Novas e antigas gerações de mulheres se emocionam ao conhecer histórias inspiradoras sobre igualdade e superação
“A ética e a mulher na administração” foi tema da segunda palestra, ocorrida na sala B, nesta terça-feira, no FIA 2022. Depois de rápida apresentação de Maria Buchale, conselheira do CFA pelo Pará, o evento teve início com apresentação da administradora e presidente da Associação Comercial do Pará, Elizabete Grunvald.
Com uma verdadeira aula sobre o significado da palavra, Grunvald remontou o conceito aristotélico sobre ética, ao dizer que só é possível avançar na vida de forma sustentável se houver respeito e felicidade. Segundo ela, o autor grego dizia que virtude está associada à palavra ética, sendo o termo alcançado apenas com a presença do equilíbrio: este último, por sua vez, aparece como fator de geração de felicidade.
Na sequência, com a afirmação “As pessoas não nascem boas ou más, mas se moldam com a família ou grupo”, ela trouxe à tona a conhecida teoria do autor John Locke de que o ser humano é uma página em branco, sendo produto do meio do qual faz parte. Elizabete trouxe, ainda, aos presentes, reflexões de por que o tema ‘ética’ está tão em evidência atualmente.
Entre razões elencadas citou o desencanto com as pessoas e com o sistema social, a falta de democratização no mundo, o descrédito das instituições, a economicidade em assuntos indispensáveis, bem como novos regulamentos (tais como a globalização e novas formas de trabalho). Na sequência, a administradora citou outro pensador, desta vez Thomas Hobbes, segundo o qual se o ser humano não tiver contratos sociais rígidos e muito bem definidos, ele se perde.
O ponto alto de sua exposição aconteceu quando ela resumiu o que é na prática a ética. “Ética é aquilo que você faz de correto, quando não tem ninguém ouvindo ou olhando o que faço, nem mesmo aplaudindo ou tecendo com elogios, e ninguém para me avaliar”, destacou.
Barbados
Segunda expositora da tarde, a embaixadora de Barbados, Toníka Thompson, falou sobre a formação de seu país, que tem população predominantemente feminina. Ela narrou sobre a indústria da escravidão de seu país que, inclusive, exportou o modelo para o Brasil.
Thompson relatou que embora seu país tivesse média de apenas 200 mil habitantes, mais de 60 mil homens de sua nação tiveram que buscar melhores condições de vida em outro país, após a escravidão. Eles contribuíram para a construção do canal do Panamá, bem como do mercado ‘Ver o Peso’, em Belém-PA, e da ferrovia Madeira-Mamoré, em Porto Velho-RO — motivo pelo qual há descendentes de cidadãos de Barbados nas duas cidades da região Norte.
A embaixadora finalizou ao dizer que a construção de seu país foi feito praticamente por mulheres e só foi possível avançar com o estabelecimento de ética, igualdade e respeito entre os cidadãos.
Mulher executiva
Na palestra seguinte, denominada “Governança: Atuação da mulher Executiva” — e mediada pela conselheira do CFA por MG, Maria do Rosário Martins—, a primeira participante foi a administradora Denise Araújo, presidente do Conselho Mulher Empresária-PA. Ela contou como aconteceu a inserção das mulheres no mercado de trabalho brasileiro, ocorrido em razão da “Primeira Guerra Mundial (de 1914 a 1918)”.
Na época, como a população brasileira era pequena, e boa parte dos homens estava na guerra ou envolvido indiretamente no conflito, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro foi requerida pelo governo do período. Mas a inserção feminina ocorreria de forma massiva apenas nos anos de 1970, mesmo assim, segundo Denise, elas já são 60% dos alunos em cursos de bacharelados e 16% mais escolarizadas que os homens, em todos os níveis educacionais.
Sobre governança corporativa, ela explicou que o termo objetiva auxiliar a gestão da organização e assegura que os interesses dos stakeholders (acionistas, funcionários e consumidores) estejam alinhados de forma estratégica. Destacou, ainda, as vantagens de haver mulheres na liderança executiva.
“Mulheres são mais cuidadosas com as pessoas e com as tomadas de decisão. Também são mais cautelosas em relação aos riscos, bem como são mais organizadas e cumpridoras de normas e regimento”, relata.
Diversidade
A última palestrante, Lilian Schiavo, falou sobre a importância da igualdade de gênero e da diversidade nas empresas. Destacou que, hoje, além da existência do B2B (negócio de empresa para empresa), C2C (consumidor para consumidor) há também o H2H (human to human), ou seja, entre pessoas em geral, não importando gênero, opção sexual, religião ou nacionalidade.
Lilian também destacou os avanços conquistados após 2015, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), que passou a valorizar empresas que cumprem a agenda. Com as ODS, as empresas passaram a valorizar mais a agenda para aumentarem seu valor de mercado entre investidores.
“Destaco um dado muito significativo e que pode servir de inspiração para homens e mulheres do Brasil. O relatório ‘O futuro da Mulher no Trabalho’ — com base em 700 empresas de capital aberto, em seis países — apontou acréscimo de 12 trilhões de dólares à economia mundial, até 2025, caso aumente a inclusão (de gênero) e a diversidade em geral”, finalizou.
Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA