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Não há espaço para improviso na Administração

Os conselhos profissionais das profissões regulamentadas são criados por lei para   defender a profissão e proteger a sociedade dos maus profissionais. Apesar de não integrarem o Orçamento Geral da União, uma vez que essas autarquias têm arrecadação própria, eles estão sob fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU).

Por isso, todos os anos o Conselho Federal de Administração (CFA) presta contas ao TCU. Por meio de um relatório anual, descrevemos em detalhes as ações desenvolvidas e os resultados alcançados. Ele traz, em detalhes, as entradas e saídas. Porém, não apenas isso. Por meio dele, mostramos que alcançamos os resultados esperados dentro do nosso planejamento estratégico e que as nossas ações foram realizadas em conformidade com as regras e dispositivos legais.

Estamos prestes a entregar a prestação de contas de 2021, ano que ainda foi bastante desafiador. A segunda onda da pandemia da Covid-19 nos forçou a, novamente, alterar nosso planejamento. Contudo, encaramos a missão muito mais fortalecidos. Foi preciso reprogramar algumas ações, pausar projetos e reforçar ainda mais nossos ajustes orçamentários.

A gestão austera, iniciada ainda em 2019, conseguiu equilibrar as finanças e ajudou o CFA a superar todas as dificuldades que foram agravadas com a pandemia. Outra característica da nossa gestão é o compartilhamento, que deu mais autonomia para os diretores, mas também trouxe muito mais transparência e a descentralização da gestão proporcionou confiança e liberdade a todos da equipe.

Foi preciso coragem para enfrentar todas as adversidades que a pandemia trouxe, mas foi preciso muito mais ousadia para transpor resistências internas, inclusive dentro do próprio Sistema CFA/CRAs. Romper com uma cultura não é fácil, ainda mais quando ela está enraizada e foi chancelada por gestões anteriores.

Mas, na casa da Administração, onde fala-se tanto da gestão profissional, da importância de adotar mecanismos de boa governança, é inadmissível fechar os olhos para a ingerência e negligência de alguns. Varrer para debaixo do tapete esse problemas parece a solução mais fácil e rápida, mas também é a mais dolorosa e danosa para a profissão.

Na Administração não há espaço para improviso. Não é assim porque ela é uma ciência e, como tal, com ela não tem jeitinho, ela tem método. Contudo, o país ainda nega a Ciência da Administração para ser administrado. Somos a sétima economia em riquezas e a 82ª em pobreza. Quem explica esse abismo? Isso não é de agora, mas vem de décadas com modelos econômicos equivocados, concentradores de renda e de riqueza, desprovidos da Ciência da Administração, ciência esta que tem um compromisso com o desenvolvimento econômico e social.

É necessário ousar, romper com a inércia e construir, por meio da Ciência da Administração, um projeto estratégico de desenvolvimento nacional. Caso contrário, continuaremos uma fábrica de pobres. Por isso, é inconcebível permitir que a Ciência da Administração seja ultrajada dentro da sua própria casa.

Romper com uma série histórica de ingerência não foi fácil! Fomos e ainda somos duramente desafiados e flagelados. No último relatório que enviamos ao TCU, mostramos em detalhes as ações que não só colocaram ordem nas coisas, mas também pôs fim a condutas errôneas que desonram a Administração.

O que estamos fazendo para fortalecer a fiscalização, registro e cobrança é outro destaque do documento. Esse tripé é o “core business” do Sistema CFA/CRAs. Por fim, este relatório é uma prestação de contas não só ao TCU, mas por meio dele também nos voltamos para os mais de 400 mil profissionais de Administração registrados no Sistema CFA/CRAs e que esperam de nós um compromisso responsável e ético com a profissão.



Administrador Mauro Kreuz

Presidente do Conselho Federal de Administração