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Novo normal do mundo do trabalho será pautado pela flexibilidade

Teletrabalho trouxe muitos desafios, mas é uma tendência que está longe de acabar. Por isso, gestores e líderes terão que se adaptar para gerenciar equipes mistas

A gestora governamental e secretária de Gestão de Pessoas do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), Aleksandra Santos, participou de live no Instagram do Conselho Federal de Administração (CFA). No evento, realizado no final da manhã desta quinta-feira, 14, ela falou sobre “Gestão de pessoas durante e pós-quarentena: desafios e oportunidades no setor público”.

Em meio a pandemia, Aleksandra afirmou que a situação trouxe muitos desafios para o setor público. Um deles é o trabalho remoto. Segundo dados da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal (SGP) do Ministério da Economia, entre 27 de abril e 1º de maio, 51% dos servidores públicos federais civis estavam trabalhando em casa.

“Esse é o maior experimento social de home office da história. É um teletrabalho de exceção. De uma hora para outra ele foi imposto. Estamos nos adaptando e isso apresenta uma série de desafios”, falou a gestora. Ela ressaltou que alguns órgãos públicos como a Controladoria Geral da União (CGU) já adotaram a prática muito antes da pandemia, mas ela ressaltou que que nem todos os profissionais conseguem se adaptar ao teletrabalho e nem todas as profissões permitem que o trabalho seja realizado em casa.

“O teletrabalho exige uma série de competências. O grande desafio das pessoas é tentar conciliar o home office com as tarefas domésticas, com as atividades pessoais, com o lazer e com a família. Não esquecendo que o pressuposto do teletrabalho é a flexibilidade e, por isso, alguns desafios são colocados para o líderes e para a gestão de pessoas”, disse.

Aleksandra explicou que, para os líderes, o desafio é entender essa flexibilidade. Nesse caso, ela recomenda verificar o perfil de cada servidor, analisar a sua disponibilidade e flexibilizar as metas. Um outro desafio é a comunicação.

“A comunicação que ocorre no cotidiano, a verbal e não verbal, pode se perder com a tecnologia. Como que o gestor chega, olha no olho e dá feedback? Os gestores têm que estar preparados e sensíveis para esse momento que deve perdurar”, pontuou.

Com relação a Gestão de Pessoas, o comportamento deve ser proativo. “É muito importante que a gente identifique quais são as condições das pessoas que estão realizando o teletrabalho, que condições de suporte organizacional quanto psicossocial, e como que a organização pode favorecer esses fatores positivos e minimizar os pontos negativos”, defendeu.

Como gerir equipes de forma remota?

Aleksandra reforçou que os gestores e líderes precisam entender que a flexibilidade, seja de local e de horário, é uma das principais características naturais do home office. Nesse sentido, é indicado que o líder conheça a realidade de cada subordinado. A outra questão é o uso de ferramentas que possam otimizar o teletrabalho afim de facilitar a comunicação e evitar ruídos.

“O maior desafio, talvez, seja manter a interação da equipe. No presencial a gente tem isso no happy hour, nos cafezinhos, e a gente perde isso no teletrabalho. Então, os gestores estão promovendo cafés virtuais para sair daquele cotidiano de tarefa e cobrança para um cotidiano mais flexível”, comentou a gestora.

Crise de liderança?

Durante a live, Aleksandra citou que, em 2019, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) divulgou um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que aponta algumas características universais da liderança no setor público. Segundo ela, são competências muito comuns como gestão de risco, flexibilidade, articulação, capacidade de inovação, entre outros.

Contudo, os estudos mais realistas estão saindo de uma tendência prescritiva. “Hoje eles relacionam muito as características culturais e as características do grupo ou da equipe com as competências necessárias para o líder. Então, eu diria que não existe um conjunto de competências pronto, pois os líderes são diretamente influenciados pela cultura organizacional e pela relação líder-subordinado. O líder se adapta a essas realidades”, pontuou.

Diante desse cenário, é lançado um grande desafio para a Gestão de Pessoas, pois ela vai ter que identificar quais são as competências necessárias para aquele líder e aquela organização. Ao mesmo tempo, deverá capacitar ou formar essas lideranças. 

Trabalho presencial X trabalho remoto

A pandemia trouxe grandes desafios de gestão. Na área de Gestão de Pessoas, o trabalho sofreu muitas transformações. Aleksandra citou que já há pesquisas que apontam que muitos trabalhadores não têm o interesse em retornar para o trabalho presencial e querem continuar no home office.

“A gente vai ter que pensar modelos de gestão mais eficientes ou dar essas ferramentas para os dirigentes para que eles possam gerir essas equipes de forma mista ou flexível”, explicou a gestora, ressaltando que essa é uma mudança no mundo do trabalho “bastante significativa”.

Questionada sobre a possibilidade do serviço público adotar, de vez, o home office, Aleksandra lembrou que muitos órgãos já adotavam a prática muito antes da pandemia e com resultados exitosos. Após a experiência durante a pandemia, o trabalho remoto pode, segundo a gestora, ser ampliado para todo o serviço público.

“O home office possui externalidades positivas do ponto de vista econômico, do ponto de vista ambiental e de resultados.  Mas também possui externalidades negativas como interação humana”, explicou.

A gestora do TRT10 também falou sobre o uso de tecnologia no serviço público e ela encara isso como oportunidade. Destacou, ainda, que a Gestão de Pessoas deve sair das questões administrativas relacionadas, apenas, a folha de pagamento, e partir para uma gestão mais estratégica.

Além disso, ressaltou que gestão de pessoas não é tarefa apenas do Recursos Humanos. Todos os líderes também precisam gerir pessoas. “Não existe uma fórmula pronta, mas esse gestor/líder precisa gerir com flexibilidade; tem que monitorar resultados e ser sensível ao mesmo tempo. Não adianta eu atolar a pessoa de trabalho e ela adoecer depois, por exemplo”, afirmou.

Por fim, a Aleksandra falou da importância de os gestores serem mais proativos. Para ela, a mudança cultural na organização é lenta e precisa de atores dispostos a construir esse novo caminho. 

Perdeu a live? Ela está disponível no IGTV do CFA no Instagram: www.instagram.com/cfaadm/

Ana Graciele Gonçalves

Assessoria de Comunicação CFA