No segundo dia do Fórum Internacional de Administração (2/10) aconteceu palestra com o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Rubens Hannun. Ele falou do trabalho que sua organização faz para unir interesses econômicos, sociais e culturais entre as nações integrantes da Liga Árabe e o Brasil.
Hannun disse que é comum pensar na relação, apenas, do ponto de vista da agropecuária. Porém, explicou que o relacionamento abrange projetos mais amplos, em setores como tecnologia e inovação; e frisou que as nações integrantes da Liga Árabe possuem 40 % dos recursos financeiros – dos fundos de investimentos do mundo – que poderiam ser aplicados em projetos nacionais.
O presidente da CCAB destacou que o objetivo de sua organização é trazer investimentos ao Brasil e também levar capital brasileiro às nações árabes. “Estamos falando de 22 países, com um total de 400 milhões de habitantes. E como é possível ter liderança junto a todos esses países? Com transparência e seriedade”, revelou.
Hannun destacou que a CCAB busca tratar de forma estratégica o relacionamento com os países, pois do contrário não haveria respeitabilidade, representatividade e não seriam ouvidos quando necessária a presença da organização. Na sequência, falou sobre as diferenças existentes entre os países integrantes da liga, desde países pobres (como a Somália), até países com um dos maiores PIBs per capita do mundo, como o Catar.
Entre os assuntos comentados por Hannun, tiveram destaque os aspectos culturais. Explicou sobre a sharia (leis islâmicas que regem dezenas de países da Liga Árabe) e de temas como o cotidiano em tais nações. Segundo Hannun, há países em que sexta-feira e sábado são considerados dias de fim de semana, tal qual o sábado e domingo no Brasil. Já em outros, seriam quinta e sexta-feira – o que denotaria diferenças culturais existentes, inclusive, entre as nações árabes.
“As diferenças são muitas e devemos levar isso em conta, ao fazer negócios. Quando se fala em países árabes, estamos falando de mais duas dezenas de países. Em alguns existem monarquias, outros são repúblicas, e em outros sistemas de governos inimagináveis por aqui. É apenas diferente, e queremos que os brasileiros entendam que as diferenças não são empecilhos para que haja uma relação saudável entre o Brasil e essas nações, pelo contrário, elas podem se completar”, explicou.
Na sequência, falou sobre as mais de 60 instituições árabes presentes no Brasil, tais como hospitais, clubes poliesportivos e associações de apoio a crianças e idosos brasileiros. A maior parte dos árabes chegaram ao Brasil por volta de 1870 e, desde então, integraram-se à comunidade nacional e hoje possuem influência na política, economia e até no esporte.
Hannun falou sobre a maneira como árabes e brasileiros podem se ajudar. Enquanto a população idosa só aumenta em território nacional, nos países árabes a maioria dos habitantes tem até 24 anos, em franca expansão.
O desafio para o relacionamento de sucesso seria aproximação, com base no conhecimento mútuo das culturas e respeito. Desta forma, haveria maior integração entre trabalhadores e troca de experiências.
“Juntos, Brasil e as nações da liga árabe representam US$ 4.3 trilhões. O maior desafio é preservar a identidade, juntar as culturas, sempre com respeito e construção de oportunidades” , resumiu.
Assessoria de Comunicação – CFA