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RBA 128 | Blockbusters na era do streaming

Já pensou como será a indústria cinematográfica daqui a alguns anos? A tecnologia chegou e a inovação veio para promover novas mudanças do setor

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Em algum momento você deve ter ouvido falar nos famosos blockbusters. São produções cinematográficas de grande impacto, ou seja, filmes com temas populares, produzidos para atrair o público e lucrar milhões de dólares ao ano. Títulos com orçamentos gigantes e, em alguns casos, produções simples, cujo maior objetivo é gerar lucro.

O termo surgiu na década de 40 para nomear uma bomba utilizada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. O artefato tinha o potencial de destruir quarteirões inteiros, por isso o nome blockbuster. Os produtores de cinema começaram a utilizar esse termo para se referir a filmes que eram sucesso de bilheteria.

Segundo Thamires Viana, crítica de cinema do site CineClick, esse tipo de filme tem características em que há a presença de “um ator muito famoso como protagonista, duram em média 100 minutos e possuem alto orçamento, que é suprido com o sucesso da bilheteria. As temáticas são populares e costumam atrair o público”.

O conceito ficou mais forte com o sucesso de “Tubarão”, de Steven Spielberg, em 1975. O longa trazia grandes atores e orçamentos milionários. “Tubarão foi um marco para a história do cinema no ano de lançamento. Foi o primeiro filme a ultrapassar a quantia de US$ 100 milhões nas bilheterias. A produção custou cerca de US$ 9 milhões e arrecadou mais de US$ 450 milhões mundialmente”, afirma Thamires.

Tubarão foi estrategicamente pensado para que alcançasse o maior percentual de faixa etária e culturas, trazendo assim milhões de pessoas para o cinema e atingindo sucesso de vendas nas bilheterias. Os produtores planejaram cada detalhe, desde a data de lançamento até a divulgação. Viana afirma, ainda, que “o tema foi o grande atrativo para o público, já que foi o primeiro filme a trazer um tubarão mecânico e realista para as tecnologias da época”. A partir daí, a indústria passou a pensar mais nos blockbusters.

Anos mais tarde, foi criada a inovadora empresa Blockbuster Inc. O empreendimento revolucionou a indústria audiovisual na década de 90. Funcionava como uma loja locadora de filmes, lançamentos e produtos audiovisuais. Foi um sucesso. A empresa tinha um inteligente sistema de franquias e, em poucos anos, já contava com 4.500 lojas funcionando em todo o mundo.

A empresa foi considerada uma das marcas mais famosas dos Estados Unidos. O tempo foi passando e começaram a surgir outros canais de distribuição de filmes. A organização tentou se reinventar, mas os resultados foram cada vez menores. Lojas foram fechando e a situação piorava. Depois que a Netflix chegou com um sistema inovador de catálogo e entrega de filmes online, em 2010 a Blockbuster Inc. ruiu de vez e decretou falência.

 

Revolução da Netflix

Se alguém tinha dúvidas de que a Netflix viria para revolucionar, hoje não tem mais. A empresa tem um dos serviços de streaming (distribuição digital) mais populares do mundo. A crítica de cinema do CineClick declara que os serviços da plataforma online “com certeza fizeram uma diferença gritante para as produções cinematográficas”. Ainda segundo ela, atualmente “o público frequenta o cinema apenas para conferir filmes que queiram muito assistir. No entanto, a maioria aguarda a chegada aos serviços de streaming”.

Houve muita especulação. Muitos acreditavam que, aos poucos, os jovens deixariam de ir ao cinema para assistirem os filmes em casa. As plataformas digitais estremeceram o mercado cinematográfico. De acordo com Thamires Viana, os produtores já usam boas estratégias para atrair ao público: “Alguns filmes conceituados já têm se limitado a estrearem em plataformas digitais, mas vão para as salas de cinema com sessões especiais a fim de atrair o público certo”.

Na visão de Sabrina Tosi, recém-formada em cinema, as pessoas estão preferindo a Netflix por conta da facilidade de acesso e pelo custo benefício. “Infelizmente, ir ao cinema hoje em dia se tornou algo caro”, afirma.

Assim como as outras mídias, o cinema também teve que evoluir. As novas estratégias têm tudo para progredir com o passar do tempo, porém ainda não geram valores exorbitantes de bilheterias. “No entanto, filmes blockbusters sempre terão público nas salas de cinema e permanecerão dessa forma devido à atratividade e expectativa que gera na massa”, diz Thamires Viana.

Outros dados importantes a serem abordados são os do Oscar 2019. A Netflix – que conta com a marca de 167 milhões de assinantes em todo o mundo – teve 15 indicações de produções originais. Ainda para este ano, a empresa diz ter pretensões ousadas. Os orçamentos dos filmes previstos chegam a ser de 200 milhões de dólares, sendo produções dignas de Hollywood.

A plataforma está rompendo os padrões de lançamentos clássicos da indústria e criando outros formatos inovadores que acompanham a tecnologia. Os filmes originais não vão para o cinema e mesmo assim lucram milhões. Veio ou não veio para quebrar paradigmas?

 

Potencial de queda

Com a chegada dos serviços de streaming, o setor cinematográfico começou a sentir os sinais de perigo. As vendas nas bilheterias estão caindo a cada ano e os altos custos das franquias e superproduções não estão mais dentro dos orçamentos. Cada vez mais, o cinema americano fica a mercê do mercado externo.

Segundo o professor de cinema e mídias digitais Márcio Moraes, “esses novos serviços de distribuição estão fazendo o cinema ser revisto e as suas bilheterias estão diminuindo. Muito mais que uma ameaça, é uma mudança de audiência”, afirma. “O cinema precisa se reinventar e isso já vem acontecendo com novas linguagens e tecnologias”, completa Moraes.

Um dos acontecimentos que marcou as grandes empresas cinematográficas foi o fracasso do longa-metragem “Transformers 5 – O Último Cavaleiro”, que teve a menor renda da história. Mesmo que a produção tenha gerado expectativas, jorraram análises negativas. Segundo Thamires Viana, “um dos erros cometidos pelas grandes franquias é não se reinventar. O longa chegou aos cinemas sem um roteiro atrativo e trazendo mais do mesmo para o público, além de cometer erros de sequência gigantescos”. Para tentar recuperar o prejuízo, os atores e produtores montaram uma turnê mundial.

Ficou claro que a nova geração de dispositivos móveis e plataformas com catálogos de filmes chegaram chacoalhando o mercado do cinema. Quem quiser continuar no jogo (ou nas telas) precisa encontrar uma maneira de inovar.