O mundo tem exigido, cada vez mais, profissionalismo e a necessidade de nos reinventarmos constantemente. Neste contexto, a Administração tem um papel imprescindível.
Para dar conta das complexidades do cenário atual disruptivo — ocasionado, sobretudo, pela Revolução 4.0 — e das demandas requeridas pela população, é necessário utilizar diferentes técnicas de Administração, entre elas a Gestão de Risco e o Compliance. Ambos são utilizados para prever cenários adversos e propor soluções a fim de que os gestores possam antecipar-se aos problemas e corrigi-los.
Enquanto a gestão de risco está intimamente ligada ao planejamento estratégico das instituições (públicas ou privadas) e às ações de prevenção de vulnerabilidades e crises, o Compliance abrange questões ligadas ao respeito à legislação e às exigências, de forma geral, que o arcabouço legal demanda das empresas e instituições.
A gestão de riscos em qualquer administração, seja ela pública ou privada, reside peremptoriamente em um projeto estratégico, e no Estado não é diferente. Na medida em que o Brasil não tem um plano estratégico de nação definido, sua gestão financeira (bem como a de recursos humanos, de processos, de planejamento, etc.) torna-se vulnerável e ineficiente.
Do ponto de vista da Ciência da Administração, sem as devidas e efetivas condições de Gestão de Riscos — em todos os níveis e esferas da gestão pública — o País perde tanto no planejamento das empresas públicas e privadas quanto em possíveis investimentos que deixam de ser feitos. Além disso, existe insegurança institucional, em todos os níveis e segmentos.
A gestão de risco é uma poderosa ferramenta neste contexto: contra a corrupção (em instituições públicas) e de políticas de integridade moral, ética e de segurança organizacional, em empresas privadas. Embora a desburocratização seja uma importante meta, a pressa e a simplificação exacerbada não pode superar os mecanismos de controle.
A trajetória para o sucesso passa, deste modo, pelo planejamento. E sua efetivação, pelo gerenciamento de riscos e pelo envolvimento dos colaboradores em processos e políticas contra riscos.
As tragédias ambientais ocorridas nas cidades mineiras de Mariana e Brumadinho, e mais recentemente no litoral brasileiro, fazem a população perguntar-se sobre a existência, no Brasil, de planos de contenções de riscos. Nos dois casos, ficou latente que a resposta é negativa ou é o que parece ser.
Não basta haver inúmeros comitês, de toda sorte, e reuniões bancadas com o dinheiro do povo, sem que soluções sejam colocadas em práticas para que tais fatos não se repitam. Em uma análise de risco eficiente, o objeto finalístico passa pelos processos de análise de causa (interna ou externa) e do problema em si.
Existe, ainda, a identificação de vulnerabilidades com base em objetivos (se parciais, em geral, é risco) ou cenários (se é indesejado, é risco). Mas na Administração brasileira, por vezes, não é possível ver o resultado concreto das ações idealizadas.
Enquanto organização privada, a empresa paga solitariamente por sua incompetência ou erro de gestão. No caso da gestão pública, no entanto, pior é a percepção pública de que o resultado não é alcançado, sobretudo, tendo em vista o alto custo da máquina estatal.
Caso um modelo de gestão profissional não seja urgentemente adotado, a tolerância popular pode não suportar a inércia do Estado e o descaso com o público. Todo esse processo resulta na estagnação da economia e afeta a esperança da nação.
Felicidade e esperança, em geral, traz confiança. Em administração, tal fenômeno é traduzido em investimentos e expansão de negócios.
Administração profissional, com planejamento para longo prazo, análise de riscos e amplo investimento em educação são as chaves para a prosperidade. No contexto de volatilidade que a Revolução 4.0 nos mostra, seguir a cartilha da boa gestão é questão de sabedoria e igualmente de bom senso.
Adm. Mauro Kreuz
Presidente do Conselho Federal de Administração