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Mundo Árabe – Fácil adaptação de árabes no Brasil tem motivo histórico

Comércio e relações culturais entre Brasil e países árabes é secular

O Brasil é morada de milhões de árabes e descendentes, motivo que facilitou o relacionamento econômico internacional entre os povos. Apenas do Líbano — segundo estimativa do Ministério das Relações Exteriores, de 2015 — há entre 7 milhões e 10 milhões de nativos e descendentes vivendo no País.

As primeiras imigrações ao Brasil aconteceram por influência de Dom Pedro II. Em suas viagens realizadas ao oriente médio (a Líbano, Síria, Egito e Palestina), em 1871 e em 1876/77, ele convidou populações árabes locais a fazerem parte do processo de povoamento do território brasileiro.

Segundo o pesquisador em Língua e Cultura Árabe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Baptista Vargens, devido à atividade de mascate, os primeiros imigrantes árabes aprenderam rapidamente a língua portuguesa e tiveram rápida integração à sociedade.

O fato de os imigrantes árabes aprenderem rapidamente o português foi determinante para eles se estabelecerem por aqui. Com o tempo, puderam evoluir e hoje participam de todas as esferas sociais e profissionais do País”, explica.

Vindos de guerras em seus países de origem, os árabes que vieram morar no Brasil não tiveram suas viagens pagas por fazendeiros do café e, em sua maioria, não foram viver da agricultura. Por esta razão tornaram-se mascates.

Em suas atividades itinerantes, eles puderam conhecer diversas regiões do País, o que lhes permitiu migrarem para estados de norte a sul. “Entre algumas das contribuições culturais dos árabes ao Brasil estão, por exemplo, a introdução da venda a prazo e aceitação de diversos tipos de produtos como pagamentos. Com o tempo, eles tornaram-se pequenos comerciantes, profissionais liberais e, depois, alguns chegaram até mesmo a ser industriais”, explica a pesquisadora em História Árabe, da Universidade de São Paulo (USP), Arlene Clemesha.

A presença árabe na cultura brasileira acontece, também, na esfera linguística. De acordo com o pesquisador, devido à presença árabe na Península Ibérica, há cerca de 3 mil verbetes dicionarizados, de origem árabe, na língua portuguesa.

São exemplos da influência árabe na língua portuguesa palavras como: açúcar (as-sukkar – areia branca), alvará (al-bará – carta de autorização), fulano (fi’lán), Oxalá (vem de In Sh’Allá – Se Deus quiser), e xarope (xarab – bebida poção).

O relacionamento comercial entre Brasil e países árabes tem aumentado a cada dia. De acordo com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira (Anba), em 2018 foram exportados US$ 11,5 bilhões – a 22 países integrantes da Liga Árabe – e importados US$ 7,6 bilhões, totalizando US$ 19,1 bilhões negociados.

Leia, aqui, a primeira parte da matéria sobre Brasil e Mundo Mundo Árabe, na RBA 132.