Na noite desta quinta-feira, 12, o presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Mauro Kreuz, foi um dos convidados do XIV Encontro Fafire 2020. Na ocasião, promovida pela Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), ele apresentou a palestra “Gestão em tempos de crise” que, na oportunidade, foi mediada pelo professor e administrador, Gildo Galindo.
Mauro começou saudando toda a comunidade da Fafire. “Hoje, mesmo que virtualmente, estou de novo com vocês. Estou honrado em ter sido lembrado para participar do evento, que tem uma história, está consolidado e já portou muito valor intelectual nessa caminhada de 14 anos”, disse, parabenizando pelos 80 anos de criação a instituição.
O presidente destacou que o tema de sua palestra estava alinhado com o momento pandêmico em que o mundo está. “A palavra gestão deve ser entendida como administração”, ressaltou. Ele comentou, ainda, sobre o novo normal que tanto estão falando, mas teceu críticas sobre esta visão. “Se o antigo já não era normal, o novo também não será. Em épocas de ‘vuca’ – volatilidade, ambiguidade e complexidade – é impossível ter tempos normais”, afirmou.
Sobre as crises, Kreuz fez comentários sobre algumas delas. A da saúde, por exemplo, que, para ele “havia uma falta de administração na gestão da saúde brasileira”. Com a pandemia, o problema foi agravado mostrando como o país não tinha protocolos, estrutura e logística para atender a alta demanda do momento.
Na educação, segundo o presidente, também há uma enorme crise. “Se olharmos todas as nações sérias – e aqui não faço referência a nenhum governo ou partido, pois a educação é maltratada no país há décadas – estamos bem atrasados. Nossa educação não é tratada sistemicamente e ela foi entregue a grupos educacionais internacionais que operam na bolsa de valores e a intenção já não é mais a educação e, sim, os lucros para os acionistas. A educação precisa visar a qualidade formativa”, criticou o presidente.
Além disso, o Brasil vive uma crise política. “Achei que, na pandemia, haveria uma trégua, mas o diversionismo continuou e acentuou. É uma crise séria, pois não há um compromisso, por ora, da comunidade política em trazer à luz da sociedade brasileira uma esperança de que vamos ter tempos diferentes. A política precisa de uma repaginada, ser revista”, comentou.
Mauro fez referência, ainda, à crise da economia, habitação, alimentação, questão social, entre outras. “O PIB já caiu de novo e quem segurou para a queda não ser maior foi o agronegócio e a construção civil. A atividade econômica parou na pandemia e o governo, que preparava um plano austero para mudar o quadro econômico do país, teve que socorrer estados e municípios, além de empresas e pessoas. Com isso, o déficit fiscal deve chegar a 100% do PIB e exigirá do governo um desafio enorme para restabelecer a dinâmica econômica”, falou.
Durante a palestra, Mauro também falou das diferenças entre a gestão privada e a pública e que há uma tendência em achar que tudo que é privado é bom e as coisas públicas são ruins. Contudo, ele enfatizou que, para a Administração, essas distinções não fazem diferença. “O que nos interessa é que seja gerido de forma profissional”, disse.
Mais de 2.700 pessoas assistiram, ao vivo, a palestra on-line do presidente do CFA no XIV Encontro Fafire. Clique aqui para conferir o conteúdo na íntegra.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA