Investimentos em diferentes modais logísticos podem mexer com preços de praticamente tudo no Brasil
O aumento de preços de produtos e serviços, realizados de forma cada vez mais recorrente, chama atenção dos brasileiros sobre o motivo da carestia de diferentes itens, independente da categoria ou tipo. Com a gasolina a quase R$ 7,00, acompanhada pela alta do diesel e do etanol, fica a pergunta: por que os preços de produtos e serviços são tão caros no Brasil?
A indagação é comum e tem sido feita pela população que tenta entender a lógica por trás dos altos custos da maioria dos itens que fazem parte do consumo das famílias. Além da alta carga tributária, uma das razões para a carestia está na dependência exacerbada no modal rodoviário brasileiro, que por sua vez está atrelada ao uso de combustíveis fósseis.
Dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostram que o modal rodoviário é responsável por 61,1% do transporte nacional, enquanto o ferroviário representa apenas 20,7% e o aquaviário 13,6%. Em países como Estados Unidos e China, eles correspondem respectivamente a 43% e 35% (no modal rodoviário); 27% e 25% (no ferroviário), e 8% e 48% (no aquaviário).
Para a doutora em administração e professora de logística, Marli Tacconi, apesar de ser versátil por operar ‘porta a porta’, apostar predominantemente em apenas um modal — o rodoviário — jamais será a melhor opção. Ela considera que a falta de outras alternativas torna o produto brasileiro menos competitivo e também mais vulnerável a greves e ao aumento dos combustíveis.
A administradora ressalta que a criação de dutos, ferrovias e a ampliação do sistema aquaviário não têm acompanhado o aumento da produção nacional — nem de commodities (tais como minérios e grãos), nem de manufaturados. Isso torna o sistema cada vez mais dependente do transporte rodoviário, o que gera gargalos no escoamento da produção.
“Certamente a estratégia da utilização de outros modais seria a alternativa mais acertada. Além de baratear os custos, tendo em vista os diferentes preços e capacidades de cada um deles, isso minimizaria a pressão gerada pela elevação nos preços dos combustíveis, como no caso do transporte rodoviário”, conclui.
Interligação
Para Marli, quando se fala em diversidade de modais, é necessário não apenas ofertá-los, mas, sobretudo, ampliar sua cobertura e conexão entre eles. Somente após realizar a integração será possível oferecer vasta malha de cobertura e de alcance aos centros de produção e consumo.
A professora e administradora ressalta que o crescimento organizacional envolve diferentes vertentes, sendo a logística um dos mais importantes fatores para que o resultado seja positivo ou não. O investimento em infraestrutura atrelada ao setor é fundamental para o crescimento econômico do país.
“Precisamos que as nossas mercadorias circulem de forma mais fácil, rápida e econômica, mas não é o que acontece. Estamos aquém da flexibilidade dos modais necessários para o crescimento econômico desejado”, resume.
Custos
Um estudo sobre custos logísticos no Brasil, realizado em 2019 pela empresa de logística ILOS, aponta que o transporte rodoviário é seis vezes mais caro que o ferroviário e três vezes mais caro que o dutoviário e o aquaviário. Para a professora de logística do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Karla Motta, os dados são autoexplicativos sobre a necessidade urgente de diversificar as matrizes de transportes do Brasil.
De acordo com a pesquisadora, o transporte rodoviário apresenta desvantagens em relação aos demais em termos de custo; consumo de combustível não renovável, geração de poluição, capacidade de carga e incidência de acidentes fatais. Por isso, segundo ela, os gestores devem reduzir seus custos logísticos e elevar os níveis de qualidade dos serviços prestados aos clientes, a fim de gerar maior valor para todos os envolvidos na cadeia produtiva.
“A atuação colaborativa em redes (de cooperação) é um diferencial para melhorar esse processo e tem sido facilitada por tecnologias que integram as organizações. É uma maneira eficaz para reduzir os desperdícios operacionais, os custos de estoques, operações logísticas internas e também com transportes e distribuição física”, diz Karla.
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Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA