Quarta Revolução Industrial é tema de palestra no MT. Grupo avalia adaptação ao novo cenário
Ontem (17), o Conselho Federal de Administração (CFA) esteve representado pelo conselheiro federal e vice-diretor da Câmara de Formação Profissional, Mauro Leonidas, em evento cujo tema foi a “Administração das Organizações, na Indústria 4.0”. Realizada em Cuiabá, na sede do CRA-MT, a palestra abordou quebras de paradigmas entre as diferentes fases da Revolução Industrial, no Brasil e no mundo.
Na ocasião foram explicadas as diferenças entre cada fase do fenômeno econômico, bem como os cenários profissionais (o atual e futuro) e a maneira como os administradores podem adaptar-se ao novo contexto. “Nós administradores precisamos estar antenados com o que está acontecendo no mundo e entender como estamos inseridos neste novo contexto”, explicou Leonidas.
O conselheiro, que também é professor universitário e pesquisador, explica que a primeira fase da revolução industrial (ocorrida entre 1760 e 1860) foi marcada pela substituição do trabalho artesanal pelo assalariado, e pelo uso de máquinas e dispositivos mecânicos em geral. Já a segunda etapa (1860 a 1900) foi marcada pela produção em massa, organização da linha de produção e uso de metais para construção de meios de transportes (navios, ferrovias e carros).
A terceira fase (ocorrida ao longo do século 20 e início do século 21) foi marcada pelo uso da computação, fax, engenharia genética e celular, como ferramentas para aumentar a produtividade e melhorar a comunicação e qualidade de vida. Já a quarta fase da revolução industrial teve início na segunda década dos anos 2000 e ganhou notoriedade com o livro do autor alemão Klaus Schwab, “A Quarta Revolução Industrial”, de 2016.
Na fase mais atual, a 4.0, o conhecimento é considerado o bem mais valorizado. É marcado pelo uso de criações disruptivas tais como Big Data (grande volume de dados – estruturados e não estruturados – que impactam nos negócios cotidianamente), a Computação em Nuvem (armazenamento de informações em servidores ligados à internet) e Internet das Coisas (múltiplos dispositivos eletrônicos interligados entre si, e à internet).
“Hoje, os administradores precisam reunir diferentes habilidades das exigidas outrora, tais como visão sistêmica integrada do negócio e do sistema produtivo e, também, flexibilidade, sobretudo, às constantes e rápidas mudanças na sociedade e no mundo dos negócios. Além disso, é preciso ter formação multidisciplinar — saber fazer de tudo um pouco, com qualidade e precisão—, assim como valorização das relações interpessoais, ou seja, o famoso jogo de cintura para lidar com diferentes perfis”, explica Leonidas.
De acordo com o conselheiro do CFA, a preocupação com a formação deve ser constante não apenas para atualizar-se, e estar apto para atuar no mercado de trabalho, mas, sobretudo, com vistas ao empreendedorismo. Em eventos anteriores, o diretor da Câmara de Formação Profissional do CFA já havia esboçado preocupação com o ensino atual das escolas e universidades brasileiras e o que está acontecendo no resto do mundo.
O CFA, por meio da Câmara de Formação Profissional, tem estudado novas tendências e modelos educacionais para atender a demanda brasileira por profissionais no mercado de trabalho, na área da Administração. Para a coordenadora de Formação Profissional do CFA, Sueli Cristina de Moraes, um exemplo interessante que tem a ver com a revolução industrial 4.0 está acontecendo no município de Luzerna-SC.
Sueli explica que o município buscou parcerias com o governo estadual e tem desenvolvido o ensino de tecnologia desde o ensino fundamental. “Em Luzerna, as crianças têm aulas práticas e técnicas, semelhante ao que é ensinado em Escolas Técnicas, de instituições como o Senai. O diferencial é que a longevidade apresentada neste tipo de ensino acaba formando jovens muito mais interessados em aprender e também preparados para o novo mercado de trabalho que está por aí”, sintetizou.