Líder de um dos mais importantes órgãos relacionados à Saúde, Marcelo Domingues fala sobre sua trajetória e como chegou ao cargo de coordenador-geral do SNT, o maior do mundo em transplantes
O administrador Marcelo Ataíde é coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes, o maior do mundo. Leia o restante da entrevista que ele concedeu à RBA, edição 148.
Durante a pandemia ficou evidente, mais do que nunca, a importância de se ter um sistema de saúde forte. Quais iniciativas têm sido realizadas no setor de saúde no Brasil e que não são tão difundidas ou de conhecimento da população?
Entendo que a saúde, durante a pandemia, foi muito “politizada”. Observei alguns comentários em alguns canais de comunicação que não traduziam um posicionamento técnico-científico sobre o tema.O mundo não estava preparado para esse cenário, o que causou certos transtornos à população.
Hoje a internet possibilita acesso rápido à informação, por isso é necessário saber filtrar o que se busca para não acabar absorvendo conteúdo inútil.Se você quer obter alguma informação, busque os canais oficiais sobre os temas de seu interesse. E na saúde, isso não deve ser diferente.
O país conta, hoje, com mais de 77% de sua população totalmente vacinada, e já é possível aceitar doação de órgãos de pessoas que foram infectadas pelo vírus da Covid-19. Basta seguir os critérios de aceitação de órgãos que foram recentemente atualizados pelo Ministério da Saúde: um trabalho conjunto realizado entre a Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ANVISA e diversos profissionais da área de saúde.
O processo de doação de órgãos é seguro. A sociedade precisa abraçar essa causa e entender que o ato de doar traz alguém de volta à vida, e não faltam exemplos de pessoas transplantadas que hoje exercem atividades, inclusive esportivas, com resultados surpreendentes.
A pandemia de fato trouxe experiências indesejadas. Mas é importante frisar que temos acesso à saúde por meio do SUS e, aos poucos, vamos retomando a normalidade de nossas vidas
Inúmeras mudanças aconteceram no mundo nos últimos anos: seja em função da pandemia e, mesmo antes, pela adoção de novas tecnologias que têm moldado novas maneiras de como o ser humano se relaciona, trabalha e vive (Quarta e Quinta Revoluções Industriais). Qual avaliação você faz do cenário atual e, em sua opinião, para qual direção caminha a Administração e o mercado de trabalho dessa área?
O mundo vive em constante desenvolvimento, com oportunidades e nichos de negócios sendo lançados a todo instante. Ser administrador é um desafio diário, não basta ter vontade, é preciso dedicação.
Considero que a carreira de administrador não foi ainda reconhecida como deveria. Não possuímos uma legislação mais específica que exija a presença de um profissional em diversas áreas da gestão.
Deste modo, assim como não temos um piso salarial condizente com nossas atribuições — mesmo com muito esforço que já foi realizado pelos Conselhos Federal e Regionais —, e da tão sonhada valorização, desistir não faz parte do comportamento de um administrador. Acredito que a Administração seja uma carreira muito promissora, independente da escolha que se faça, seja na iniciativa pública ou privada.
O progresso das instituições, impulsionado pelo constante avanço tecnológico, abre grande leque de opções de formação dentro do campo da gestão. Administrador, para ser valorizado, precisa entender que resultados são frutos de trabalhos desenvolvidos com base forte (conhecimento e prática), essência (estratégia), foco, seriedade e disciplina.
Acima de tudo, ele deve criar uma escala de prioridades onde deverão ser inseridos valores profissionais e pessoais, pois de nada adianta que os outros te reconheçam se você não se reconhece.
Clique aqui, caso queira voltar à primeira parte da entrevista.
Por Leon Santos