A sustentabilidade financeira como pilar essencial para a longevidade das empresas foi o foco de uma das palestras realizadas no terceiro dia do  XXIX Encontro Brasileiro de Administração (ENBRA), evento que ocorre em Belém do Pará. O painel reuniu três nomes de destaque no cenário da gestão: o economista e presidente do CRC-PA, Ailton Ramos Correa Júnior; administrador e professor, Ramon Ovídio; e o administrador e conselheiro do CRA-PA, Eliezer Teixeira de Sousa.

Durante a palestra, os especialistas discutiram estratégias para manter a saúde financeira das organizações em tempos de incertezas econômicas, mudanças regulatórias e transformações nos modelos de consumo. O debate reforçou a importância de práticas de gestão responsáveis, planejamento estratégico e inovação como caminhos para a sustentabilidade financeira a longo prazo.

Ailton Ramos Correa Júnior destacou um dos passos mais importantes no processo de educação e sustentabilidade financeira de negócios: o processo. “Eu sempre digo que a gente sempre tem que focar no processo e não no resultado, pois no final das contas, o resultado é a consequência do processo, e o processo ele é diário. Só que, às vezes, nós somos muito ansiosos, né?”, questionou.

Para exemplificar, Ailton falou de projetos como perder peso e estudar para concurso e do quanto as pessoas mal começam e já esperam resultados extraordinários. “Tudo é um processo, e ele é diário”, reforçou o economista.

Na palestra, Ailton também falou de temas como inflação, taxas de juros e outros termos da área econômica. Ele lembrou que, em 2013, houve um processo de recessão grande em razão das questões climáticas e energéticas. Foi período de muita inflação, juros altos. No Brasil, o Plano Real que, recentemente, completou 30 anos, o processo hiper inflacionário foi controlado.

“Quando a gente compara o Brasil com os Estados Unidos, nesses 30 anos de Plano Real, a gente tem, por exemplo, aproximadamente 730% de inflação acumulada de acordo com o IPCA, quando a gente olha os Estados Unidos, a gente tem aproximadamente 112% de inflação acumulada por menos 30 anos de acordo com o IPCA. Cem reais hoje, compra quanto? Compra 12 reais aproximadamente”, afirmou.

Outro ponto que o palestrante abordou foi o mito de que o Brasil é um país do futuro. “Eu ouço isso desde criança. Até hoje falam que o nosso país é o país do futuro. Só se for futuro do pretérito”, comentou. Além disso, ele chamou atenção para os problemas nacionais. “O Brasil é o país da insegurança. A política fiscal é defasada, temos insegurança jurídica, insegurança econômica com juros altos. O Brasil é, praticamente, um manicômio fiscal e a taxa selic trava a economia, impedindo investimentos”, pontuou Ailton.

Com relação ao Pará, ele falou dos desafios e das oportunidades que o estado oferece. Disse que a COP-30 trouxe investimentos para o estado, mas ressaltou que é preciso aproveitar o momento para pensar o Estado a longo prazo. “O Pará é um oceano azul de oportunidades m várias variáveis e atividades econômicas”, comentou.

Para Eliezer, “sustentabilidade financeira é a empresa conseguir arcar com seus compromissos”, disse. A palestra proporcionou uma rica troca de experiências entre os painelistas e o público, evidenciando que a sustentabilidade financeira vai além dos números — ela está diretamente ligada à cultura organizacional, à ética na gestão e à capacidade de adaptação dos negócios frente às novas demandas do mercado.

O painel reforçou, ainda, o compromisso da ciência da Administração com a construção de empresas resilientes, éticas e preparadas para enfrentar os desafios do século XXI.

Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA