O fim de ano chegou e é tempo de fazer um balanço sobre o que aconteceu em 2021. Foram muitos os desafios: desde um alento econômico, provocado pela chegada de vacinas contra a Covid-19, até a retomada dos negócios em meio a danos psicológicos, causados após um longo período de uso de máscaras e restrições.
Em meio a isso tudo, a economia brasileira tenta avançar, mas não decola. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 0,1% no terceiro trimestre, e somado à queda de 0,4% do período anterior, o país foi confirmado em recessão técnica.
Nunca o Brasil precisou tanto dos profissionais da administração nas instituições públicas e privadas. Seja para assegurar a logística das vacinas ou mesmo para manter o princípio da economicidade na compra, controle e distribuição de diferentes insumos utilizados contra a pandemia, além de inúmeras outras situações e processos no meio público.
Na iniciativa privada faltam atitudes concretas que garantam estabilidade das organizações e promovam o devido crescimento econômico, bem como novos postos de trabalho para a gigantesca massa de desempregados. O país ainda amarga uma tímida recuperação nos lucros, e as empresas ainda se adaptam a momentos cada vez mais inconstantes e com rápidas mudanças.
Com objetivo de trazer soluções e proposições ao país, o Sistema CFA/CRAs tem trabalhado arduamente, em diferentes frentes, que vão desde a educação profissionalizante, por meio de seus cursos da ACAdm, até a promoção de palestras e discussões que pensem o futuro do país. Eventos como o Encontro Brasileiro de Administração (Enbra) e a Semana Temática de Empreendedorismo são alguns exemplos.
Já a Revista Brasileira de Administração (RBA), em sua 145ª edição, traz os principais temas tratados nos eventos citados anteriormente. Do marketing digital às redes sociais, em especial o Instagram, até o Canvas (ferramenta que proporciona montar plano de marketing ou de negócios), tais assuntos mostram que é fundamental digitalizar os negócios e adaptar-se aos novos tempos, pois, hoje, as vendas e as relações comerciais têm relação direta ou indireta com o uso da internet.
Embora a modernização seja uma necessidade, sem a devida parcimônia, o uso exacerbado de eletrônicos deve ser evitado, não apenas por envolver perda de tempo, mas por provocar sérios riscos à saúde dos indivíduos, efeito denominado fragmentação da atenção. Tema da matéria de capa, o problema é mencionado no livro do neurocientista Michel Desmurget — o best-seller “A Fábrica de Cretinos Digitais” —, onde o autor apresenta pesquisas credíveis sobre os perigos do excesso de exposição a dispositivos eletrônicos, que podem causar problemas físicos, cognitivos e sociais.
Temas referentes ao mercado, como inovação e revolução tecnológica, também são trazidos, nesta edição, por renomados palestrantes que estiveram nos eventos realizados pelo CFA no último trimestre. Os diferentes tipos de inovação e o uso de tecnologia de ponta nos negócios — como a inteligência artificial para realizar cruzamento de dados e orientar tomada de decisões — são alguns dos tópicos de relevância, em que um pequeno erro pode ser crucial entre a perda de lucro ou de mercado e a sobrevivência dos negócios.
Casos de sucesso de grandes empresários brasileiros também estarão nas páginas a seguir. Eles dissertam sobre o que consideram tendência e seus modelos de gestão que os fizeram vencedores em meio à acirrada competição no mercado brasileiro e mundial.
Os empreendedorismos feminino e social também foram tema de uma das matérias desta edição. A presença da mulher no contexto empresarial, o que elas passaram, e ainda passam, bem como as conquistas históricas dos últimos cinquenta anos são alguns dos assuntos que fazem o leitor refletir sobre o papel de cada um, e cada uma, e a necessária evolução do Brasil no contexto das organizações.
A seguir, longe de ter uma conotação religiosa, a espiritualidade organizacional aparece como necessidade clara de humanização do mercado de trabalho. Importante para ressignificar a relação entre empresa e seus colaboradores, o assunto veio à tona, sobretudo, com a sensibilização das pessoas diante de perdas familiares durante a pandemia.
Dois temas que merecem destaque, e retratam períodos distintos na vida do profissional, estarão mais adiante. O primeiro são as novas diretrizes curriculares dos cursos de administração (DCNs), que representam o início da vida estudantil e — por que não dizer? — profissional.
Na outra ponta, a aposentadoria e o envelhecimento mostram a importância de estar com saúdes financeira e mental em dia. Parar não é fácil, mas pode ser um recomeço para nova fase, estimulante e produtiva — basta saber como tirar proveito dela.
Aproveite a leitura.
Adm. Mauro Kreuz
Presidente do CFA