: o segredo está na inteligência comercial.
“Inteligência competitiva nada mais é do que um processo de identificação, coleta, tratamento, análise, disseminação da informação para embasar decisões estratégicas”, afirmou a palestrante.
Na prática, é quando uma empresa colhe informações do mercado, dados da concorrência, indicadores financeiros, como está a empresa no cenário em geral, entre outros. A ideia é reunir o máximo de informações externas e internas, organizá-las e analisá-las para a tomada de decisões.
“A gente faz isso porque esse tipo de processo traz estratégias mais assertivas, você consegue gerar vantagem competitiva. Esse processo de inteligência vem para embasar as decisões para melhorar a empresa e promover o crescimento sustentável”, comentou Tatiana.
A inteligência competitiva é a raiz da inteligência comercial e pode ser aplicada em empresas de qualquer porte. No caso das Lojas Americanas, a rede criou um laboratório de inteligência comercial. Desde então, observou-se um aumento considerável no market share e nas vendas. “A gente conseguiu aumentar em 30% o ticket médio das nossas vendas ao aplicar esse processo de inteligência”, contou.
A II Semana Temática de Administração termina hoje, 19 de maio. Mais de 3 mil pessoas estão inscritas no evento; as palestras já contam com mais de 6 mil visualizações e centenas de certificados já foram gerados. Perdeu alguma coisa? Clique nos links abaixo e confira as palestras na íntegra:
1º dia da Semana Temática de Administração
2º dia da Semana Temática de Administração
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA