Um dos eventos mais esperados do segundo dia do FIA 2025 foi a palestra “Legado Global – A Administração como Pilar de Reconstrução e Desenvolvimento”, que reuniu palestrantes internacionais, da Rússia, Colômbia e Portugal. Com duração de mais de uma hora, os palestrantes dissertaram sobre os principais dilemas entre o mundo moldado pela Revolução 4.0 e o atraso existente na maior parte do mundo nos quesitos distribuição de renda e geração de riquezas.
Após introdução do administrador e professor Ivan Calderon, sobre o objetivo do evento, ele passou a palavra para a professora associada da Escola Superior de Gestão da Produção e da Universidade Politécnica Pedro de São Petersburgo, Olga Ergunova. Ela iniciou sua explanação mostrando dados sobre a distribuição de alimentos no mundo.
Mostrou que o mundo está ficando mais velho, com o aumento da longevidade, e o desafio da fome e da sustentabilidade — onde o Brasil tem papel central com sua capacidade de gerar alimentos e sua biodiversidade. Destacou os desafios tecnológicos de muitas nações, entre elas a do Brasil, mas ponderou que o tema principal é aliar tecnologia voltada ao desenvolvimento social.
“Cidades Inteligente estão vindo de todos os lugares, não como luxo, mas sim como necessidade. É esse conceito que faz parte de um futuro que já está acontecendo, mas que muitos países ainda não alcançaram esse estágio, mas precisa transformar isso tudo em bem social”, destacou Ergunova.
Olga relatou que os Brics já respondem por cerca de 30% da riqueza mundial. Destacou a meta do bloco de potencializar a digitalização das produções e o compromisso que envolve a consolidação de ideias de mercado de redes alimentícias integradas e destacou a importância da agricultura 4.0 (com alta tecnologia).
Na sequência, a cientista russa destacou ações de fomento à ciência e ao desenvolvimento tecnológico para jovens profissionais, do mundo inteiro, e o amparo econômico desempenhado por instituições no exterior. Incentivou os presentes a fazerem parte da iniciativa como meio de autodesenvolvimento.
Agenda
O próximo a falar foi o economista colombiano Mario Daza, professor universitário em programas de graduação e pós-graduação. Com mais de 30 anos de trajetória nas áreas de desenvolvimento, espaço e território, governo, gestão e assuntos públicos, ele destacou como a administração pode ser um pilar de reconstrução e desenvolvimento social e sustentável.
Destacou os acordos entre países presentes na agenda 2030 das Nações Unidas (ONU), mas que emperra nas governanças territoriais, em especial na política no social. “As pessoas estão excluídas das Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, então como isso pode prosperar sem as pessoas”, disse.
Para o economista, um dos principais problemas no que tange as políticas sociais é a falta de continuidade. Sem isso é impossível seguir as metas socioeconômicas.
“Falamos sobre o paradigma da inteligência artificial, mas precisamos rever fatores bem mais básicos que isso, que é a inclusão. Somente ao revisarmos todos esses processos, em especial no que tange aos ODS, é que podemos avançar neste sentido”, sentenciou.
O próximo a falar foi o administrador português Rafael Amorim. Segundo ele, na Europa o progresso passa pelo desenvolvimento humano e pela justiça social. Segundo ele, as riquezas do mundo precisam ser revertidas para o bem social, sem desperdícios e com o olhar ao outro.
Amorim destacou que a espiritualidade de que trata o FIA passa pela empatia e pela resolução de problemas básicos entre equacionar a geração de riquezas e a reversão de tal desenvolvimento em políticas sociais para o bem comum. “Devemos falar menos de tecnologia e mais de soluções que de fato façam a diferença no dia a dia das pessoas, somente assim poderemos falar nos objetivos de uma administração efetiva e no passo que será dado após as ODS”, concluiu.
Leon Santos
Assessoria de Comunicação CFA
