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Inovação: dogma do novo capitalismo

Leocir Dal Pai, presidente do CRA-RJ, deu início aos trabalhos do Enbra na tarde do segundo dia de encontro. Ele foi o mediador da palestra “Por que a inovação é o mantra: Conflito é bom”, ministrada por Elaine Tavares, doutora em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV/EBAPE). Ela possui 15 anos de experiência profissional em grandes empresas, principalmente da área financeira e do setor educacional. É professora do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a primeira mulher a presidir esse instituto.

O confronto com o capitalismo conservador gera inovações em todos os campos. Caso o modelo mental de manutenção das conquistas obtidas predomine no mundo produtivo, economias não serão ativadas e trabalhos não serão gerados. Não se trata de um tipo de inovação, mas de inovações em todos os campos.
Inovar já é necessário há muito tempo. “Quando a gente diz que confronto é bom, é bom para quem? Isso nos tira da nossa zona de conforto. Até as escolas de negócio passam por isso e precisam se reinventar. Esse confronto, naturalmente, existe e não tem como ser evitado”, afirmou Elaine.

Segundo ela, as organizações estão nadando num mar de dados crescente, volumoso e não estruturado. Apenas 0,5% dos dados são analisados. E um dos principais desafios é a mudança de mentalidade nas organizações. “A gente está falando do avanço tecnológico, mas principalmente do avanço na nossa cabeça. Adquirir conhecimento de tecnologia. A nossa cabeça, muitas vezes, não é inovadora, é uma cabeça que pensa que precisa manter o controle. O bom administrador é aquele que vai saber fazer boas perguntas, porque os dados já estão aí, as respostas já estão presentes. Mas como eu vou inovar, se eu faço sempre as mesmas perguntas?”, indagou.

Elaine afirmou que é preciso saber conviver com a tecnologia e extrair dela os benefícios possíveis. Na prática, a tecnologia permite analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real, estruturando a tomada de decisão. “Eu preciso entender o dado que está acontecendo agora para prever o que vai acontecer no futuro”, explica.
Ela abordou, ainda, as novas tecnologias que têm imposto um novo ritmo nas organizações, como Big Data. Aquelas que mais se beneficiam com essa tecnologia se distanciam das análises tradicionais, estão atentas ao fluxo de dados e não ao estoque. Isso evita a decisão obsoleta, ajuda a ter dados processados ao longo dos eventos, a analisar, decidir e agir rapidamente. “Preciso analisar e agir muito rapidamente para acompanhar o dinamismo. Isso é gestão? Completamente”, afirmou.

Pensar em inovar, mas ao mesmo tempo querer exercer o controle não funciona. Algumas instituições estão criando um laboratório independente da sua área de atuação, para pensar em inovação. Um exemplo é o Magazine Luíza, que implantou o Magazine Luiza Lab e isso, segundo a palestrante, é muito eficaz. “Não é matando um leão por dia que você consegue inovar. É preciso ter pessoas específicas para fazer isso”, disse.

A professora listou os principais problemas associados à inovação: falta de cultura de inovação; desafios técnicos ligados ao volume; velocidade e variedade; privacidade; e colaboração humana. Para mudar esse cenário, ela aponta usar analitcs para ajudar a entender riscos e retornos; confirmar se está usando as métricas certas; verificar suas premissas; consultar várias opiniões para fazer um diagnóstico. Entre as condições necessárias para o êxito, estão a cabeça aberta e cultura; suporte gerencial e executivos; orçamento suficiente; e melhores parceiros e fornecedores. E afirma: “Homem é motor da mudança, a tecnologia só viabiliza”.

A tecnologia digital é parte fundamental da gestão pública. Cabe ao profissional da Administração capacitar-se para compreender e adaptar-se a esse novo contexto. Por isso, Tecnologia e Inovação na Gestão Municipal foi o tema escolhido para o painel paralelo ministrado por Cristina Barattta, Junior Salviatto e Alexandre Cardeman, com moderação de Paulo Timm, superintendente Geral do IBAM.

 

 

Assessoria de Comunicação CFA