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Gaudenio Lucena fala sobre segurança pública e burocracia no Brasil

Segunda parte da entrevista (primeira parte)

Administrador por formação, Gaudencio Lucena é empresário em diferentes setores. A gama de atuação de seus negócios englobam segmentos como segurança privada, transporte de valores, comunicação, aviação, energia e tecnologia.

Com atuação nos estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo, a empresa Corpvs (lê-se Corpus) é comandada por ele e virou potência nos ramos em que atua. Em 2020, a instituição que possui cerca de 4 mil funcionários completa 45 anos de existência. 

Ocupante da cadeira de número 11, da Academia Cearense de Administração (Acad), Lucena começou suas atividades na Administração como escriturário e depois tornou-se gerente de agências bancárias de Fortaleza-CE. Em 1977 deixou o segmento para atuar como diretor em empresa de segurança privada e de locação de mão de obra: na sequência, abriu sua própria empresa.

Nesses 45 anos da Corpus, o senhor enfrentou diversas situações peculiares no Brasil, tanto na economia brasileira quanto na segurança pública e na política. Em qual dessas áreas o senhor poderia destacar um ou mais fatos que o marcaram e foram mais emblemáticos, e por quê? 

Ao longo de 45 anos, vencemos muitos obstáculos e ultrapassamos vários percalços dos planos econômicos, da turbulenta política e econômica brasileira dos anos 1980 e 1990. Entre eles, podemos citar os planos Cruzado, Cruzado Novo, Plano Verão, Plano Collor e por fim o Plano Real — o mais eficaz e bem sucedido de todos eles, pondo um fim à inflação desenfreada, que é o mais perverso dos tributos, pois atinge frontalmente a classe trabalhadora. Estabilizou a moeda e deu credibilidade econômica internacional ao País. 

Todavia, em meio a todos estes cenários de incertezas econômicas, sempre procuramos inovar e ofertar um leque vasto de serviços de segurança. Investimos também nas áreas de energia, radiodifusão, aviação e tecnologia, por meio das empresas integrantes do grupo CORPVS. Ampliar o leque de produtos é fundamental para enfrentar a concorrência.

Estamos vivendo uma época de pandemia, algo singular e que nunca foi vivido no Brasil. O que empresários e profissionais da Administração podem fazer nesse momento para superar a crise, e quais erros devem ser evitados?

Durante instabilidade econômica, o mais prudente é manter a coesão dentro do negócio, focando primordialmente na manutenção do caixa. Ainda não sabemos os efeitos futuros sobre o faturamento e a saúde financeira das empresas. 

Assistimos, agora, a facilitação nas renegociações de aluguéis, empréstimos e um certo alongamento das dívidas de longo prazo. Somado a isso, há o lado positivo dos incentivos do governo federal, de crédito subsidiado, medidas de proteção ao emprego e diferimento de impostos. 

O empresário, sabendo do potencial do seu negócio, deve adaptar-se à situação, mesmo que isso implique em um maior endividamento, que poderá no futuro ser minimizado. Conflitos administrativos ou entre patrões e empregados são infrutíferos neste momento.

Devemos nos conscientizar que precisamos perder um pouco para garantir o futuro ou muitas empresas poderão, muito breve, deixar de existir. Dessa crise sairão três tipos de empresas:  1) aquelas consideradas essenciais, que vão aumentar seu market share; 2) aquelas que sairão endividadas, porém mais fortes e com perspectivas futuras excelentes; e 3) as que lamentavelmente não se sairão bem e irão à falência. Parte da decisão de como será o futuro da sua empresa é do empresário e dos seus colaboradores.

Como o senhor avalia a revolução tecnológica que estamos vivendo, chamada por muitos de Quarta Revolução Industrial, e quais as prováveis direções do mercado, nos próximos dez anos?

Acredito que a revolução industrial 4.0 é algo evolutivo, por isso não concordo com a tese de uma disrupção total, dentro dos mercados. Acredito que a tecnologia, nos próximos dez anos, será útil para maximizar o trabalho humano e não substituí-lo. 

Como toda empresa, a revolução digital existe para agregar algo real na vida das pessoas, resolvendo problemas e fazendo com que sejam mais produtivas. Por outro lado, é importante que os empreendedores possuam a convicção sobre as bases fundamentais de um negócio, que deve servir aos clientes, aos colaboradores e aos acionistas simultaneamente. 

Hoje há uma certa confusão nesse aspecto, em que o foco fica sendo apenas em um desses três agentes. Isso torna algumas empresas inviáveis no longo prazo. 

Quando a empresa é antiga, e possui história, o desafio é realizar inovações incrementais, tornando os processos mais produtivos e diversificando os produtos/serviços de forma a aumentar o leque de clientes, mas sempre focando na lucratividade e nas estratégias de longo prazo. Muita coisa está acontecendo, como a facilitação de pagamentos digitais e a comunicação em âmbito mundial. 

(Clique aqui e leia a primeira parte da entrevista)

Por Leon Santos – assessoria de comunicação CFA