A Administração brasileira, representada institucionalmente pelo Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração (CFA/CRAs), não é um indivíduo, mas o inverso: é a união de quase meio milhão de profissionais, dotados de conhecimentos e saberes distintos e imensuráveis. Portanto, é ingênuo pensar que o nosso avanço como classe dependa de uma pessoa, ou de um pequeno grupo de pessoas. É preciso abrir as portas para a multiplicidade e a diversidade, empoderando e instigando cada célula do nosso sistema a contribuir com sua parcela, para que o êxito seja sempre coletivo e nunca pessoal.
A lúcida linha de raciocínio exposta acima foi chancelada pelo plenário do CFA, no último dia 12 de janeiro. Com a proposta de gestão compartilhada, fomos escolhidos para guiar a autarquia nos próximos dois anos. Foi um momento de ruptura gerencial: a comunidade da Administração abandonava o modelo monocrático para dar lugar ao oposto: o colaborativo, coletivo, participativo e democrático. Isso implica na radical mudança de comportamento organizacional, que exige maior comprometimento e responsabilidade de todos os envolvidos.
Observando o cenário geral, o exercício do poder apresenta a primeira e principal mudança: deixa de ser centralizado para ser repartido. Na prática, minha condição de presidente é a literal, a de presidir. Por sua vez, os diretores do CFA terão autonomia em suas ações e serão os efetivos protagonistas. Além disso, assumimos que ninguém é possuidor do conhecimento pleno, podendo sempre aprender uns com os outros. A tautologia permite que áreas distintas da autarquia conversem entre si na hora de formular projetos, promovendo a enriquecedora interdisciplinaridade tão familiar em nossa profissão.
Vigora em nosso modal da gestão com transparência total das atividades. Isso promove a consistência na atuação do Conselho e inibe quaisquer inconformidades que por ventura se apresentem ao longo dos processos. A medida se estende também aos CRAs, respeitando, obviamente, a autonomia de cada um.
A transformação pela qual passa a nossa casa tem um objetivo primário: atender-nos como profissionais de Administração. Quando digo que essa é uma gestão compartilhada, não me refiro apenas ao corpo de conselheiros do Sistema CFA/CRAs, mas a cada um dos mais de 400 mil registrados em todo o Brasil. Seja no Norte ou Sul do país, sua atuação é igualmente relevante para este Conselho, assim como a de qualquer outro de nós. Aqui – rechaçando possíveis traumas de demagogia – você tem vez e voz.
Sabe aquele descontentamento com a profissão, verbalizado sem direcionamento? Queremos que o reporte a nós. Se lhe incomoda, nos incomoda. Ligue para a ouvidoria do CFA, envie um e-mail, não nos prive de ter ciência e encontrar soluções para os nossos problemas. Caso tenha uma ideia, sugestão, contribuição, nos procure do mesmo jeito. Juntos, podemos aperfeiçoar mais a Administração brasileira.
O conteúdo publicado nos veículos de comunicação da autarquia também é direcionado a nós, profissionais de Administração. Se ler, ouvir ou assistir algo e quiser se posicionar de alguma forma, negativa ou positiva, não hesite em fazê-lo. A sua participação será o diferencial nesses próximos dois anos de gestão. Quanto mais juntos e afinados estivermos, melhores administradores seremos, e seremos mais fortes como profissão.
Adm. Mauro Kreuz
Presidente do CFA