Há sete meses no poder, o presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado impetuoso ao dar declarações. Na última segunda-feira, 29, disse que poderia contar ao presidente da Ordem do Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, como o pai do jurista, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, desapareceu na ditadura militar (1964-1985), caso a informação fosse do seu interesse.
Não havia contexto para tal mas, ainda que houvesse, a declaração é, no mínimo, insensível. Em nome do Conselho Federal de Administração quero manifestar a solidariedade com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, pelas indevidas, desrespeitosas e indignas manifestações do Presidente da República. Tais manifestações mancham a Nação Brasileira e envergonham o seu povo.
Para se exercer o cargo de Presidente da República é necessário equilíbrio, respeito e um comportamento condizente à posição de líder máximo do país, o que não tem acontecido com o atual chefe do Executivo. Concordamos que não é aceitável afrontar a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos, conforme nota emitida pela OAB. Os direitos humanos devem ser respeitados, sobretudo, por quem deveria defendê-los e assegurá-los.
Registro aqui a minha indignação ao fato ocorrido e a minha mais profunda solidariedade ao presidente Felipe Santa Cruz e a todas as pessoas que tiveram familiares e amigos mortos, torturados ou desaparecidos durante esse capítulo trágico da história brasileira que foi a ditadura.
Adm. Mauro Kreuz
Presidente do Conselho Federal de Administração – CFA