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Atenção pais! Como se programar para as despesas de início de ano

Por Daniel Queiroz

Ano novo, vida nova e gastos antigos. O ano mal começou e, para muitos pais, já vem aquele gasto extra: o material escolar. Para aumentar essa preocupação de início de ano, uma notícia nada boa: os preços do material escolar subiram em média 1,02% no acumulado de 2018, ficando abaixo da inflação. É o que mostrou um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE). A medição exclui da conta os livros didáticos e não didáticos.

De acordo com a pesquisa do economista André Braz, do FGV/IBRE, os preços dos materiais escolares subiram 6,01%. A variação foi medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e ficou menor que a inflação de janeiro a dezembro de 2011 (6,36%). “Não foi diferente nos últimos anos. Desde 2005, o material escolar vem registrando aumentos abaixo da inflação média. Não tem apresentado aumento real”, disse o economista. Segundo ele, isso não quer dizer que esse item da lista tenha deixado de ser custoso para as famílias, em especial no primeiro mês do ano. “Tem que procurar, pechinchar, comprar em grupo, para tentar baixar o preço”, recomendou.

De acordo com o economista do IBRE André Braz, os produtos e serviços que apresentaram alta, além dos materiais escolares, foram: transporte escolar (5,19%), livros didáticos (0,50%) e os livros não didáticos (0,46%).

Apreensiva com o aumento dos materiais escolares, a empresária e mãe da Luara e do Marcelo, Luciana Cândido, 42 anos, conta que, para ir às compras, ela separa um tempo para pesquisar antes, depois compra. “O meu custo é em dobro; a Luara, com 12 (anos) e o Marcelo, com 10. Os materiais saem caros. Geralmente, no final do ano eu tiro um ou dois dias para sair, pesquisar, olhar a lista de materiais. Às vezes, vou em lojas vizinhas e a diferença está em 5, 10 reais. Só depois vou para comprar. Vale a pena”, conta.

Tecnologia: uma luz no fim do túnel

Pensando nisso, o colégio Sigma, situado em Brasília, começou inovando. Segundo a diretora de uma das cinco unidades na capital federal, Natália Rocha, a escola adotou uma filosofia de economicidade e sustentabilidade com o ensino fundamental. “Ano passado, começamos com um espaço para os pais fazerem trocas de materiais e disponibilizamos a lista. Foi a primeira vez e houve boa aceitação. Os próprios (pais) fizeram um grupo de WhatsApp para trocarem livros e até uniformes. Tudo isso para economizar nesse início de ano”, pontuou a diretora.

A economia em relação aos livros também reflete no Ensino Médio, segundo a diretora. Há alguns anos, a escola adotou tablets em vez de livros físicos, o que facilitou tanto no peso do material quanto nos recursos usado em sala de aula. Natália, que também é professora, conta que, usando tablets em sala de aula, os alunos interagem mais e há muito mais recursos. “Como professora de química, eu utilizo todos os recursos disponíveis nos tablets, há muito mais interatividade com a plataforma”, declara. Natália disse também sobre o material ser prático e mais leve, possibilitando o aluno levar consigo todo o material didático.

Planeje o orçamento

Segundo o administrador especialista em educação financeira, Flávio Moura, da Consultoria Financials, é importante fazer um planejamento financeiro para saber o quanto se pode gastar sem que as outras contas sejam prejudicadas. No começo do ano, além dos gastos com a escola (matrícula, rematrícula, uniforme, transporte, etc.), a família tem que arcar com outras despesas como IPVA e IPTU.

“O grande problema é que essas contas chegam todas ao mesmo tempo, ainda mais pra quem tem filhos. A situação ainda piora para quem não se planeja. Então, é preciso se preparar desde o ano anterior para o ano seguinte já pensando em tudo, para poder fazer uma compra à vista e ganhar um percentual melhor de desconto”, conta.

Para Flávio, antecipar a compra de material escolar é um passo fundamental para evitar preços mais altos e longas filas nas papelarias, tão comuns no período de volta às aulas. “Quanto mais antecedência, maior será a economia de tempo e dinheiro”, disse.

Especialista explica como se programar para as despesas de início de ano

Pesquise e compare preços

Como são muitas opções de lojas para realizar as compras, uma das sugestões do especialista é fazer uma comparação de preços em lojas diferentes.

“Alguns produtos da lista podem ser bem caros, por isso é importante comparar o preço de marcas de lojas diferentes antes de fechar a compra. Hoje nós temos uma diferença de até 300% de uma loja para outra. Então, pesquise e barganhe”.

Flávio ainda dá mais dicas: “Outra medida possível é juntar pais e fazer uma compra coletiva, buscando assim adquirir produtos a preço de atacado, o que costuma baratear o preço também”.

Avalie se vale a pena pagar à vista ou parcelado

Para o especialista, pagar à vista tem a vantagem de não prolongar os gastos, mas é importante levar em consideração o orçamento planejado.

“Para saber se vale a pena pagar à vista ou parcelado, o consumidor deve constatar se há política de desconto na compra à vista. Todo produto tem seu preço à vista e/ou a prazo.” O administrador Flávio Moura complementa ainda: “Mesmo que tenha um desconto no parcelado, o desconto maior é à vista. Pagar à vista e com desconto é a melhor opção. Mas se não tiver o dinheiro, pague no crédito, mas sem juros”.

Invista em itens usados ou troque

A troca e/ou compra de itens usados é outra alternativa para economizar, principalmente em relação aos livros didáticos. Em alguns casos, comprá-los pela internet pode reduzir os gastos em até 50%, de acordo com o site Estante Virtual.

O livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 4. Para quem optar por livros seminovos, a gerente de marketing da Estante Virtual, Erica Cardoso, alerta que é preciso ficar atento para saber se o livro está em bom estado.

“Para quem for comprar online é importante ficar atento ao estado de conservação dos livros, que está na descrição do produto no site. Além disso, é preciso analisar na lista [de materiais] qual a edição específica que a escola exige”, explica Erica Cardoso, gerente de marketing do site Estante Virtual.

O professor Flávio Moura observa que, em geral, os livros didáticos podem ser reaproveitados. Por isso, vale a pena se juntar com outros pais para fazerem trocas.

“Procure famílias e pessoas para fazer troca de livros. Participe de feirões de livros, a maioria vende por valores simbólicos”.

Não compre tudo de uma vez

Ao longo do ano é possível aproveitar algumas promoções fora da época de volta às aulas. A sugestão do professor Flávio é que os pais priorizem os itens essenciais para os primeiros meses de aula, porque os preços tendem a baixar depois que as aulas já começaram.

Ele aponta que “É possível realizar as compras dos materiais ao longo do ano, não precisa comprar tudo de uma vez. Pode, ainda, combinar com a escola de entregar os material nos meses seguintes; dá pra negociar com a escola”.

Guarde dinheiro durante o ano

Segundo o entrevistado, a orientação é pensar em economizar antes desse período de volta às aulas. Criar uma poupança só para esses gastos ajuda na organização financeira do ano todo.

 

Assessoria de Comunicação CFA