Profissional pode partir para uma recolocação ou partir para um projeto empreendedor. Seja qual for o caminho a adotar, buscar conhecimento e capacitação é essencial para voltar ao mercado de trabalho mais seguro e forte
A Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia divulgou, no último dia 11, os números de pedido de seguro-desemprego. Em abril, foram requeridos 748.484 benefícios. No acumulado, as solicitações feitas pelos trabalhadores com carteira assinada subiram 22,7%. Os números revelam que a crise causada pela pandemia do novo coronavírus causou a demissão de milhares de trabalhadores formais no Brasil.
Contudo, estima-se que o número deve ser maior. É que, com a suspensão dos atendimentos presenciais nas unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine), a solicitação é feita on-line e muitos trabalhadores que foram demitidos em meio a pandemia não conseguiram fazer o requerimento do benefício.
E como fica a vida após a demissão? Se você, infelizmente, entrou para a triste estatística do desemprego, não se desespere. O Conselho Federal de Administração (CFA) conversou com o educador corporativo, consultor organizacional e mentor de carreiras, Flávio Emílio. Em entrevista, ele ressalta que “sempre haverá trabalho e demanda para quem é bom, diferenciado e trabalha com excelência”. Flávio fala, ainda, como dar a volta por cima para conquistar uma oportunidade e aponta as tendências do mundo do trabalho pós-crise. Confira!
Como voltar para o mercado de trabalho em meio a crise?
Existem duas possibilidades reais: buscar a recolocação e partir para um projeto empreendedor. Na primeira hipótese, é preciso atualizar o currículo, ativar os contatos profissionais, avisando que está em busca de um novo emprego e, fundamentalmente, se atualizar tanto em conhecimentos, quanto no manejo de novas ferramentas, assim como o desenvolvimento de atitudes mais alinhadas ao momento de transição como: flexibilidade, iniciativa, inteligência emocional, resolutividade. Tudo isso também é aplicável para aqueles que vão empreender. Mas os empreendedores precisarão, ainda, planejar para correr riscos calculados. Ferramentas como o Plano de Negócios e o BM Canvas seguem sendo úteis, assim como uma forte ênfase na inovação para oferecer algo que os clientes valorizam muito: novidades que resolvam seus problemas e/ou tornem suas vidas/negócios melhores. Esses são os diferenciais mais consistentes.
Como gerenciar a carreira em meio a isso tudo?
Há uma retração da oferta de empregos formais em muitos segmentos de negócios. Uma conduta recomendável é ligar o radar para identificar aquelas áreas que não sofreram desaceleração durante a crise e que, pelo contrário, seguem crescendo: telecomunicações, varejo farmacêutico e de alimentos, além dos serviços de saúde e grande parte da atividade industrial ligada a bens de consumo essenciais. Para quem não possui expertise em áreas consideradas essenciais, é importante abrir novas frentes de atuação, ampliando o escopo para poder aproveitar mais oportunidades. Abrir mão do emprego formal para trabalhar por projetos pode ser uma alternativa emergencial para alguns ou, ainda, uma nova e promissora fase da carreira para aqueles que têm um perfil mais multiespecializado. Um fato é certo: sempre haverá trabalho e demanda para quem é bom, diferenciado e trabalha com excelência.
Enquanto novas oportunidades não surgem, o que o profissional pode fazer para não ficar parado?
É preciso aproveitar o tempo de isolamento e quase-reclusão para se fortalecer e voltar mais competitivo ao mercado, seja em um novo emprego, em um projeto de “carreira solo” ou mesmo a abertura de um novo negócio. Todos estamos tendo muito mais tempo agora. Assim, além de estar mais próximo da família – o que é positivo para a saúde mental, é o momento para pesquisar mais, aprender mais e planejar desde já os cenários profissionais pós isolamento. Quem planeja agora, pula na frente em relação a quem está inerte, reclamando e sendo influenciado por notícias alarmistas.
Qual será o “novo normal” na gestão de carreira?
Trata-se de um novo padrão de gerenciamento da carreira. Não há como ser prescritivo na resposta. Mas algumas competências que já vinham em processo de evolução ganharam um forte impulso desde que o isolamento começou a vigorar há cerca de 60 dias. A virtualização é uma delas. O mundo pós Covid-19 não será 100% virtual, mas será muito mais do que era até o início de 2020. Além disso, passamos a ser menos individualistas e estamos aprendendo a ser mais solidários e colaborativos – aspectos fundamentais para se trabalhar em equipe. Outro elemento que estará no centro do “novo normal” é uma tendência ao minimalismo, ou seja, uma busca pela essência das coisas. Ser mais eficiente, lutar contra o desperdício, saber ser frugal e, principalmente, performar bem em meio à escassez, aproveitando ao máximo os recursos que temos, usando o potencial criativo para encontrar formas mais simples, baratas e inovadoras de gerenciar processos e encantar o cliente.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA