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Quando o cuidado gera valor: vozes femininas que transformam a Administração

O segundo dia do XIX Fórum Internacional de Administração teve início com um debate potente e necessário. O painel “ADM Mulher – Cuidar e Produzir: a nova riqueza na economia do futuro” abriu a programação trazendo reflexões profundas sobre o papel das mulheres na construção de uma economia mais humana, inovadora e sustentável. A mediação foi conduzida pela Conselheira Federal, Admª Isabela Muller.

A painelista Nana Lima trouxe ao debate a perspectiva do cuidado como força estruturante da sociedade. Mãe, empreendedora social e cofundadora da Think Eva, consultoria de equidade de gênero que desenvolve soluções de inclusão nas empresas, Nana também é diretora executiva da Think Olga, organização sem fins lucrativos que usa a comunicação como instrumento de mobilização social. Na sua apresentação, ela afirmou que “quando a gente fala que o cuidado é o maior subsídio da economia, porque se tem funcionários numa fábrica trabalhando se estamos aqui hoje é porque alguém cuidou”.

Segundo a painelista, existe uma peregrinação da pobreza nessa realidade do cuidado. Como as mulheres estão na maioria dessa linha de frente de cuidado, 60% das pessoas que vivem em situação de pobreza no mundo são mulheres. “Quem é que faz a linha diferente do cuidado, quem é que tá trabalhando dentro das casas? Quem é que tá deixando tudo pronto pra gente sair pra fora, pra esfera pública pra produzir?”, questionou Nana.

Vanessa Guitta, ampliou a discussão trazendo uma visão estratégica sobre inovação e transformação institucional. Executiva de inovação com atuação internacional, Vanessa trabalha com políticas públicas, ecossistemas empreendedores e desenvolvimento de organizações. É CEO do Elas Projetam e gestora do BRICS Women’s Startups Contest 2025 e do Empreendedoras Tech, iniciativa do Sebrae Nacional. Mestranda em Inovação pelo ITA, atua na interseção entre inovação, estratégia e impacto social, defendendo que a integração entre tecnologia, diversidade e governança é essencial para o futuro das instituições.

Ela ressaltou que é preciso olhar com mais sensibilidade para o trabalho invisível do cuidado. Muitos colaboradores, segundo ela, são impactados mentalmente e fisicamente. “A inovação depende necessariamente disso, desse olhar, porque as relações dependem do cuidado”, afirmou.

Em seguida, Beatriz Guimarães, Presidente da Câmara de Mulheres Empreendedoras, Empresárias e Gestoras de Negócios da FECOMÉRCIO DF, destacou a importância de marcos institucionais para ampliar a participação das mulheres na economia. Ela foi responsável pela articulação e conceituação da Lei de Empreendedorismo Feminino do DF (2020), a primeira lei do país dedicada ao tema.

Beatriz ressaltou a relevância de ambientes colaborativos, políticas públicas sólidas e governança alinhada à equidade para fortalecer negócios liderados por mulheres. “Dados bem comunicados trazem luz a esse tema e ajuda no fortalecimento de políticas públicas na área do cuidado”, pontuou a palestrante.

Ao encerrar o painel, a mediadora Isabela Muller destacou que “o cuidado e a produtividade não são dimensões opostas, mas forças complementares que, quando integradas, criam organizações mais fortes, humanas e preparadas para o futuro”.

Assim, o primeiro painel do dia não apenas abriu a programação do XIX FIA, mas também lançou um convite à reconstrução: reconhecer o cuidado como riqueza, fortalecer políticas de equidade e ampliar a presença feminina na economia do amanhã.

Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA