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Editorial do presidente – CFA, o futuro e a RBA

Ao reparar nos cenários político, sanitário e administrativo do Brasil, é difícil não relacioná-los a problemas de gestão. Estamos, sim, indo rumo ao desconhecido, onde tudo pode acontecer até o final deste ano, inclusive, nada.

O futuro parece incerto, mas nós do Conselho Federal de Administração decidimos construir alternativas mais viáveis, do que desperdiçar esforços sobre algo que não temos controle e que não sabemos como ocorrerá. Por isso, é muito mais interessante convidar você, caro leitor, a conhecer as iniciativas que o Sistema CFA/CRAs têm feito para melhorar a vida de seus registrados.

Um dos trabalhos que merecem destaque e a sua atenção são as certificações, em diferentes áreas da administração. Elas são fruto de parceria entre o CFA e Fundação Getulio Vargas (FGV) para conferir tanto a estudantes quanto profissionais uma oportunidade de qualificação ou de reciclagem profissional, pois nos preocupamos com o seu futuro.

Assim como acontece na área de tecnologia, o CFA e a FGV aplicam provas, cujo certificado tem o mais alto reconhecimento profissional no mercado de trabalho. Na prática, tanto serve de direcionamento ao estudo específico, quanto de estímulo para que os profissionais busquem e saibam o que o mercado precisa e deseja.

A velocidade com que os conhecimentos e práticas profissionais têm sido superadas fazem com que todos, independente da carreira, corram atrás daquilo que lhes será útil em suas vidas profissional e pessoal. Um exemplo de tal velocidade é a de que quando mal havia chegado ao Brasil a Quarta Revolução Industrial (Revolução 4.0) e já se falava em Quinta Revolução Industrial (Revolução 5.0), antes mesmo da pandemia.

Nesse sentido, a Revista Brasileira de Administração (RBA) tem focado esforços em publicar os conhecimentos pertinentes à nova era pós-pandemia, como também às tendências e à realidade que se apresenta na atualidade. Termos como, Accountability, Governança (Corporativa ou Pública) e Compliance deverão se tornar cada vez mais populares, tanto em empresas como na academia, devido à complexidade de um mundo cada vez mais influenciado pela tecnologia e pelas novas regras no que tange à legislação brasileira.

Um dos pilares da governança corporativa, a Accountability está ligada à prestação de contas e gestão de desempenho. Qualquer semelhança com o momento político e econômico que estamos vivendo não é mera coincidência.

Por outro lado, a Governança, neste caso a pública —que é um dos temas desta edição—, aparece como conjunto de medidas que visam dar direção e finalidades aos recursos públicos. É por meio dela que são feitas as tais políticas públicas que se traduzem em projetos governamentais, pensados e colocados em prática para a sociedade.

Para completar o trio aparece o Compliance, que pode ser entendido como um conjunto de medidas instituídas dentro de instituições (públicas ou privadas) para assegurar que as práticas ou ações estão de acordo com a legislação em vigor. Muito mais que apenas cumprir o que está na lei, ela tem fundamental importância para reeducar as pessoas e empresas a trabalharem quesitos éticos dentro e fora das organizações.

Em um viés mais financeiro e mercadológico, outro dos assuntos desta edição é a importância das métricas para medir o retorno de investimentos (ROI), o desempenho (KPIs) e demais avaliações fundamentais para mensurar diferentes aspectos de um negócio. Certamente, servem para diferentes setores da sociedade, tanto para a administração pública ou privada.

A realidade do mercado também é abordada nesta edição, em uma análise sobre o futuro do varejo presencial pós-pandemia, com a criação de novos hábitos durante o isolamento social. É no mínimo um bom exercício de reflexão sobre o que virá nos próximos meses ou anos.

Já no quesito vendas, presenciais ou on-line, a arte como aliada do comércio nos faz repensar o perfil do vendedor. Assim como um artista precisa se reinventar, o mesmo acontece ao vendedor — que precisa entender as necessidades dos consumidores e a sua importância como representante da linha de frente das empresas, junto aos clientes.

As tendências para o futuro, que já são situações do presente em muitos países, também são abordadas em matérias como Cidades Sustentáveis e Economia Circular. Ambas mostram o potencial da sustentabilidade como geradora de novos negócios e de preservação do meio ambiente.

O lado social, tão presente na Quinta Revolução Industrial (Revolução 5.0) não foi esquecido. O conceito de empresas humanizadas — organizações que se preocupam com seus funcionários, sobretudo, em meio aos resquícios deixados pela pandemia —deve ser motivo de discussão dentro e fora das empresas, senão pelo altruísmo (preocupação com as emoções humanas), ao menos por pragmatismo (produtividade).

Na mesma esteira, o empreendedorismo social mostra sua força, ao expor como as novas gerações valorizam negócios que tem um ideal em prol da coletividade e não visa apenas o lucro, mas acima de tudo o bem da sociedade e do país. Não raro, empresas com essa ideologia conquistam e encantam as melhores cabeças do mercado e também admiração dentro e fora de sua área de negócio.

Sem mais delongas, boa leitura!

Mauro Kreuz – Presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), CRA-SP Nº 85872